DENÚNCIAS CONTRA INTEGRANTES DOS PARTIDOS POLÍTICOS DE OPOSIÇÃO AO LULA
segunda-feira, outubro 02, 2006
Marco Aurélio Garcia: Vitória de Alckmin representaria um retrocesso ao país
Plantão Publicada em 02/10/2006 às 20h56m
Raquel Miura - O Globo
BRASÍLIA - O coordenador da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marco Aurélio Garcia, partiu para o ataque contra a oposição e disse que uma possível vitória do tucano Geraldo ALckmin representaria um retrocesso para o país em várias áreas. Garcia participou na noite desta segunda-feira de uma reunião, no Palácio da Alvorada, do conselho político da campanha do presidente Lula, comandada pelo presidente, com a presença de ministros e aliados. Segundo Marco Aurélio Garcia, a avaliação do Planalto é de que Lula teve um bom desempenho nas urnas, inclusive com votação superior a de 2002, e que ele tem ampla chance de vencer no segundo turno.
Para isso, a campanha do petista pretende reunir o maior número de aliados, principalmente, aqueles que conseguiram vitórias nas urnas. A idéia é mobilizar líderes regionais e assegurar a eles participação em um eventual segundo mandato.
- O que vamos precisar melhorar, primeiramente, é a moblização, depois a articulação. Nós queremos fazer uma campanha que seja mais expressiva no ponto de vista da coalisão de forças. Uma coalisão ampla que está apoiando o presidente agora e que não só está preocupada em reeleger o presidente Lula, mas será chamada a governar junto com ele - disse
Marco Aurélio Garcia disse ainda que as conversas com aliados já começaram, mas negou que cargos do governo já estejam em negociação. O objetivo, segundo ele, "é evitar o retrocesso". Perguntado se o retrocesso seria a vitória de Alckmin, Marco Aurélio partiu para o ataque:
- Evidentemente. Em todas as áreas econômicas, social, política e de política externa. É questão de ouvir o discurso de Alckmin. Nós não vamos permitir sobretudo a volta do governo da privataria - disse Marco Aurélio, em uma referêcia as privatizações realizadas no governo Fernando Henrique Cardoso.
Participaramm ainda da reunião, os ministros Tarso Genro (Relações Institucionais), Walfrido Mares Guia (Turismo), Ciro Gomes, deputado mais votado do Ceará, Cid Gomes, governador eleito do Ceará, o senador reelito José Sarney, o presidente do Senado, senador Renan Calheiros, e a ex-prefeita Marta Suplicy. Apenas Marco Aurélio Garcia já deixou o Palácio do Alvorada.
O superintendente da Polícia Federal em São Paulo disse a Paulo Henrique Amorim que o processo administrativo aberto contra o delegado Edmilson Bruno é simples e deve ser concluído em sessenta dias. Pelo regulamento, a PF tem de dois a quatro meses para concluir o processo. Esse processo administrativo pode ter três resultados: uma advertência ao delegado, uma suspensão ou demissão.
A Polícia Federal de São Paulo informou que abriu também um inquérito criminal para investigar se houve quebra de sigilo funcional por parte do delegado Edmilson Bruno que distribuiu as fotos do dinheiro que seria usado para comprar o chamado "dossiê Serra". A PF informou que cabe à Justiça definir a pena de Bruno, caso ele seja considerado culpado neste inquérito.
Nesta segunda-feira, dia 02, o delegado disse que só liberou as fotos do dinheiro que seria usado para comprar o chamado “dossiê Serra” para a imprensa depois que um outro CD com fotografias do dinheiro sumiu de sua mesa. Esta é a terceira versão para o vazamento das fotos (clique aqui para ver a reportagem).
Na verdade, Edmilson Bruno juntou as duas primeiras versões que deu. Quando as fotos apareceram na imprensa na última sexta-feira, dia 29/09, ele disse que o CD havia sumido de sua mesa. Depois, o delegado assumiu que distribuiu as fotos para a imprensa, sem citar o sumiço do CD.
Bruno disse que não distribuiu as fotos por motivação partidária. Ele lembrou que não é ligado a nenhum
“A operação abafa dos tucanos segue em marcha”, denuncia o deputado estadual pelo PMDB, Romeu Tuma, questionando o conteúdo do dossiê
“Não é à toa que o PSDB abomina referências ao conteúdo da papelada apreendida pela Polícia Federal. O calhamaço envolve gente graúda, como o secretário-executivo e depois ministro da Saúde de FHC, Barjas Negri”, denuncia o deputado Romeu Tuma no artigo cuja íntegra publicamos abaixo. E assevera: “Braço direito de Serra, Negri é amigo íntimo do empreiteiro Abel Pereira, apontado pelos Vedoin como a porta de entrada para o início das falcatruas no Palácio do Planalto”
ROMEU TUMA*
José Serra é o principal disseminador da “Lei de Ricupero”, que foi cunhada pelo ex-ministro de mesmo nome no final do governo Itamar Franco: “o que é bom a gente mostra, o que é ruim a gente esconde”. Entre as preferidas dos tucanos, também podemos separar aquela máxima lançada pelo ex-jogador Gérson décadas atrás, que dizia que era bom levar vantagem em tudo. Só isso pode explicar a desfaçatez dos tucanos, sobretudo os mais graduados, que aparecem na TV cobrando soluções contra quem queria comprar o dossiê da família Vedoin sobre a máfia das ambulâncias.
O principal problema dos petistas gira em torno da origem dos recursos que foram utilizados para a frustrada compra dos documentos. Quanto ao uso do material, existe muito barulho, mas poucas certezas até o momento. Ninguém conseguiu provar que as acusações seriam utilizadas contra José Serra. Também não ficou claro se os petistas queriam agir rapidamente para evitar que o dossiê fosse parar nas mãos dos inimigos. Afinal, até onde se sabe, a munição que poderia ser utilizada em um lado do front causaria estragos iguais, senão maiores, do outro lado do campo de batalha.
Não é à toa que o PSDB abomina referências ao conteúdo da papelada apreendida pela Polícia Federal. O calhamaço envolve gente graúda, como o secretário-executivo e depois ministro da Saúde de FHC, Barjas Negri. Braço direito de Serra, Negri é amigo íntimo do empreiteiro Abel Pereira, apontado pelos Vedoin como a porta de entrada para o início das falcatruas no Palácio do Planalto. O empresário Pereira transitava livremente pelos corredores da gestão tucana, mas pouca gente tem se preocupado em saber como ele foi parar em Brasília. Dizem até que nos últimos dias o senhor Abel Pereira esteve na cidade atrás do tal dossiê. Será que ele iria esconder o documento?
Outro personagem curioso nessa crise é Geraldo Alckmin. Do jeito que fala, o ex-governador paulista nem parece ser a mesma pessoa que entregou as cadeias aos bandidos do PCC nos últimos 12 anos. Serra engrossa o coro. Não comenta, e sequer é questionado sobre a investigação da Polícia Federal em torno da Máfia dos Vampiros, quadrilha especializada na venda de produtos hemoderivados superfaturados na gestão tucana. A investigação indicava que Serra sabia de tudo o que acontecia. Na última hora, porém, seu nome saiu do relatório e foi trocado pelos petistas Humberto Costa e Delúbio Soares. A uma semana da eleição.
Estranhamente, ninguém se lembra que Serra montou um “SNI” paralelo no Ministério da Saúde, dirigido por Barjas Negri e alguns arapongas, que conseguiu destruir a candidatura de Roseana Sarney pelo PFL em 2002, quando se “descobriu” um milhão de reais no cofre da empresa de seu marido no Maranhão. Ao mesmo tempo, eles foram incapazes de desvendar a máfia dos sanguessugas e dos Vampiros, que movimentava o andar abaixo da sala do então ministro. Afinal, foi incompetência ou má fé?
A operação abafa dos tucanos segue em marcha. Não se vê qualquer menção sobre seus projetos para o país ou para os estados. Não se discute educação, saúde, saneamento básico ou segurança pública. Alguém se lembra do PCC? Ou do desvio de verbas públicas da Nossa Caixa para fazer publicidade nas revistas dos amigos de Alckmin? Não há uma linha sobre esses assuntos, embora haja espaço de sobra para estampar manchetes sobre um dossiê que ninguém viu, que não chegou a ser utilizado, e sobre o qual pairam suspeitas a respeito da autenticidade. Mas o modus operandi do tucanato não falha nunca. Doa a quem doer.
* Romeu Tuma é delegado de Classe Especial da Polícia Civil, deputado estadual (PMDB), ex-presidente e atual integrante da Comissão de Segurança Pública, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos do Consumidor e Corregedor da Assembléia Legislativa de SP
Lula não foi pego de surpresa com segundo turno, diz prefeito de BH
02/10/2006 - 15h49
ANDREZA MATAIS da Folha Online, em Brasília
O prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, um dos petistas mais próximos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, negou nesta segunda-feira que o resultado da eleição tenha surpreendido a campanha de Lula.
Segundo Pimentel, pesquisas internas já indicavam que a disputa seria decidida em dois turnos. Mesmo assim, por estratégia, se decidiu que o discurso de vitória no primeiro turno seria mantido na reta final da campanha.
"Não foi uma surpresa [o segundo turno]. Uma semana antes da eleição já tínhamos indicativo de segundo turno. Não quisemos falar isso porque seria dar munição para os adversários. Ninguém iria dizer que o outro estava chegando perto. Mantivemos o discurso [de vitória no primeiro turno]", disse.
O prefeito aponta dois fatores que prejudicaram a vitória de Lula no primeiro turno: o episódio do "dossiêgate" envolvendo petistas e pessoas próximas a Lula e a ausência do presidente no debate da TV Globo, na última quinta-feira. Lula não compareceu a nenhum dos debates no primeiro turno para evitar o confronto com os adversários.
"O dossiê com toda certeza alterou o quadro. A eleição estava ganha no primeiro turno. A não ida ao debate pode ter contribuído também. A avaliação de que o debate seria de muita agressividade foi correta, mas era a última oportunidade pública que tínhamos para explicar que Lula não tem relação com a compra do dossiê. Se tivesse ido ao debate Lula enfrentaria essa questão", analisou.
No segundo turno, Pimentel aposta na ida do presidente a todos os debates. "Não há tempo para uma campanha tradicional. Lula tem que se preservar para os debates. O contato com a massa ele já fez", afirmou.
O prefeito fez as contas e concluiu que Lula chega ao segundo turno com vantagem em relação a Alckmin. "Lula teve quase metade dos votos. Vai precisar para vencer 1,5% de votos a mais do que teve, enquanto que o Alckmin precisará de 8%, 9%. Quem votou no Lula não vai mudar de posição. O Alckmin é que terá mais dificuldades porque precisa de mais votos", disse.
Coordenação
Pimentel negou que tenha sido convidado, até o momento, para assumir a coordenação da campanha do presidente Lula no segundo turno.
Especula-se que Marco Aurélio Garcia, que assumiu o cargo com a queda de Ricardo Berzoini, será substituído por não ter trânsito no meio político.
O prefeito disse que prefere trabalhar por Lula em Minas Gerais, onde Alckmin terá o apoio do governador Aécio Neves (PSDB), reeleito neste domingo com amplo apoio popular. "Em Minas teremos uma batalha importante", justificou.
Negociação de Abel Pereira com Vedoin denuncia tucanos
Operador de Barjas, braço direito de Serra, não se arriscaria tanto pelo silêncio dos Vedoin se não houvesse nada comprometedor
Nas últimas semanas do mês de agosto, a cidade de Cuiabá recebeu uma visita algo insólita. O empresário Abel Pereira, de Piracicaba, hospedou-se no apartamento 417 do hotel Taiamã. De lá, comunicou-se várias vezes com os donos do grupo Planam e principais envolvidos no escândalo das ambulâncias, Darci e Luís Antonio Vedoin. Alguns dias depois, ainda em agosto, o mesmo Abel Pereira voltava a Cuiabá. Repetiu o que fizera na visita anterior, e suas comunicações com os Vedoin foram registradas pela Polícia Federal, que estava monitorando os tele-fonemas destes.
RISCO
O que havia de insólito nas visitas e na conduta de Abel Pereira não é difícil de perceber: por que um milionário, cuja família é proprietária de 11 empresas que vão muito bem de vida, e que até então não havia sido mencionado nos jornais, revistas ou TV, viajaria a Cuiabá para manter contato com dois réus que estavam no centro de um escândalo que ocupava todos os jornais, revistas e noticiários televisivos? Obviamente, para quase todos os empresários do país, a companhia dos Vedoin era algo pior do que a companhia da lepra. Queriam vê-los longe, até porque não tinham nada a ver com seus mal-ajambrados negócios. No entanto, alguma coisa fez Abel achar que valia a pena correr o risco de chamar a atenção da polícia para a sua pessoa – ou, talvez, ele não tivesse outra alternativa.
Somente no dia 15 de setembro, com a publicação da entrevista dos Vedoin na “IstoÉ”, é que se soube que o hóspede do apartamento 417 do hotel Taiamã era, além de milionário e dono de empresas em Piracicaba, o operador de Barjas Negri, braço direito e sucessor de Serra no Ministério da Saúde. Barjas é, há muito tempo, a pessoa mais próxima de Serra, personalidade que, sabidamente, não tem muitas pessoas próximas. Barjas, hoje guindado à prefeitura de Piracicaba, nunca teve na política o que se chama luz própria – sempre foi considerado não mais que um homem de Serra.
Quanto a Abel, era através dele, segundo o relato dos Vedoin, que as verbas para a compra de ambulâncias eram liberadas, evidentemente com um pedágio sobre o valor desses recursos.
LEILÃO
Assim, não era estranho que Abel estivesse em Cuiabá no final de agosto. Segundo agentes da PF ouvidos pela “IstoÉ”, Abel Pereira foi a Cuiabá oferecer R$ 4 milhões aos Vedoin para que não entregassem à Justiça os documentos que provavam a ligação com ele e Barjas. E, realmente, apenas no dia 13 de setembro, um dia antes de concederem entrevista à revista “IstoÉ”, esses documentos foram protocolados na Justiça federal.
Porém, desde a primeira quinzena de agosto, segundo a própria imprensa, os Vedoin falavam em entregar nova documentação à Justiça e à CPI. A revista “Época”, em especial, registrou o fato, numa matéria em que, por alguma razão, tratava de desestimular essa entrega, levantando que ela poderia provocar a revogação da “delação premiada” pela qual os Vedoin permaneciam fora da cadeia.
Logo depois disso, na segunda quinzena de agosto, Abel Pereira aparece duas vezes em Cuiabá e contacta com os Vedoin. Sobre isso, um agente da PF disse à “IstoÉ” que “os Vedoin fizeram um verdadeiro leilão com as informações que têm”.
Seja como for, Abel não iria se arriscar a ser envolvido publicamente com os Vedoin – como acabou acontecendo – se essas informações não fossem verdadeiras e comprometedoras. Aliás, é significativo que ele não tenha enviado um intermediário. Provavelmente, o que estava em risco era importante demais para que ele confiasse em um preposto. Ou, mais precisamente, Abel e os que estavam por trás dele sabiam que os Vedoin não aceitariam um preposto, pela simples razão de que já o consideravam um preposto.
PREPOSTO
É exatamente, aliás, o que os Vedoin disseram a “IstoÉ”, na entrevista feita em setembro, portanto, depois das tratativas com Abel, que foram nas últimas semanas de agosto. Literalmente:
ISTOÉ – Quem é Abel Pereira?
Luiz Antônio – É um empresário de Piracicaba que operava dentro do Ministério da Saúde para nós. Era ele quem conduzia todo o processo e fazia sair todos os empenhos... Era um operador, uma pessoa indicada e muito ligada ao Barjas Negri, secretário executivo do Ministério quando José Serra era o ministro e seu sucessor.
Darci – O Barjas Negri é o braço direito do José Serra. Nosso esquema já funcionava no Ministério. Quando o Serra saiu, o Barjas assumiu o Ministério e foi indicado o Abel para continuar a operar.
Portanto, em relação aos Vedoin, Abel sempre foi um preposto, assim era conhecido e assim se apresentava. Os Vedoin não iriam negociar com o preposto de um preposto. Daí a necessidade do próprio Abel ir a Cuiabá.
Estabelecida a sua condição de preposto, a questão é: em nome de quem Abel ofereceu R$ 4 milhões para que os Vedoin ficassem calados e não entregassem a documentação à Justiça? Em outras palavras: Abel era preposto de quem, quando foi a Cuiabá começar esse leilão de documentos e provas?
Ou, usando o velho princípio do Direito Romano: a quem beneficiaria nesse momento o silêncio dos Vedoin?Quem sairia prejudicado se todas as provas que estavam com os Vedoin fossem divulgadas naquele momento?Que acontecimento era tão importante que Abel e seus mentores arriscaram tanto para que não fosse influenciado pela divulgação dessas provas?
PSDB DE SÃO PAULO NÃO TEM MORAL PARA FALAR EM ÉTICA
02/10/2006 10:58h
O deputado eleito pelo PSB do Ceará, Ciro Gomes, disse em entrevista a Paulo Henrique Amorim, nesta segunda-feira, dia 02, que o PSDB não tem moral para falar em ética (clique aqui para ouvir).
Ciro Gomes, ex-governador do Ceará e ex-ministro, foi o deputado mais votado no Brasil, em relação ao número do colégio eleitoral. Para ele, o Lula deve puxar debates diretos e discutir com clareza qualquer assunto que o PSDB de São Paulo queira discutir.
Ciro Gomes disse também que Tasso Jereissati deve se empenhar na campanha de Geraldo Alckmin.
Veja a íntegra da entrevista com Ciro Gomes:
Paulo Henrique Amorim: Qual a conseqüência política que o senhor pretende extrair desta vitória no Ceará em que o senhor é o deputado mais votado e elege o governador, elege o senador, uma bancada para a Câmara dos Deputados. O que é que vem daí?
Ciro Gomes: É uma missão de muita responsabilidade que tem duplo sentido: o primeiro é criar no Congresso Nacional um aperfeiçoamento das instituições brasileiras, um conjunto de reformas que precisam ser impulsionadas. O país tem um sistema tributário errado, tem um sistema político errado, um sistema previdenciário errado, enfim, são tarefas gravíssimas que remanescem no Congresso Nacional e eu vou tentar, modestamente, no que eu puder fazer ajudar a impulsionar isso. E a outra grande tarefa é devolver ao povo cearense essa expressão mais uma vez de carinho com o cuidado e o zelo com a agenda que importa ao estado.
Paulo Henrique Amorim: O que o senhor pretende fazer no segundo turno da eleição presidencial?
Ciro Gomes: Vou lutar obstinadamente a partir de agora, hoje mesmo vou à Brasília, para que a população brasileira tente perceber no meio dessa barulheira o que está de fato em jogo. Claro que ninguém desculpa as imperdoáveis loucuras que uma parte do PT de São Paulo praticou, mas é preciso neste momento imaginar concretamente os mais graves interesses brasileiros que estão em jogo. É um interesse nacional, o país que vinha de anos dependente de fluxos financeiros internacionais, hoje tem a mais sólida conta com o estrangeiro, graças ao esforço de restauração da soberania brasileira pelo presidente, isso não é pouca coisa. O Brasil que vinha destruindo empregos passou a criar empregos. Talvez não na velocidade e no volume necessários, mas definitivamente é outra estratégia. A participação dos salários na renda nacional que vinha sendo esmagada volta a ter espaço para expandir; todas as categorias profissionais voltam a ter reposição salarial acima da inflação; o salário mínimo, com o menor valor nos últimos 17 anos, duplicou o seu poder de compra em relação à cesta básica, por exemplo. A política social começou a produzir efeitos na desconcentração da renda brasileira, que é a maior vergonha e o maior crime. Essas coisas todas têm que ser debatidas para que a população perceba onde está de fato o seu melhor interesse. Não que isso perdoe ou desculpe os erros graves que se cometeram na política, na ética, mas o presidente Lula tem o saldo extraordinariamente positivo e o melhor interesse do Brasil está na representação que o Lula tem. Eu vou tentar mostrar isso.
Paulo Henrique Amorim: O senhor acha que a partir de agora a estratégia do presidente Lula deveria ser qual para enfrentar Geraldo Alckmin?
Ciro Gomes: Eu acho que o presidente Lula tem o sentido claro da gravidade da sua tarefa. A tarefa dele é defender o interesse brasileiro. Em minha opinião a eleição de Lula se confunde com o melhor interesse do Brasil. Eu acho que ele tem que puxar o debate direto e frontalmente, discutir com clareza e contundência qualquer assunto que essa gente queria discutir. Se é indesculpável que houve erros, o PSDB de São Paulo não tem a menor moral para falar em ética honestamente. Eles não têm a menor moral para falar em ética!
Paulo Henrique Amorim: O senhor acha que o presidente Lula com o estilo dele vai dizer isso?
Ciro Gomes: Não sei, mas essa será a minha opinião.
Paulo Henrique Amorim: Qual o papel que o senhor acha que o senador Tasso Jereissati pode desempenhar na campanha de Geraldo Alckmin. O senhor acha que ele muda o Ceará em benefício Geraldo Alckmin?
Ciro Gomes: O Tasso tem grande força no estado do Ceará. É uma pessoa muito respeitada, já conseguiu aqui, num ambiente absolutamente hostil, que o candidato do seu partido chegasse a 23%, o presidente Lula aqui tirou 71%. Certamente o Tasso vai se esforçar como é do seu direito e seu dever para que o desempenho de Alckmin melhore. Nós, do nosso lado, nos esforçaremos para que o desempenho do presidente Lula melhore ainda.
Marco Aurélio Garcia diz que postura da imprensa gerou segundo turno
Plantão Publicada em 02/10/2006 às 14h59m
O Globo Online
BRASÍLIA - O coordenador da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marco Aurélio Garcia, criticou o papel de parte da imprensa na cobertura das eleições, o que teria facilitado a realização do segundo turno na disputa pela presidência da República. Para o coordenador, parte da mídia promoveu um "ataque pesado" nas 48 h que antecederam a eleição, e que, "se necessário", essa porção da mídia "será enfrentada". Na opinião de Garcia, o PT sofreu um ataque pesado da mídia.
- Não responsabilizo o conjunto da mídia, mas houve um ataque sistemático e que nas últimas 48 horas antes da eleição apresentou um elemento muito inquietante. A mídia ocultou informações sobre o vazamento feito pelo delegado, mesmo tendo manifestações específicas dele a respeito - disse o coordenador, em referência ao caso das fotos com o dinheiro do caso do dossiê contra tucanos.
Garcia frisou que os detalhes do vazamento “chegaram às redações mas não chegaram aos leitores, internautas, telespectadores e ouvintes.
- Não creiam que nós não percebemos, por mais sutis que possam parecer, o encadeamento de fatos com fotos e imagens de uma maneira deliberada. Editar não é esconder, cortar informações de extrema relevância num momento vital, como fizeram no caso do delegado. Há jornalistas que criticaram o governo quando este tentou impedir a divulgação das fotos, por entender ser esta uma maneira de interferir na eleição, na reta final, mas foram jornalistas que exerceram a censura em relação a vários fatos, inclusive no caso do delegado - disse Marco Aurélio.
Indagado sobre se episódios como o do vazamento das fotos poderão se repetir até a realização do segundo turno, Marco Aurélio Garcia disse: “ Não vejo porque não se repetirá. Será que a mídia não percebe que todos percebemos que em inúmeras redações há um número de colunistas e analistas, especialmente, que mal conseguem esconder a camiseta partidária?.
Marco Aurélio disse, ainda, que esse comportamento da mídia será denunciado:
- Vamos denunciar com vigor, mas nunca cercearemos o direito de a imprensa informar. Mas não seremos também prisioneiros desse biombo que permite o ataque mas não aceita a crítica ao ataque desigual. Isso será enfrentado pela campanha se acontecer.
Seguimos os rastros de um dossiê, e dos crimes cometidos. À irresponsabilidade dos petistas envolvidos, soma-se o crime acobertado pela imprensa cúmplice.
Flávio Aguiar
Meu implacável amigo Saul Leblon traçou o seguinte roteiro:
“1. Na sexta-feira, 15 de setembro, data marcada pelos Vedoins para entrega do dossiê Serra/Sanguessua a um grupo de petistas, num hotel em SP, o delegado de plantão na PF na capital paulista era Edmilson Pereira Bruno
2. O delegado prendeu os petistas em flagrante no hotel Ibis.
3. Antes mesmo que os presos fossem conduzidos à sede da PF, em SP, uma equipe de TV da produção do programa do candidato Geraldo Alckmin já estava a postos no local, para filmar a chegada dos detidos e usar as imagens no horário eleitoral do tucano. A equipe de Alckmin demonstrou agilidade superior a de qualquer órgão da grande imprensa, no principal centro jornalístico do país.
4. No dia 18, três dias depois desses acontecimentos, o delegado Bruno foi afastado do caso após declarar que o suposto dossiê Serra/Sanguessuga continha mais de duas mil folhas e implicava todos os partidos. Na verdade, o que tinha mais de duas mil folhas era o inquérito que investigava a ação dos sanguessugas em Cuiabá.
5. Dez dias depois, na quinta-feira, dia 28, o mesmo delegado Bruno invade uma sessão de perícia na qual dois técnicos da PF fotografavam o dinheiro supostamente utilizado para comprar o dossiê Serra/Sanguessua.
6.O delegado Bruno alega aos peritos que havia sido reconduzido ao caso. Enquanto eles realizavam seu trabalho, o delegado sacou uma máquina digital e fez 23 fotos do dinheiro
7. Nos dias anteriores, à medida em que se aproximava a data do pleito e a vitória de Lula no primeiro turno mostrava-se cada vez mais provável, o candidato Alckmin e todo o PSDB, bem como seus ventríloquos na mídia, elevaram o tom das cobranças. A artilharia tucano-pefelê-midiática, centrava fogo em duas cobranças: a liberação das fotos do dinheiro pela PF e a presença de Lula no debate da Globo, marcado para o dia 28, quinta-feira, à noite.
8. Lula, na última hora, decidiu não ir ao debate prevendo um "massacre orquestrado" da oposição contra o seu governo.
9. O Presidente escapou do massacre, que de fato ocorreu, e teve ampla repercussão no JN e nos diários. Mas não escapou das fotos.
10. Na sexta-feira, dia 29, pela manhã, o delegado Bruno pessoalmente entregou cópias em CDs das fotos que havia feito a três jornalistas em frente do prédio da PF, em SP. Sequer marcou um encontro em local mais discreto. Segundo o jornalista Bob Fernandes do site Terra Magazine, teria explicado assim seu gesto aos repórteres: "Quero f... com o Lula e o PT".
11. No mesmo dia, quando as fotos já circulavam na Internet -- divulgadas pela Agência Estado-- o delegado procurou superiores e informou: "Estou desesperado. Pegaram uma cópia das fotos que eu havia feito".
12. Pouco depois, em entrevista à mesma Agência Estado que havia distribuído as fotos e sabia sua origem, o delegado Bruno afirmou: "Estão veiculando que eu cedi o CD. Eu não cedi este CD. Eu não sei se é para me prejudicar ou não. Não sei quem foi o autor do crime, mas não fui eu que distribuí o CD". O delegado afirmou ainda nessa entrevista, divulgada amplamente por um veículo que sabia de antemão a versão verdadeira, que as fotos haviam sumido do seu arquivo pessoal.
13.No sábado, dia 30, as fotos dominaram o noticiário das TVs e as primeiras páginas de todos os jornais. No Globo, a foto ocupou mais de metade da pág. frontal. A Folha foi além e optou por uma composição grotesca. Sob a pilha de dinheiro colocou uma foto de Lula encapuzado, enquanto vestia um casaco. Uma mão apertada sobre o seu ombro sugeria um caso de detenção. Um truque de composição fotográfica, reduziu assim o Presidente e induzia os leitores a enxergarem-no como um marginal preso em flagrante, a 48 horas do pleito presidencial.
14. Todos os jornais publicaram as imagens do dinheiro sem indentificar a origem das fotos. Nenhum informou as palavras ditas pelo ofertante –ainda que sua identidade fosse mantida em sigilo: "quero fu.. com Lula e com o PT".
15. No domingo, finalmente, os jornais traziam uma entrevista do delegado Bruno. Nela , o policial admite que fez e distribuiu as fotos—o que antes havia negado peremptoriamente e os jornais – embora sabendo que era uma mentira – publicaram e atestaram a verdade. O delegado, porém, insiste, desta vez, que eu gesto não teve motivação política e nega qualquer ligação com a campanha tucana. Os jornais de novo publicam suas declarações, sem contextualizá-las.
17. No mesmo domingo, dia do pleito, os jornais afirmam que o desgaste desse episódio reduziu dramaticamente a vantagem anterior de Lula nas pesquisas de intenção de voto, referentes ao primeiro turno. Segundo as novas enquetes, mesmo no segundo turno, a reeleição do Presidente agora tornara-se incerta.
18. Tudo fica como dantes no quartel do Abrantes. A imprensa continua a acobertar e a ser cúmplice do crime de violação do segredo de justiça. Por quê? Porque ao invés dos eventuais crimes cometidos por petistas, desta vez os crimes a interessam, e favorecem seu candidato, Geraldo Alckmin”.
Os adversários de Lula e do povo neste 2º turno serão os senhores do poder econômico, que controlam a maioria dos meios de comunicação. Esses tradicionais donos do Brasil farão de tudo para impedir a continuidade do processo de construção de uma nova cidadania no país.
Mauro Santayana
Como é bom manter a prudência, devemos esperar o encerramento das apurações, a fim de saber se o presidente Lula será ou não eleito no primeiro turno, neste domingo. Discutia-se, sexta-feira, se ele fez bem, ou não, em comparecer ao debate realizado nos estúdios da maior emissora de televisão do país. Todas as decisões desta natureza são arriscadas. Se Lula comparecesse, perderia; se não comparecesse, perderia também.
Se comparecesse, estaria confrontando-se a uma coligação ocasional de todos os outros candidatos com o propósito de o acossar. Foi uma decisão pessoal, como pessoal foi a decisão de Aécio Neves em não comparecer ao debate com seu adversário Nilmário Miranda. Tanto assim que o governador de Minas, ao ser interpelado pelos jornalistas, disse que Lula agira de acordo com sua consciência, e deve ser respeitado em sua decisão.
Os candidatos que se encontram bem colocados nas pesquisas costumam esquivar-se desses confrontos, que nada podem acrescentar ao seu desempenho. Relembre-se que Fernando Henrique também não compareceu a debates para os quais foi convidado. Mas não foi em razão disso que Lula deixou de comparecer. Com certeza ele ganharia o debate, já que dispõe de números contra o desempenho de seus opositores - por oito anos no governo federal, e por doze anos no Estado de São Paulo - que os esmagaria.
Mas Lula parece preocupado com a governabilidade do País, e não desejar que o clima de confronto chegue a um ponto sem volta, como querem, entre outros, Fernando Henrique. Para o ex-presidente, hoje gozando do ócio, o dilúvio seria a glória.
Mais do que o debate em si, o que alguns de seus conselheiros temiam era a edição da matéria pelos noticiários da televisão. Lembro-me, e muito bem, do que foi o debate de 1989, entre o atual presidente e Fernando Collor, pela Rede Globo. Assisti ao debate em companhia de Pimenta da Veiga – que então apoiava Lula – e ambos, veteranos no acompanhamento dos fatos políticos, concluímos que Lula havia vencido a disputa, não obstante as terríveis pressões emocionais daquelas horas.
Mas, no dia seguinte, a versão do debate, com sua edição, depois confessadamente manipulada por conhecidos jornalistas da emissora, fez do claro, escuro, ao suprimir frases, desviá-las de seu contexto, explorar as imagens, cortá-las, mesclá-las. Lula foi visto como um pobre coitado, acabrunhado, diante de um Collor flamejante, inteligente e – quem diria? - irretocável moralista. Essa manipulação foi decisiva para que Lula perdesse aquela eleição.
Ficou muito claro, nesta etapa final da campanha, que os inimigos não descansam, nem mandam flores. Os tucanos, que não explicaram, nem nunca explicarão o que fizeram do patrimônio nacional, nem os casos conhecidos e evidentes de corrupção e de desvio de dinheiro do Estado, durante os oito anos de Fernando Henrique, valem-se de episódios, ainda não muito esclarecidos, que estão sendo investigados pela Polícia Federal, por iniciativa do próprio governo, para tentar desmoralizar o atual Presidente da República.
Já é notório que todos os casos clamorosos ocorridos no âmbito do Ministério da Saúde começaram no governo anterior, tanto assim que a imensa maioria das ambulâncias superfaturadas foram fornecidas pela Planam antes do atual mandato, e que o maior número de prefeituras envolvidas (128) eram, ou são, do PSDB.
O mais grave foi a violação do segredo de justiça e a divulgação das fotos do dinheiro apreendido (cuja origem ainda não foi identificada). Confirmou-se, no episódio, o facciosismo do TSE, ao permitir essa divulgação, com notórios fins de confusão da opinião pública, além de haver notificado apenas uma parte dos envolvidos, preservando os ligados ao PSDB, como o Sr. Abel Pereira.
Lula cometeu erros políticos lamentáveis ao imaginar que a vitória de há quatro anos era sobretudo a de seu grupo do ABC, aos quais se juntaram, em sua ascensão política, recém-chegados de todas as procedências. É provável que se tenha dado conta de que seus eleitores não são os sindicalistas do ABC, mas, sim, os injustiçados e oprimidos do Brasil inteiro.
Além disso foi compelido, pela necessidade de obter maioria parlamentar, a aliar-se a determinados partidos, alguns deles chefiados por personalidades controvertidas. O PT, sempre conturbado por divisões internas, não planejou, estratégica e taticamente, sua ação político-eleitoral nestes quatro anos de poder. E planejamento foi o que não faltou aos seus adversários.
Por isso eles puderam organizar-se, mantendo a iniciativa para solapar o governo e corroer, em tudo o que puderam, o prestígio do Presidente junto à classe média – já que atingir a população mais pobre, e diretamente beneficiada pelo Presidente, era mais difícil.
Assim, tendo em vista os seus objetivos essenciais, o que os tradicionais donos do Brasil, não queriam admitir, e tudo farão para impedir, é o processo, que se intensifica, de construção de uma nova cidadania. Os cidadãos se fazem na mesma medida em que se libertam das peias da fome, do medo da morte, do desconforto da falta de assistência médica digna, do terror de sair de casa de madrugada, em busca do ônibus que o levará ao trabalho, ser assaltado e, muitas vezes, morto, pelo próprio vizinho da favela em que reside.
Lula pensou nessa gente. Para dizer a verdade, poucos têm sido os que nela pensam. Na Presidência da República, só dois dos antecessores de Lula pensaram prioritariamente nos pobres, Vargas e Juscelino – e Vargas, façamos justiça histórica, mais do que Juscelino. Vargas, pensando nos pobres, também não descuidou da boa administração pública, instituindo o sistema de concursos que dava oportunidade a todos.
Um dos mais lamentáveis delitos sociais do passado recente foi a terceirização de serviços públicos, incluídos os da segurança, agravado durante o governo neoliberal do Sr. Fernando Henrique Cardoso. Os trabalhadores são tratados como se fossem “escravos de ganho”, do Império, que eram alugados pelos seus senhores. Tal como os escravocratas do segundo reinado, esses nouveaux riches, muitos deles com mandatos parlamentares, reúnem seus esforços contra a decisão de Lula de acabar com esse sistema odioso de exploração do trabalho.
É isso que faz a aliança de setores das elites com uma parcela alienada da classe média, que se informa pela televisão, entrega sua emoção às telenovelas e sua formação a porta-vozes do pensamento conservador, aos quais se abrem muitos dos principais meios de comunicação, no seu desesperado empenho contra Lula. Não lhes importa que a política econômica venha tendo êxito que os beneficia.
Eles não têm um projeto positivo para a nação, mas um projeto negativo, um projeto de classe. Eles esperavam, de alguma forma, que, no poder, Lula se comportasse como um cooptado, como se têm comportado muitos dos que se proclamaram esquerdistas no passado, entre eles Fernando Henrique Cardoso.
Lula, com habilidade e a intuição dos que não renegam sua classe, manteve-se no compromisso com a maioria do povo brasileiro. Sim, houve corrupção e é lamentável que tenha havido, embora comprometendo uma ínfima parcela de petistas e cifras modestas (quando comparadas com as envolvidas nos escândalos anteriores, como os das privatizações). Mas ninguém fala mais na compra dos votos para a aprovação da emenda da reeleição de Fernando Henrique.
Tampouco se fala mais na Daslu, com suas empresas fantasmas, intransigentemente defendida pelo Sr. Geraldo Alckmin, quando a Polícia Federal e os fiscais da Receita invadiram aquele templo de ostentação e humilhação aos pobres brasileiros, para ali colher provas de contrabando e sonegação tributária. Ninguém fala tampouco no rombo monumental que o ex-governador Geraldo Alckmin deixou nas contas públicas, o que transgride a famosa Lei de Responsabilidade Fiscal criada pelos próprios tucanos, e está levando o honrado governador Cláudio Lembo a esforços consideráveis para não se tornar réu de uma transgressão de seu antecessor. Mas os adversários de Lula e do povo são os senhores do poder econômico e controlam a maioria dos meios de comunicação.
Os eleitores tiveram a sua consciência esmagada pelos interessados em que o povo permaneça ignorante, oferecendo a sua mão de obra barata aos donos do poder, como os antigos servos da gleba se apresentavam aos barões da terra com a corda no pescoço. Mas, se todas essas coisas fossem conhecidas, e levassem o povo a pensar com calma, a vitória de Lula já estaria assegurada domingo.
Mauro Santayana é colunista político do Jornal do Brasil, diário de que foi correspondente na Europa (1968 a 1973). Foi redator-secretário da Ultima Hora (1959), e trabalhou nos principais jornais brasileiros, entre eles, a Folha de S. Paulo (1976-82), de que foi colunista político e correspondente na Península Ibérica e na África do Norte.
Institutos vão ter que se explicar, diz Jaques Wagner
02/10/2006 - às 07h49m Heliana Frazão - O GloboAllan Caldas - O Globo OnlineReuters
RIO - Responsável por uma das principais viradas nas eleições deste ano, o petista Jaques Wagner disse que os institutos de pesquisa precisarão agora explicar sua vitória em primeiro turno para o governo da Bahia. O candidato chegou ao pleito com cerca de 40% de intenções de voto, enquanto seu adversário, o governador Paulo Souto (PFL), era tido como favorito para vencer já neste domingo, sem necessidade de segundo turno. No fim da apuração, a situação se inverteu: Wagner teve 52,89% dos votos válidos, contra 43,03% do pefelista.
- Não quero fazer nenhum juízo de valor, mas os institutos vão ter que se explicar. Eles vão ter de dizer se estavam mentindo ou se estavam vendidos - disparou o petista tão logo foi confirmada sua vitória.
Na opinião do cientista político Geraldo Tadeu Monteiro, do Instituto Brasileiro de Política Social, diferenças radicais entre as pesquisas na reta final e o resultado nas urnas podem ser reflexo de um cenário político marcado por denúncias e escândalos.
- Acredito que o eleitor, talvez levado pela descrença, deixou para decidir seu voto na última hora - opinou.
'Hoje a Bahia vai dormir feliz', diz Wagner
Dizendo-se 'muito feliz' com o triunfo, Jaques Wagner afirmou que sua eleição era também uma vitória do povo da Bahia. O petista atribuiu parte da responsabilidade por sua chegada ao Palácio da Ondina ao 'carinho que os baianos têm' pelo presidente Lula, candidato à reeleição.
- Pelo fato de nós dois trafegarmos numa mesma caminhada, defendermos um mesmo projeto de governo, que está em ascensão, e por sermos do mesmo partido - declarou.
Wagner também ironizou seu principal adversário na corrida eleitoral. Para ele, Paulo Souto, apoiado pelo senador Antônio Carlos Magalhães, está 'pagando o preço pela falta de ousadia ou de coragem de trilhar um caminho próprio'. A vitória de Wagner interrompe uma das maiores hegemonias de um partido em um Estado.
- Hoje a Bahia vai dormir feliz. Uma nuvem que pairava há 16 anos está se dissipando - afirmou o governador eleito em uma entrevista coletiva informal no salão de festas do edifício onde mora.
Abatido com a perda da eleição, Souto afirmou que 'na política, é preciso estar preparado tanto para as vitórias quanto para as derrotas'.
Ciro Gomes teme clima de tensão em caso de derrota
02/10/2006 às 08:55
Eleito o segundo deputado federal mais votado do País, Ciro Gomes (PSB) disse temer um clima de tensão social em caso de derrota de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), segundo reportagem publicada pela Folha de S. Paulo nesta segunda.
"Se a população mais pobre sentir que, ainda que por dentro das instituições, a prática golpista tirou a possibilidade de Lula se reeleger, temo pelo dia seguinte", afirmou.
Para Ciro, após a eleição, Lula deverá chamar os partidos de oposição para conversar e "cortar na própria carne".
Delegado que vazou fotos abre investigação paralela
02/10/2006 - 10h12
LILIAN CHRISTOFOLETTI da Folha de S.Paulo
O delegado da Polícia Federal Edmilson Pereira Bruno, que divulgou as polêmicas fotos do R$ 1,7 milhão apreendido há 16 dias com petistas e que seria usado para pagar um dossiê contra candidatos do PSDB, montou uma investigação paralela para obter dados do inquérito que corre em sigilo.
Bruno já estava afastado do caso quando, na última quinta, munido com uma câmera digital, dirigiu-se a uma unidade do Banco Central em São Paulo e à empresa Protege S/A para fazer as fotos das pilhas de dólares e dos reais, respectivamente.
O delegado bateu 23 fotos, em diferentes ângulos, do R$ 1,16 milhão, em cédulas que vão de R$ 10 a R$ 100, e dos US$ 248,8 mil. Depois, gravou as imagens em um CD, que foi entregue a jornalistas em caráter sigiloso --anteontem, o próprio policial assumiu o vazamento.
Aos peritos que, naquele dia, fizeram uma recontagem dos valores, Bruno teria afirmado que havia voltado para a investigação por determinação do comando da PF paulista e tinha autorização para as fotos.
O superintendente da PF em São Paulo, Geraldo Araújo, afirmou ver na atitude de Bruno uma "quebra de confiança".
"Espiãozinho"
Um dia antes de distribuir o CD com 23 fotos coloridas do dinheiro apreendido, numa quarta-feira à noite, Bruno afirmou, em frente à sede da Polícia Federal, que contava com a ajuda de um "espiãozinho" para levantar dados do inquérito que tramita na PF de Cuiabá.
O delegado, no entanto, se recusou a divulgar o nome do suposto colega que o ajudaria na coleta das fotos.
Os petistas dizem que Bruno agiu, às vésperas da disputa eleitoral, para prejudicar a candidatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a mando dos tucanos. Essa possibilidade, apesar de ser considerada remota pelo superintendente da PF, está sendo investigada.
O delegado afirmou anteontem que não agiu por motivação política. "Isso é absurdo, não tem nada a ver." Disse que votou em Lula em 2002. O policial havia ficado irritado ao ser afastado do caso do dossiê.
Ele prometeu falar hoje em entrevista coletiva sobre os motivos que o levaram a divulgar as imagens, mesmo contrariando a determinação da Polícia Federal de mantê-las em sigilo durante o período eleitoral.
Três dias
O delegado Bruno atuou oficialmente apenas nos três primeiros dias do caso do dossiê. Na sexta, dia 15, ele prendeu o petista Valdebran Padilha e o ex-policial Gedimar Pereira Passos no hotel Ibis Congonhas, em São Paulo. Com os dois, apreendeu R$ 1,7 milhão em reais e em dólares. Na semana passada, tentou voltar à investigação, o que foi vetado.
A divulgação das fotos foi vetada pela cúpula da PF, que temia prejudicar a eleição e a candidatura de Lula à reeleição.
O ex-policial preso trabalhou como segurança em campanhas eleitorais do petista e disse que seu "chefe" era Freud Godoy, ex-assessor especial do presidente. O ex-policial afirmou que estava no hotel a pedido da Executiva Nacional do PT, para atestar a veracidade do dossiê ofertado por Luiz Antonio Vedoin, considerado chefe da máfia dos sanguessugas.
O representante de Vedoin na negociação era Valdebran, que já trabalhou como tesoureiro em campanhas petistas no Mato Grosso.
Além dos documentos, o dossiê era composto por uma entrevista de Vedoin acusando José Serra, que já liderava as pesquisas para o governo de São Paulo, de participação no caso. A revista "IstoÉ" publicou uma entrevista em que Vedoin acusa o tucano de participar do esquema. Depois, ouvido pela PF, ele retirou as acusações.
Em minha opinião, os responsáveis pelo segundo turno foram:
O Marco Aurélio de Mello, que gosta de aparecer mais do que o show, pelas suas falas irresponsáveis e tendenciosas, quando disse que encontrou grampos nos telefones do TSE mas, que a PF provou ser mentira dele e por ter dito que estava sofrendo ameaças de morte por email. Quando perguntado porque não entregou o email para a PF rastrear, disse que tinha deletado o tal email;
O poder que as grandes mídias tendenciosas, ainda, possuem, sobre o eleitorado paulista que é facilmente influenciável por elas. Exemplo disso é que São Paulo elegeu: Clodovil, Maluf, Frank Aguiar, etc.
Sem projetos, Clodovil tem como 1º desejo conhecer móveis de sua nova sala
02/10/2006 - 10h33
DÉBORA YURI da Folha de S.Paulo
Ele já foi estilista, apresentador de TV, fez musical, teve câncer de próstata, foi operado. Agora, Clodovil Hernandez, 70, obteve uma das maiores votações do país como deputado federal pelo Partido Trabalhista Cristão (SP) -com 65,08% das urnas apuradas, tinha 320.953 votos, o terceiro candidato mais votado. Como se sente?
"Não tenho sensação nenhuma. Já tenho fama há muito tempo. É só um emprego a mais", disse ontem.
Qual a primeira coisa que fará em Brasília? "Quero ser apresentado à minha sala, à minha mesa." Principais projetos? "Não tenho projetos. Não nasci lá dentro, vou ter de aprender tudo."
Clodovil protagonizou alguns hits da eleição. Frases suas como "Não sou passivo" e "Sabe por que [o final do meu número] é 11? Porque 24 já era, agora é um atrás do outro" foram direto para o You Tube --e a boca do povo.
HELOÍSA HELENA E CRISTÓVAM, OS LARANJAS DA OPOSIÇÃO
O oportunismo, ambição, destempêro e a ânsia pelos holofotes, fizeram com que a Heloísa Helena impedisse a vitória do Lula no primeiro turno. E mais:
Não percebeu que estava sendo usada pela oposição. A mesma oposição que ela tanto diz que semprefez mal ao Brasil;
Perdeu a cadeira no Senado para o Collor trazendo ele de volta à política;
Acho que a carreira política dela acabou porque ela foi eleita senadora com os votos dos petistas quando ela ainda estava no PT. Além disso, o Collor, que teve votação expressiva em Alagoas, abafará qualquer tentativa dela voltar à vida política;
Ficou estigmatizada como a responsável pela ida do Lula para segundo turno e, de quebra, será odiada eternamente pelos petistas;
O PSOL e o PDT, não ultrapassaram a cláusula de barreira e somente terão direito a 1 minuto de mídia durante todo o ano e 1% do fundo partidário;
As torcidas dela e do Cristóvam para que acontecesse o segundo turno, não foi pela preocupação com a democracia mas, para braganhar suas carteiras de eleitores por um ministério qualquer, com quem estiver melhor colocado no segundo turno, na tentativa de fugir do ostracismo;
A Heloisa Helena terá que voltar a dar aulas de enfermagem em Alagoas;
Escreva a sua denúncia contra qualquer integrante de qualquer partido político de oposição ao Lula. NÃO PRECISA SE IDENTIFICAR. Informe a denúncia, local (estado, cidade, etc.), data, nome do político ou partido. TODAS AS DENÚNCIAS SERÃO ENCAMINHADAS AOS MINISTÉRIOS PÚBLICOS ESTADUAIS E FEDERAIS, POLÍCIA FEDERAL, TRIBUNAL DE CONTAS, CONTROLADORIA GERAL DA UNIÃO E TRIBUNAIS ELEITORAIS. Entre em contato: stanleycarivaldoalencastroburburinho@hotmail.com