domingo, outubro 15, 2006

Postado por Luiz Weis em 15/10/2006 às 2:24:38 PM

O vídeo, divulgado. O áudio, ocultado

Raimundo Rodrigues Pereira, um dos melhores jornalistas brasileiros de sua geração, publicou na edição desta semana da Carta Capital a reportagem "Os fatos ocultos".

Ela foi para a capa com o título "A trama que levou ao segundo turno" e um longo resumo explicativo:

"A partir da trapalhada do PT,a mídia, em especial a Rede Globo, beneficiou o candidato turcano de forma decisiva, às vésperas das eleições presidenciais, com a divulgação das fotos do dinheiro e a ocultação de informações cruciais na cobertura do escândalo do dossiê".

A matéria, apurada com a colaboração de outros dois jornalistas, soa crível - já não bastasse o currículo de credibilidade do autor.

Ele reconstituiu em detalhe a história divulgada pela primeira vez no site pessoal do repórter Luiz Carlos Azenha, a quem cita no texto.

A história é a do silêncio da mídia sobre a inside story da divulgação do dinheiro apreendido pela Polícia Federal, que serviria para comprar da mafiosa família Vedoin um suposto dossiê contra o ex-ministro da Saúde, José Serra, para desestabilizar a sua candidatura, afinal vitoriosa, ao governo de São Paulo.

A reportagem, a ser verdadeira, como tudo indica, é um libelo contra a grande mídia brasileira - no caso, Folha, Estado e Globo.

Os jornais e a emissora mostraram o dinheiro. Omitiram o que disse aos seus repórteres a fonte que lhes entregou um DVD com as fotos de pilhas de reais e dólares - e cujas palavras foram gravadas. O áudio existe e foi ouvido por muita gente, jornalistas e não-jornalistas.

A fonte saiu do armário no dia seguinte. É o delegado PF Edmilson Pereira Bruno.

O eventual visitante deste blog talvez se lembre do que leu aqui sobre o assunto.

Em 2 de outubro, no comentário "Foram os ´erros` e não o seu ´uso´":

Se a mídia agiu certo ao cumprir o compromisso assumido com ele [Bruno] de não identificá-lo, errou feio ao não publicar, junto as fotos, o que ele disse ao entregá-las.

E no dia 3, no comentário "Cadê os bastidores das fotos do dinheiro?":

(...) hoje como hoje parece que a mídia vai deixar baratinho, baratinho a verdade sobre o vazamento das fotos da dinheirama (...) A responsabilidade da imprensa nesse caso vai além da obrigação de tentar apurar os comos e os porquês de um ato que seguramente afetou os resultados do primeiro turno da eleição presidencial.

Vai além porque a mídia fez um pacto com o fornecedor das imagens (...) Até aí, tudo bem. Mas nenhum jornal, revista ou emissora contou o que ele disse aos repórteres na hora de entregar o material.

Do ângulo da responsabilidade da imprensa numa campanha eleitoral, é o que a reportagem de Raimundo tem de mais forte.

Ele conta quando, onde e como o delegado Bruno convidou quatro repórteres a receber dele as imagens comprometedoras para o PT. Incluíndo a já conhecida versão mentirosa que ele sugeriu fosse espalhada - o DVD teria sido roubado - para livrar a sua cara. Incluíndo a frase fatal também já divulgada:

"Tem de sair hoje à noite na TV. Tem de sair no Jornal Nacional."

Raimundo registra e rebate o argumento de alguns dos repórteres presenteados com o vídeo para justificar o silêncio sobre o áudio. O argumento: jornalista deve preservar o sigilo da fonte. O contra-argumento, aqui já exposto: o sigilo não se estende a declarações da fonte.´

Seria eticamente correto escrever, por exemplo: "Ao entregar o DVD, a pessoa que pediu para não ser identificada disse que..."

Não só seria eticamente correto, mas jornalisticamente indispensável, porque poria em evidência as motivações do policial e serviria de pista para tentar descobrir se ele agiu de comum acordo com interessados nos prováveis efeitos eleitorais da exibição pública das fotos.

Outros, pelo mesmo motivo, queriam manter as imagens longe do eleitor.

A reportagem de Raimundo identifica passagens mendazes nas matérias da Folha e do Estado a respeito. Ou seja, além da ocultação dos cruciais bastidores da notícia, dizeres desonestos.

Além disso, ele destaca a "omissão incrível" da edição do Jornal Nacional que se ocupou largamente das fotos: nenhuma referência ao choque do Boeing da Gol com o jato executivo Legacy, de que se soube a tempo de entrar no JN daquela noite.

Teria tido a emissora a intenção de impedir que qualquer outro fato espetacular concorresse com a matéria do dinheiro do dossiê?

Raimundo não deixa dúvida quanto ao que ele, com base em fontes não identificadas da Globo, acredita ser a resposta.

A Carta Capital enviou ao diretor-executivo de jornalismo da emissora, Ali Kamel, um questionário com 10 perguntas sobre o assunto. Ele respondeu com um texto único em que fala da alegria dos jornalistas da Globo com o "alto grau de isenção" da sua cobertura eleitoral, terminando com os parabéns do presidente Lula pelo seu "trabalho isento".

Já a editora-executiva da Folha, Eleonora de Lucena, escreve Raimundo, "não quis responder por que omitiu as informações dessa fita [o áudio com Bruno], a nosso ver tão relevantes". Aparentemente, o repórter se dispensou de procurar a chefia da redação do Estado.

Enquanto esses órgãos de mídia não provarem o contrário, a sua posição é insustentável.

A propósito, volto à minha previsão de 12 dias atrás de que "a mídia vai deixar baratinho, baratinho a verdade sobre o vazamento das fotos da dinheirama".

Porque se produziu no noticiário deste fim de semana um típico episódio de dois pesos e duas medidas.

Ontem e hoje, pelo menos um um importante blog e um grande jornal repercutiram, como se diz, matéria da nova edição da Veja, segundo a qual "nas últimas semanas, uma operação abafa foi deflagrada para tentar apagar as chamas mais destruidoras levantadas pelo escândalo da compra do dossiê. Nessa operação aparece o que pode ser a impressão digital de um personagem muito próximo do presidente Lula. Esse personagem é Freud Godoy, ex-segurança pessoal de Lula e que até sua demissão, há quase um mês, ocupava o cargo de assessor especial do presidente."

A matéria afirma ainda que "a operação faxina do dossiêgate contou com a colaboração jurídica do ministro Márcio Thomaz Bastos (sempre ele), da mãozinha financeira do tesoureiro do PT, Paulo Ferreira, e da força bruta de um cidadão até agora distante do caso: José Carlos Espinoza – como Freud, um grandalhão que trabalhou como segurança de Lula e ganhou um emprego no governo."

Tudo muito bom, tudo muito bem em ecoar a reportagem e apresentar o "outro lado", que a desmente. Mas por que - ouso perguntar com santa ingenuidade - nem uma única, mísera linha sobre a reportagem de Raimundo Pereira?

http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/blogs.asp?id_blog=3&id={907728F1-DE0F-4067-8400-5BA8007078DA}

Links Relacionados:

O 1º GOLPE DE ESTADO JÁ HOUVE. E O 2º?

Escândalo: Revista revela conluio da imprensa para prejudicar Lula e o PT

Dossiê - Abel e os tucanos

O Globo - 15/10/2005

(Grifo meu: Não deixem de ler essa matéria. Tudo isso pode complicar, e muito, a vida do Alckmin. Ele vai ter que dar muitas explicações. Será que o R$ 1,7 milhão citado abaixo é o mesmo que...)


ELIO GASPARI

A privataria pegou pesado em São Paulo

A ekipekonomica de Alckmin queria vender o carro (ao seu jeito) para comprar gasolina. LLula exagera mas não mente quando vincula Geral Alckmin à privataria que torrou R$ 200 bilhões do tesouro da Viúva entre 1995 e 2002. Dois lances recentes, ocorridos em São Paulo com o patrimônio da índia Bartira, indicam que os privatas aninharam-se na ekipekonomica que o candidato do PSDB deixou na administração do Estado. Uma, a privatização 20% do banco Nossa Caixa foi cancelada há duas semanas, na boca da pequena área, pelo governardor Cláudio Lembo.

Destinava-se a recolher R$ 1 bilhão no mercado para calafetar contas públicas. A outra aconteceu há quatro meses, com a venda de um pedaço da Cesp. Anomalias típicas da má gestão: queimar propriedades para cobrir buracos. Nas palavras de Noel Rosa: “Vender o carro para comprar gasolina”.

Nos dois episódios ocorreram fenômenos paranormais durante o processo de privatização.

Em geral, quando uma empresa lança ações no mercado, elas sobem. Foi o que aconteceu com a TAM. Com a Cesp e a Nossa Caixa, caíram. No dia em que se anunciou a venda do lote da Cesp elas estavam R$ 24,11. Quando os papéis chegaram ao mercado, valiam R$ 16,20. Um tombo de 32%. Com a Nossa Caixa, valiam R$ 47,36 no anúncio e, no dia em que Lembro salvou o gol, estavam a R$ 43,10, uma desvalorização de 14%.

Ações sobem, ações caem e a vida segue. Se a Cesp e Nossa Caixa não encontravam quem pagasse mais pelos seus papéis, problema delas. O patrimônio de Bartira perdeu peso num período em que as casas Bradesco, Itaú e Unibanco valorizaram-se 3%. Novamente, é o jogo pesado.

Nas duas iniciativas do governo de São Paulo, deu-se um fenômeno adicional. Depois do anúncio da operação, houve uma enorme demanda de aluguel de ações da Cesp e da Nossa Caixa. É o tal do mercado a descoberto, no qual um operador aposta na queda do valor de uma ação.

Coisa assim: aluga-se um papel cotado a R$ 100 por 90 dias, pagando uma taxa de 5% ao ano. Vende-se a ação a R$ 100, coloca-se o dinheiro em outro negócio (juros de 14% ao ano no Copom, por exemplo) e espera-se. Se no fim do contrato a ação estiver a R$ 90, ganha-se 10% sobre o investimento.

Dinheirinho fácil.

Feito o anúncio das duas privatizações, ocorreu um surto de febre locatária de ações da Cesp e da Nossa Caixa.

Quando não se falava no negócio, o mercado tinha 718 mil ações da Cesp alugadas. Quando a transação foi concluída, as ações alugadas eram 3,7 milhões, um aumento de mais de 400%. A mesma coisa aconteceu com a Nossa Caixa. No dia do anúncio, as ações alugadas eram 400 mil. Quando Lembo suspendeu a operação, havia na praça 1,7 milhão de papéis alugados.

O mercado financeiro é muito mais complexo e menos demoníaco do que parece ao ser observado pelo retrovisor. Mesmo assim, se alguém teve a inspiração divina de alugar ações confiando e colaborando na queda do valor dos papéis da Cesp e da Nossa Caixa, fez um bom negócio. Admitindo-se que uma pessoa tenha apostado R$ 10 milhões em cada privataria e tenha lucrado apenas a metade do que lhe foi proporcionado pela queda das ações, faturou R$ 1,6 milhão com a Cesp.

No caso da Nossa Caixa, se as ações fossem ao mercado na cotação do dia em que Lembo acabou com o jogo, a desvalorização teria rendido uns R$ 500 mil. O feliz locatário teria ganho R$ 2,1 milhão sem uma gota de suor ou um ceitil de seu patrimônio. Só com uma idéia, e uma fé.

Nos dois casos, quando a transação chegou ao fim, a febre locatária baixou e o número de ações das duas empresas no mercado a descoberto voltou ao normal. Os locatários das ações da Nossa Caixa micaram, pois nos dias seguintes ao cancelamento da operação o papel subiu 17%.

Passada a febre locatária, as ações subiram de volta ao patamar em que estavam.

Na privataria paulista ocorreu uma mistura de oportunismo (vender o patrimônio para calafetar contas públicas), astúcia (torrar um pedaço de um banco no lusco-fusco do fim de governo) e onipotência (achar que ninguém estava prestando atenção). Pelo menos na Nossa Caixa, Bartira deve gratidão a Lembo.

http://www.experimenteoglobo.com.br/flip/index.php?menuColunas=1&ran=g0zYyPB1ko4Nvj9tGFD6lhKXMWGkvPzbTilY1BS0AVYuFDij7v

Brasília, domingo, 15 de outubro de 2006

Gasto com consultoria subiu 623% no governo Alckmin

Da Agência Estado

16h39-Os números do balanço orçamentário de São Paulo mostram que os gastos de custeio cresceram 118,3% - 44,2% acima da inflação - entre 2000 e 2005, depois que o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) assumiu a administração estadual. O item da despesa que mais aumentou nesses cinco anos foi os serviços de consultoria, que pulou de R$ 24,4 milhões em 2000 para R$ 176,3 milhões em 2005, expansão de 623,4%.

Esse aumento não ocorreu subitamente, mas a cada ano. Em 2001, quando o ex-governador Mário Covas morreu e Alckmin assumiu o cargo, o custo das consultorias apresentou um primeiro aumento, para R$ 28,8 milhões. Em 2002, último ano do mandato anterior, saltou para R$ 52,8 milhões. Nos três anos seguintes, esse gasto subiu mais 233,7%, atingindo R$ 86,5 milhões em 2002, R$ 101,3 milhões em 2004 e R$ 176,3 milhões do ano passado.

A Secretaria de Planejamento do Estado atribui essa expansão a diversos fatores que teriam obrigado a administração a utilizar os serviços de auditorias e consultoria, como os contratos de obras financiadas pelo Banco Mundial e BID, os contratos de concessão das rodovias e o processo de avaliação anterior à venda das ações da Nossa Caixa e de abertura de capital da companhia estadual de energia, a CESP.

“As consultorias são normalmente utilizadas em função de contratações financeiras, como no processo de privatização, mas em alguns casos também para pesquisas específicas que a gente precisa fazer”, diz o secretário de Planejamento, Fernando Braga. “Não existe nenhuma assessoria fixa trabalhando dentro do governo.”

Dos órgãos da administração estadual, a Secretaria dos Transportes é atualmente o que mais gasta com consultorias. Foram R$ 59,3 milhões no ano passado. Em segundo lugar, aparece a Secretaria da Fazenda, responsável pelas privatizações, com R$ 35,1 milhões, seguida pela pasta de Ciência e Tecnologia, com R$ 26,8 milhões, e pela Secretaria de Governo e Gestão Estratégica, com outros R$ 13,5 milhões. Até a Secretaria de Cultura aparece com elevados gastos de consultoria, o equivalente a R$ 9,1 milhões em 2005.

http://noticias.correioweb.com.br/materias.php?id=2686241&sub=Política

06/10/2006

Governo quer cortar despesas

O programa do candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, também está centrado na remoção dos desequilíbrios fiscais e na força da idéia do déficit nominal zero. O diagnóstico dos tucanos não é muito diferente do que o PT faz: é preciso colocar um freio urgente nas despesas correntes do setor público, pois um país com uma carga tributária próxima a 40% do PIB - necessária para financiar os gastos -, uma dívida interna líquida de cerca de 50% do PIB e juros reais elevadíssimos está condenado a crescer de forma modesta.

Para enfrentar um corte substancial das despesas, algo como 3% do PIB, segundo as contas de economistas ligados a Alckmin, há um nome: Yoshiaki Nakano, professor da FGV, ex- secretário de Fazenda de SP e secretário de Política Econômica durante a gestão de Bresser Pereira no Ministério da Fazenda, no final dos anos 80. Durante a gestão de Mário Covas no governo de São Paulo, lembra um tucano, Nakano demitiu devagar e sem qualquer alarde cerca de 120 mil funcionários públicos. Seria um nome ideal para comandar o Ministério do Planejamento e de lá fazer uma reforma do Estado, reduzindo programas e extinguindo ministérios, caso Alckmin vença no segundo turno.

Ambos os programas, portanto, coincidem no diagnóstico de que há um problema fiscal que precisa ser superado e quanto maior for o esforço do corte de gastos públicos, mais acelerado poderá ser o ritmo da redução da taxa de juros Selic, esta sim a grande anomalia da economia brasileira; e quanto menor a diferença entre os juros internos e os externos, menor será a tendência de valorização da taxa de câmbio.

Diferenças começam a surgir a partir daí, seja entre os dois possíveis governos, seja intra forças que os apóiam. O PT, por exemplo, não pretende colocar a reforma da previdência social no topo da sua lista de prioridades. Os economistas do PSDB, ao contrário, avaliam que essa é a principal raiz dos problemas fiscais. Assessores do governo Lula acham que se reeleito, o presidente deveria passar os três primeiros anos do seu segundo mandato sem conceder qualquer aumento real ao salário mínimo, para colocar um freio nas despesas da seguridade social. Proposta que arrepia os petistas.

Os grandes dilemas macroeconômicos se encerrariam com uma nova equação fiscal de longo prazo, e as atenções do governo, seja Lula ou Alckmin, passariam a ser em questões mais microeconômicas. Estas envolveriam a reforma tributária, uma agenda de inovação, melhoria substancial da educação, aumento dos investimentos públicos e privados, entre tantos outros temas que se descortinam e que precisam ser enfrentados para aumentar a produtividade da economia. Com inflação baixa e solidez externa, o momento é bastante oportuno para desobstruir os caminhos do crescimento.

Claudia Safatle é diretora adjunta de redação e escreve às sextas-feiras

http://www.valoronline.com.br/valoreconomico/285/primeirocaderno/brasil/Dois+candidatos+e+um+programa,safatle,,63,3936604.html

15/10/2006

PRIVATIZAÇÃO DA CTEEP

Ministério Público investiga venda de transmissora de energia feita por Alckmin. Mas a imprensa não se interessa pelo caso.

As privatizações ganham força no noticiário de hoje sobre a disputa eleitoral. Alckmin, de um lado, esforçando-se para desmentir o que já disse um de seus principais assessores econômicos, Luiz Roberto Mendonça de Barros, aquele que era presidente do BNDES na privatização do setor de telecomunicações, que hoje, graças ao neologismo criado pelo jornalista Elio Gaspari, virou sinônimo de privataria. Lula, por sua vez, reforça a imagem de que o PSDB “é uma fábrica de privatizar”. Nos mandatos de Mário Covas e Geraldo Alckmin, São Paulo vendeu seis empresas do setor elétrico, uma de gás, dezoito unidades da Ceagesp, além do transporte ferroviário e de outras empresas e concessões públicas, totalizando R$ 71 bilhões.

A última privatização do governo Alckmin, da CTEEP, concretizada em julho passado, a transmissora de energia que Lula mencionou no debate da Bandeirantes, está sob investigação do Ministério Público. Apenas a Folha de S.Paulo questinou a venda. Primeiro, a partir de Luís Nassif, então um dos principais colunistas do jornal; em seguida, por uma reportagem informando sobre investigações do Ministério Público sobre o negócio.

Em resumo, a reportagem de Nassif, com o tírulo ” O mau negócio da Cteep”, apresentava os seguintes números: a CTEEP, que deu lucro de R$ 168 milhões no ano passado, foi privatizada por R$ 1,19 bilhão, com a justificativa de que o dinheiro serviria para abater a dívida da CESP. Se o abatimento da dívida se concretizar, a CESP, que deve R$ 13 bilhões, pagará R$ 161 milhões a menos nos juros. Traduzindo, argumento do governo para se desfazer da empresa desmorona com a constatação de que o resultado será um prejuízo anual de R$ 7 milhões.

Nassif não está mais na Folha, e talvez isso explique porque o assunto foi praticamente esquecido pelo jornal, com exceção da notícia de que o negócio estava sob investigação do Ministério Público.


As informações trazidas pelo ex-colunista e pela reportagem sobre as investigações seriam suficientes para render novas matérias, mas não foi isso que aconteceu. O assunto desapareceu, enquanto, nos demais, manteve-se o silêncio anterior.

A venda da CTEEP foi parar no Ministério Público, informou a Folha na única reportagem após o leilão. Por meio de uma correspondência anônima, acompanhada de comprovantes de embarque e recibos do hotel Sheraton de Bogotá, entre outros documentos, o promotor Saad Maslun ficou sabendo que o presidente da CTEEP, José Sidneu Colombo Martini, reuniu-se com diretores da Interconexión Eléctrica S.A., a estatal colombiana que venceria o leilão meses depois.

Martini viajou em companhia de Alexandre Rhinow, executivo da Rio Bravo, uma das consultorias escolhidas pelo governo Alckmin para “avaliação e modelagem da venda”. Coincidentemente, a Rio Bravo tem Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central de FHC, como sócio-fundador.

Em seu relatório, Martini escreveu que foi para Bogotá “fazer apresentações técnico-institucionais”. A justificativa é incongruente: para ter acesso às informações de empresas em processo de privatização, os interessados têm de pagar para ter acesso às informações, no chamado data room. A não ser que o apego do PSDB à venda de estatais tenha inspirado a privatização a domicílio para convencer os colombianos. Não seria necessário tanto esforço: com o lucro da empresa, em preço pago pela CTEEP será zerado em apenas três anos.

Com a exceção honrosa de Luís Nassif, no resto da imprensa impera o silêncio.

http://blog.contrapauta.com.br/2006/10/11/privatizacao-da-transmissora-de-energia-paulistaministerio-publico-tem-documentos-que-questionam-legalidade-da-venda-mas-a-imprensa-nao-se-interessa-pelo-caso/

Paes e outros tucanos declaram apoio a Cabral no Rio

Da Agência Estado

15/10/2006 - 19h02

Alguns membros do PSDB, liderados pelo candidato derrotado ao governo estadual, Eduardo Paes (PSDB), formalizaram neste domingo o apoio à candidatura ao governo do Rio de Janeiro do senador Sergio Cabral Filho (PMDB), aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), contrariando a decisão de neutralidade do diretório regional.

Em discurso durante a solenidade de apoio a Cabral, num hotel no Leblon, na zona Sul do Rio, Paes disse respeitar a decisão de seu partido, mas acrescentou: “A decisão de neutralidade mostra que a maioria do PSDB já tomou a decisão de votar no Sergio Cabral governador.”

O deputado estadual eleito Zito, o mais votado no Estado, e sua filha, a deputada federal eleita Andréia Zito, eram esperados, mas desistiram no último momento, atendendo a um apelo do presidente de honra do PSDB regional, Marcello Alencar, e do presidente do partido no Rio, o deputado Luiz Paulo Corrêa da Rocha. "Eles acharam que seria prematuro e eu acatei”, disse Zito.

Os caciques do partido se reúnem nesse domingo para avaliar que medidas serão tomadas diante da crise aberta pela atitude de Paes. Os outros tucanos que também aderiram à campanha de Cabral foram o deputado federal eleito Sílvio Lopes, o deputado federal Marcio Fortes, o ex-prefeito de Vitória Luiz Paulo Velloso Lucas e os vereadores Patrícia Amorim, Luiz Carlos Ramos e Guaraná.

Como o mandato de deputado federal de Paes termina no fim do ano uma das possibilidades é a de que ele vá para o PMDB e seja candidato à prefeitura do Rio com o apoio de Cabral, especulam as lideranças do PSDB. Em seu ex-blog, o prefeito Cesar Maia também acredita que a prefeitura seja o objetivo do candidato tucano derrotado. "Um levantamento das eleições em vários Estados, neste segundo turno, mostra que a disputa para prefeitos das capitais já começou. O posicionamento das lideranças políticas locais está ocorrendo em função disso. No Rio, a movimentação do PSDB, aponta na mesma direção”, escreveu ele.

http://noticias.correioweb.com.br/materias.php?id=2686276&sub=Política

15/10/2006 11:46h

O 1º GOLPE DE ESTADO JÁ HOUVE. E O 2º?

Paulo Henrique Amorim

Um golpe de Estado levou a eleição para o segundo turno.

É o que demonstra de forma irrefutável a reportagem de capa da revista Carta Capital que está nas bancas (“A trama que levou ao segundo turno”), de Raimundo Rodrigues Pereira. E merecia um sub-titulo: “A radiografia da imprensa brasileira”.

Fica ali demonstrado:

1)As equipes de campanha de Alckmin e de Serra chegaram ao prédio da Polícia Federal, em São Paulo, antes dos presos Valdebran Padilha e Gedimar Passos;

2)O delegado Edmilson Bruno tirou fotos do dinheiro de forma ilegal e a distribuiu a jornalistas da Folha de S. Paulo, Estado de S. Paulo, do jornal O Globo e da rádio Jovem Pan;

3)O delegado Bruno contou com a cumplicidade dos jornalistas para fazer de conta que as fotos tinham sido roubadas dele;

4)O delegado Bruno procurou um repórter do Jornal Nacional para entregar as fotos: “Tem de sair à noite na tevê., Tem de sair no Jornal Nacional”;

5)Toda a conversa do delegado com os jornalistas foi gravada;

6)No dia 29, dois dias antes da eleição, dia em que caiu o avião da Gol e morreram 154 pessoas, o Jornal Nacional omitiu a informação e se dedicou à cobertura da foto do dinheiro;

7)Ali Kamel, “uma espécie de guardião da doutrina da fé” da Globo, segundo a reportagem, recebeu a fita de audio e disse: “Não nos interessa ter essa fita. Para todos os efeitos não a temos”, diz Kamel, segundo a reportagem

8)A Globo omitiu a informação sobre a origem da questão: 70% das 891 ambulancias comercializadas pelos Vedoin foram compradas por José Serra e seu homem de confiança, e sucessor no Ministério da Saúde, Barjas Negri.

9)A Globo jamais exibiu a foto ou o vídeo em que aparece Jose Serra, em Cuiabá, numa cerimônia de entrega das ambulâncias com a fina flor dos sanguessugas;

10)A imprensa omitiu a informação de que o procurador da República Mario Lucio Avelar é o mesmo do “caso Lunus”, que detonou a candidatura Roseana Sarney em 2002, para beneficiar José Serra. ( A Justiça, depois, absolveu Roseana de qualquer crime eleitoral. Mas a campanha já tinha morrido.)

11)Que o procurador é o mesmo que mandou prender um diretor do Ibama que depois foi solto e ele, o procurador, admitiu que não deveria ter mandado prender;

12)Que o procurador Avelar mandou prender os suspeitos do caso do dossiê em plena vigência da lei eleitoral, que só deixa prender em flagrante de delito.

13)Que o Procurador Avelar declarou: “Veja bem, estamos falando de um partido político (o PT) que tem o comando do país. Não tem mais nada. Só o País. Pode sair de onde o dinheiro ?”

14)A reportagem de Raimundo Rodrigues Pereira conclui: “Os petistas já foram presos, agora trata-se de achar os crimes que possam ter cometido.”

Na mesma edição da revista Carta Capital, ao analisar uma pesquisa da Vox Populi, que Lula tem 55%, contra 45% de Alckmin, Mauricio Dias diz: “ ... dois fatos tiraram Lula do curso da vitória (no primeiro turno). O escândalo provocado por petistas envolvidos na compra do dossiê da familia Vedoin ... e secundariamente o debate promovido pela TV Globo ao qual o presidente não compareceu.”

Quer dizer: o golpe funcionou.

Mino Carta, o diretor de redação da Carta Capital, diz em seu blog, aqui no IG (http://blogdomino.blig.ig.com.br/), que houve uma reedição do golpe de 89, dado com a mão de gato da Globo, para beneficiar Collor contra Lula. “A trama atual tem sabor igual, é mais sutíl, porém. Mais velhaca,” diz Mino.

Permito-me acrescentar outro exemplo.

Em 1982, no Rio, quase tomaram a eleição para Governador de Leonel Brizola. Os militares, o SNI, e a Policia Federal (como o delegado Bruno, agora, em 2006) escolheram uma empresa de computador para tirar votos de Brizola e dar ao candidato dos militares, Wellington Moreira Franco. O golpe era quase perfeito, porque contava também com a cumplicidade de parte de Justiça Eleitoral e, com quem mais? Quem mais?

O golpe contava com as Organizações Globo (tevê, rádio e jornal, como agora) que coonestaram o resultado fraudulento e preparam a opinião pública para a fraude gigantesca.

Que só não aconteceu, porque Brizola “ganhou a eleição duas vezes: na lei e na marra”, como, modestamente, escrevi no livro “Plim-Plim – a peleja de Brizola contra a fraude eleitoral”, editora Conrad, em companhia da jornalista Maria Helena Passos.

Está tudo pronto para o segundo golpe.

O Procurador Avelar está lá.

Quantos outros delegados Bruno há na Policia Federal (de São Paulo, de São Paulo !).

A urna eletrônica no Brasil é um convite à fraude. Depende da vontade do programador. Não tem a contra-prova física do voto do eleitor. Brizola aprendeu a amarga lição de 82 e passou resto da vida a se perguntar: “Cadê o papelzinho ?”, que permite a recontagem do voto ?

E se for tudo parar na Justiça Eleitoral? O presidente do TSE, ministro Marco Aurélio Mello já deixou luminosamente claro, nas centenas de entrevistas semanais que concede a quem bater à sua porta, que é favor da candidatura Alckmin.
(Grifo meu: clique no link ao lado para ler as matérias da IDGNow e do Paulo Henrique Amorim, sobre as nossas urnas que são passíveis de fraude, sem deixar vestígios, segundo pesquisadores da Universidade de Princeton - USA: http://oposicaonoparedao.blogspot.com/2006/10/pesquisadores-encontram-graves-falhas.html)

E o segundo golpe? Está a caminho. As peruas da GW já saíram da garagem.

http://conversa-afiada.ig.com.br/materias/394501-395000/394778/394778_1.html

13/10/2006 - 17:17

Escândalo: Revista revela conluio da imprensa para prejudicar Lula e o PT

Reportagem de capa da revista Carta Capital desta semana revela o submundo da trama armada por um delegado da Polícia Federal, em conluio com alguns dos principais veículos de comunicação do país - entre eles a TV Globo e os jornais Folha de S.Paulo, O Estado de São Paulo e O Globo - para prejudicar o PT e a candidatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva às vésperas do primeiro turno.

A revista conta em detalhes como os meios de comunicação omitiram as informações de como o delegado Edmilson Pereira Bruno obteve e repassou, aos próprios jornalistas, as fotos do dinheiro apreendido com duas pessoas ligadas ao PT num hotel de São Paulo.
Bruno chegou a confessar sua ação criminosa aos repórteres, afirmando que irá forjar um roubo para justificar o fato de a imprensa estar de posse das imagens.

Embora a confissão tenha sido gravada em áudio, sem que ele soubesse, nenhum veículo a publicou. Alguns - como a Folha e o Estadão - ainda produziram textos procurando inocentá-lo pelo vazamento das fotografias.

Leia, abaixo, os trechos iniciais da matéria. A reportagem completa está na revista que começou a chegar nesta sexta-feira (13) às bancas;

OS FATOS OCULTOS

A mídia, em especial a Globo, omitiu informações cruciais na divulgação do dossiê e contribuiu para levar a disputa ao 2º turno

Por Raimundo Rodrigues Pereira

Pode-se começar a contar a história do famoso dossiê que os petistas teriam tentado comprar para incriminar os candidatos do PSDB José Serra e Geraldo Alckmin pela sexta-feira 15 de setembro, diante do prédio da Polícia Federal, em São Paulo. É uma construção pesada, com cerca de dez pavimentos, de cor cinza-escuro e como que decorada com uma espécie de coluna falsa, um revestimento de ladrilho azul brilhante, que vai do pé ao alto do edifício, à direita da grande porta de entrada. Dentro do prédio estão presos Valdebran Padilha e Gedimar Passos, ligados ao Partido dos Trabalhadores e com os quais foi encontrado cerca de 1,7 milhão de reais, em notas de real e dólar, para comprar o tal dossiê. Mas essa notícia é ainda praticamente desconhecida do grande público.

É por volta das 5 da tarde. A essa altura, mais ou menos à frente do prédio, que fica na rua Hugo Dantola, perto da Ponte do Piqueri, na Marginal do rio Tietê, na altura da Lapa de Baixo,
estaciona uma perua da Rede Globo. Ela pára entre duas outras equipes de tevê: uma da propaganda eleitoral de Geraldo Alckmin e outra da de José Serra.

Com o tempo vão chegando jornalistas de outras empresas: da CBN, da Folha, da TV Bandeirantes.
E a presença das equipes de Serra e Alckmin provoca comentários. Que a Rede Globo fosse a primeira a chegar, tudo bem: ela tem uma enorme estrutura com esse objetivo. Mas como o pessoal do marketing político chegou antes? Cada uma das duas equipes tem meia dúzia de pessoas. A de Serra é chefiada por um homem e a de Alckmin, por uma mulher. As duas pertencem à GW, produtora de marketing político. Seus donos foram jornalistas: o G é de Luiz Gonzales, ex-TV Globo, e o W vem de Woile Guimarães, secretário de redação da famosa revista Realidade, do fim dos anos 1960. Entre os jornalistas, logo se sabe que foi Gonzales quem ligou para a Globo, avisando do que se passava na PF.

E quem avisou Gonzales? Foi alguém da Polícia Federal? Foi alguém do Ministério Público, de Cuiabá, de onde veio o pedido para a ação da PF? Uma fonte no Ministério da Justiça disse a Carta Capital que as equipes da GW chegaram à PF antes dos presos, que foram detidos no Hotel Ibis Congonhas por volta da 6 da manhã do dia 15 e demoraram a chegar à sede da polícia. Gente da equipe da GW diz que a empresa soube da história através de Cláudio Humberto, o ex-secretário de imprensa do ex-presidente Collor, que tem uma coluna de fofocas e escândalos na internet e que teria sido o primeiro a anunciar a prisão dos petistas.

Pode ser que sim, o que apenas leva à pergunta mais para a frente: quem avisou Cláudio Humberto? Mesmo sem ter a resposta, continuemos a pesquisar nessa mesma direção: a de procurar saber a quem interessava a divulgação da história do dossiê e como essa divulgação foi feita. Para isso, voltemos à região do prédio da PF duas semanas depois.

É 29 de setembro, vésperas da eleição presidencial, por volta das 10h30 da manhã. Sai do prédio da PF na Lapa de Baixo o delegado Edmilson Pereira Bruno, 43 anos, que estava de plantão no dia 15 e foi o autor da prisão de Valdebran e Gedimar. Ele convida quatro jornalistas para uma conversa: Lílian Cristofoletti, da Folha de S.Paulo, Paulo Baraldi, de O Estado de S.Paulo, Tatiana Farah, do jornal O Globo, e André Guilherme, da rádio Jovem Pan. Bruno quer uma conversa reservada e propõe que ela seja feita a cerca de um quarteirão dali, na Bovinu's, uma churrascaria. Um dos jornalistas argumenta que ali "só tem policial". O grupo acaba conversando perto da Faculdade Rio Branco, que não se avista da frente da PF, mas é também ali por perto. Ficam na rua mesmo. O delegado não sabe, mas sua conversa está sendo gravada.

Bruno diz que quer passar para os jornalistas cópia das fotos do dinheiro apreendido com os petistas, que estavam sendo procuradas há muito, por muita gente. Leva um CD com as imagens; 23 fotos; e três CDs em branco para que eles copiem as imagens de modo a que cada um tenha uma cópia. Fala que eles devem dizer "alguém roubou e deu para vocês", para explicar o aparecimento das fotos. Diz que ele próprio vai dizer coisa parecida a seus chefes na PF, que os jornalista é que roubaram: "Doutor, me furtaram. Sabe como é que é, não dá para confiar em repórter". Recomenda que as fotos sejam editadas em computador com o programa Photoshop para tirar detalhes, como o nome da empresa na qual as cédulas foram fotografadas,a fim de despistar a origem do material.

Algumas pessoas têm a fita de áudio com a conversa do delegado Bruno com os quatro repórteres. Mais pessoas ainda a ouviram. Uma delas é o repórter Luiz Carlos Azenha, que tornou público vários de seus trechos no seu site pessoal na internet "Vi o mundo, o que nunca você pode ver na tevê" (
http://viomundo.globo.com/). Azenha, que é repórter da TV Globo, não quis dar entrevista a Carta Capital. Pediu para que se procurasse a emissora. Para o que mais interessa ao desenrolar da nossa história, dos trechos da fita, deve-se destacar a preocupação de Bruno em fazer com que as fotos chegassem no dia ao Jornal Nacional. "Tem alguém da Globo aí?", pergunta ele. Um dos quatroresponde: "Não é o Tralli? O Tralli está muito visado", Bruno diz, referindo-se a César Tralli e ao incidente, conhecido de muitos, de esse repórter da TV Globo ter podido acompanhar, praticamente disfarçado de Polícia Federal, a prisão de Flávio Maluf, filho de Paulo Maluf.

Mas a preocupação principal de Bruno é a que ele reitera nesse trecho:
"Tem de sair hoje à noite na TV. Tem de sair no Jornal Nacional".

As fotos são divulgadas, como veremos no capítulo seguinte, com imenso destaque, no dia 29, vésperas das eleições, repita-se, no JN. Mas não apenas no JN. Veja-se a Folha de S.Paulo, por exemplo, Lá também a divulgação foi, pelo menos na opinião de alguns, espetacular: "Que primeira página mais linda, a de 30/9. É por isso que eu não consigo me separar da Folha", escreveu o leitor Euclides Araújo, no dia seguinte. "A glosa, a irreverência, a fina ironia falaram mais alto, mostrando aquela montanha de dinheiro em cima e, embaixo, Lula, sendo abraçado por uma mão morena e cobrindo o rosto, como se fosse um meliante, conduzido ao distrito, tentando esconder a identidade. O que eles querem, o Pravda ou o Granma? Valeu, Folha!"

A Folha publicou, com grande destaque na primeira página, a foto na qual o dinheiro está empilhado de forma que as notas apareçam com a frente voltada para cima, que é a que mais dá a impressão da "montanha de dinheiro" citada pelo admirador do jornal.
E não divulgou que as fotos lhe tinham sido passadas por um policial visivelmente emprenhado em fazer com que elas tivessem um uso político claro, de interferir no pleito de 1º de outubro.

A Folha também tinha a fita de áudio, que foi levada por sua repórter. A editora-executiva do jornal, Eleonora de Lucena, não quis responder por que omitiu as informações dessa fita, a nosso ver tão relevantes. Alguns dos quatro repórteres que receberam as fotos do delegado Bruno, ouvidos para esta matéria, disseram em defesa da tese de que o áudio não deveria ser divulgado, com o argumento de que o jornalista deve preservar o sigilo da fonte, com o que concordamos. Mas perguntamos a Eleonora: por que ela não deu a informação de que se tratava de uma intervenção política no processo eleitoral, publicando os trechos da fita de áudio, que tornam isso explícito, mas sem citar o nome da fonte?

O mais curioso, para dizer o mínimo, é que a Folha publica, junto com as fotos do dinheiro, uma matéria ("Imagens foram passadas em sigilo à imprensa") na qual conta o que o delegado Bruno disse depois, na tarde do mesmo dia 29, ao conjunto de jornalistas, na frente da PF. No texto, assinado pela repórter do jornal que recebeu as fotos de Bruno pela manhã, se diz: "O delegado Bruno disse, ontem, em coletiva à imprensa, que o CD com as fotos havia sido furtado de sua sala, na PF - e que ele estava sendo injustamente acusado de ter repassado o material aos jornalistas".
Pergunta-se: qual é o sentido de publicar uma informação que a jornalista sabia que é evidentemente mentirosa e, no caso, ainda ajudava o policial a tentar enganar a própria imprensa?

O Estado de S.Paulo do dia 30 publica a mesma foto, das notas em posição de sentido. E com um texto, assinado por Fausto Macedo e Paulo Baraldi, ainda mais incrível, também para dizer o mínimo. O texto é praticamente uma diatribe contra o PT e em defesa de José Serra. Diz que a publicação das fotos é a abertura "de um segredo que o governo Lula mantinha a sete chaves". Diz que o dinheiro vinha de quem "pretendia jogar Serra na lama dos sanguessugas". É também uma espécie de defesa do delgado Bruno, em favor do qual são ditas algumas mentiras. O texto diz que as fotos foram feitas por "um policial da Delegacia de Crimes Financeiros (Delefin)", na sexta-feira dia 15 de setembro. E que o delegado Bruno comandou uma perícia nas notas, a serviço da Polícia Federal, na sala da Protege AS, Proteção de Transporte de Valores, em São Paulo. De fato, como se saberia no mesmo dia 30 em que o texto de Macedo e Baraldi sai publicado,
as fotos foram feitas pelo próprio delegado Bruno, depois de enganar os peritos que analisavam as notas, dizendo-se autorizado pelo comando da PF. Pela infração, o delegado está sendo investigado por seus pares.

Tanto o Estado como a Folha dividem a primeira página do dia 30 entre a notícia das fotos do dinheiro e uma outra informação espetacular: a da queda do Boeing de passageiros da Gol com 154 pessoas, depois de um choque com o Legacy da Embraer, o jatinho executivo a serviço de empresários americanos. No dia 29,
no Jornal Nacional, da Globo, no entanto, não há espaço para mais nada: a tragédia do avião da Gol não entra; o noticiário eleitoral, com destaque para a foto do dinheiro dos petistas, é praticamente o único assunto.

É uma omissão incrível. O Boeing partiu de Manaus às 15h35, hora de Brasília. Deveria ter chegado a Brasília às 18h12. Quando o JN começou, a notícia do desastre já corria o mundo. No site Terra, por exemplo, às 20h10 uma extensa matéria já noticiava que o avião da Gol havia desaparecido nas imediações de São Félix do Araguaia, na floresta amazônica; e a causa apontada era o choque com o avião da Embraer.

Qual a razão da omissão do JN? A emissora levou um furo, como se diz no jargão jornalístico, ou decidiu concentrar seus esforços no que lhe pareceu mais importante?

Qualquer que seja o motivo, o certo é que a questão da divulgação das fotos mobilizou a cúpula do jornalismo da tevê dos Marinho. Como vimos, Bruno fora informado pelos jornalistas que Bocardi, da TV Globo, estava entre os jornalistas diante da PF no dia 29. Bocardi é Rodrigo Bocardi, repórter da TV Globo, que atendeu Carta Capital com muita má vontade. Disse que a matéria acabara sendo apresentada por César Tralli e não por ele; e não quis dar mais informações. De alguma forma, no entanto, tanto a fita de áudio como a conversa de Bruno com os jornalistas quanto ao CD com imagens do dinheiro foram passados à chefia de jornalismo do JN em São Paulo e de lá foram levadas a Ali Kamel, no Rio.

Kamel é uma espécie de guardião da doutrina da fé, o Raztinger da Globo, como dizem ironicamente pessoas da organização dos Marinho, que criticam o excesso de zelo deste que é um editor em última instância de todo o noticiário político da emissora carioca. A crítica lembra o papel do cardeal Joseph Raztinger, atualmente papa Bento XVI, no papado de João Paulo II.

Compreende-se por que a decisão sobre o que fazer com o áudio e com as fotos tivesse de ser tomada pelas mais altas autoridades da emissora. Se divulgasse o conteúdo exato das duas informações, a Globo estaria mostrando que o delegado queria usar a emissora para os claros fins políticos que manifesta e que a emissora tinha feito a sua parte nesse projeto. A saída de Kamel - aparentemente, segundo relato de terceiros, ouvidos por Carta Capital, já que ele mesmo não quis se manifestar - foi a de omitir qualquer referência à existência do áudio:
"Não nos interessa ter essa fita. Para todos os efeitos, não a temos", teria dito Kamel. A informação complicava a Globo. A informação sumiu.

Mais informações na revista Carta Capital desta semana.

http://www.cartacapital.com.br/index.php?funcao=exibirMateria&id_materia=5457

15/10/2006

IPTU EM SP PODE FICAR MAIS CARO EM 2007

Paulo Henrique Amorim - Conversa Afiada

O IPTU na capital paulista pode ficar mais caro a partir de 2007. O prefeito Gilberto Kassab enviou nesta quarta-feira à Câmara Municipal uma proposta para mudar a base de cálculo do tributo (clique aqui para ver a reportagem).

Com a alteração a conta passaria a ser feita em cima do valor de mercado do imóvel. Hoje, a prefeitura faz os cálculos em cima do valor venal, ou seja, da planta.

O líder do governo na Câmara, Gilson Barreto, do PSDB, acredita que o projeto vai tornar possível a justiça fiscal: “Com a reestruturação o cálculo será mais justo e igual para todos”, afirma.

A oposição vê com restrições a proposta. Paulo Fiorilo, presidente do PT Municipal, quer discutir pontos que ainda não estão claros e vê a necessidade de um debate mais amplo sobre o assunto: “É necessário um debate amplo para não acontecer injustiças”.

Se o projeto passar na Câmara, o IPTU vai ser reajustado de acordo com a inflação. Ainda não há estimativa oficial de quanto será o aumento real da arrecadação da prefeitura.

http://conversa-afiada.ig.com.br/materias/394001-394500/394490/394490_1.html

Privatização em São Paulo arrecadou R$ 77,5 bilhões desde governo Covas - O dinheiro foi usado para o pagamento da dívida que, mesmo assim, cresceu 33% no período.

Publicada em 14/10/2006 às 22h23m

Ricardo Galhardo - O Globo

SÃO PAULO - Desde 1995, no governo Mario Covas (PSDB), o Estado de São Paulo privatizou rodovias e empresas estatais, arrecadando R$ 77,5 bilhões. O dinheiro foi usado para o pagamento da dívida que, mesmo assim, cresceu 33% no período. Segundo o secretário de Planejamento de São Paulo, Fernando Braga, se as privatizações não tivessem sido feitas, a dívida do estado seria maior.

Braga explica que o acordo de renegociação da dívida dos estados feito em 1997, no governo Fernando Henrique Cardoso, previa o pagamento de 20% do total da dívida:

- O não pagamento dos 20% implicaria um aumento na taxa de juros pagos pelo estado. São Paulo foi o único que cumpriu a meta, graças ao Programa Estadual de Desestatização, PED (que era chefiado pelo então vice-governador Geraldo Alckmin.

Em dezembro de 1994 (Covas assumiu em janeiro de 1995) a dívida de São Paulo era de R$ 105 bilhões. Em dezembro de 2005, chegou aos R$ 139,9 bilhões, ou seja, 33% a mais.

- Aí entramos na questão das taxas de juros - disse Braga, ao justificar o aumento da dívida.

Dinheiro serviu para pagar dívida

No período, o governo paulista vendeu ou concedeu à iniciativa privada pelo menos duas dezenas de empresas e rodovias. Entre elas estão CPFL, Eletropaulo, Comgás, CESP Paranapanema, CESP Tietê e as rodovias Anhanguera, Bandeirantes, Imigrantes, Anchieta, Raposo Tavares, Castelo Branco, entre outras.

A Fepasa, o Ceagesp e o Banespa foram federalizados (este último sob protestos de Covas). E o estado vendeu parte das ações mas manteve o controle acionário da Sabesp. Recentemente, o governo paulista anunciou a intenção de privatizar a linha 4 do Metrô.

Todos os R$ 77,5 bilhões arrecadados foram usados para cumprir a cláusula dos 20% na renegociação da dívida dos estados com a União.

Alckmin continuou o processo em sua gestão no Palácio dos Bandeirantes, a partir de 2001, quando assumiu com a morte de Covas. A última empresa a ser vendida foi a CTEEP, responsável por parte da transmissão energética do estado. Duas semanas atrás, o governador Cláudio Lembo (PFL) sustou uma tentativa de venda de 20% das ações da Nossa Caixa pertencentes ao estado. O dinheiro seria usado para cobrir um rombo de R$ 1,2 bilhão no orçamento.

- Venderam todo o patrimônio do estado com a desculpa de pagar dívidas, mas mesmo assim a dívida subiu 33%. E não conseguimos nem sequer instalar uma CPI para saber como foram feitas as privatizações - ataca o líder do PT na Assembléia Legislativa, Ênio Tatto.

CESP ainda está no programa

A única empresa ainda inscrita no programa é parte da CESP.

- Tentamos vender uma vez mas não deu certo porque estávamos com problemas para encher o reservatório de Ilha Solteira - lembra Braga.

Uma das principais queixas da população é referente à multiplicação dos pedágios, alguns com altos valores. Em uma viagem da capital até a divisa com Mato Grosso do Sul, por exemplo, existem 12 pedágios.

Outra reclamação é o aumento das tarifas de gás e energia elétrica que, em alguns casos, tiveram os preços quadruplicados.

A venda da Eletropaulo para a americana AES também apresentou problemas. Na época do apagão, a AES ameaçou não pagar o empréstimo de R$ 1,2 bilhão feito junto ao BNDES para a compra da Eletropaulo.

- Quem controla as tarifas de energia é a Aneel. O governo do estado tem participação zero nisso. Essa questão da AES foi problema interno entre a empresa e o banco. Não temos nada a ver com isso - diz Braga.

Segundo ele, as privatizações proporcionaram ainda altos investimentos privados no estado nas áreas de distribuição de gás e na malha rodoviária. Só nas estradas foram investidos R$ 4,3 bilhões.

- O problema é que com isso o estado parou de investir nas estradas. As rodovias pedagiadas são uma maravilha, mas as que continuam sob responsabilidade do estado estão um caos, principalmente as vicinais - critica o adversário Tatto.

http://oglobo.globo.com/pais/eleicoes2006/mat/2006/10/14/286110282.asp

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