DENÚNCIAS CONTRA INTEGRANTES DOS PARTIDOS POLÍTICOS DE OPOSIÇÃO AO LULA
quinta-feira, outubro 05, 2006
PT acusa PFL de distribuir santinho com número errado de Lula em PE
17h04
da Folha Online
O site oficial do PT publicou denúncia de que um suposto santinho com candidatos da coligação "União Por Pernambuco" --que reúne entre as legendas PMDB, PFL e PSDB-- tentou "enganar" eleitores no sertão de Pernambuco com o número de Geraldo Alckmin, candidato à Presidência pelo PSDB, logo abaixo ao nome e foto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à reeleição pelo PT. A denúncia, com fotos do panfleto, foi primeiramente veiculada no site supramax.
Além do falso número de Lula, de acordo com a notícia, o santinho era uma "cola pronta" com fotos e números de candidatos da coligação --alguns já eleitos.
Os nomes eram os seguintes: Osvaldo Coelho (PFL), ex-candidato a deputado federal; Geraldo Coelho (PFL), eleito deputado estadual; Jarbas Vasconcelos (PMDB), eleito senador; e o governador Mendonça Filho, candidato à reeleição pelo PFL.
Conforme apurou a Folha, a assessoria de imprensa de Mendonça Filho informou que teve conhecimento do panfleto por meio de Blog no "Jornal do Comércio de Pernambuco" e nega que tenha produzido o santinho. O comitê contesta ainda a existência do material.
O advogado do presidente Lula em Brasília (DF), Márcio Luiz Silva, disse que será aberta investigação na Justiça Regional para apurar se realmente os panfletos foram distribuídos. Já o advogado de Alckmin, Ricardo Penteado, afirmou não ter tomado conhecimento do material e considerou a "história pouco crível". "É um absurdo que alguém tenha feito isso porque, na verdade, é espalhar propaganda do Lula", disse.
Segundo o diretório nacional do PT, o comitê do partido em Pernambuco busca originais do material para denunciar a coligação no TRE (Tribunal Regional Eleitoral).
Mesmo com o suposto santinho, Lula obteve 70,93% dos votos válidos no Estado, contra 22,86% de Alckmin.
Panfleto recomenda voto em Lula e dá nº de Alckmin
05/10/2006
Eleitores pernambucanos podem ter sido vítimas de uma fraude. O indício do logro está materializado em panfletos que teriam sido distribuídos na zona rural e em municípios do sertão de Pernambuco (veja imagem ao lado). Traz a foto de cinco políticos, seguidos dos respectivos números. Uma das fotos expõe a imagem de Lula. Ao lado, surge o 45, que é o número de Geraldo Alckmin. O de Lula é 13.
No universo eleitoral, esse tipo de panfleto é chamado de “santinho”. Serve para orientar o eleitor, informando-lhe o número que deve ser digitado na urna eletrônica. Junto com a foto de Lula aparecem políticos da coligação PMDB-PFL, que apoiou Alckmin em Pernambuco. São eles: Osvaldo Coelho, candidato à reeleição para a Câmara (número 2530), Geraldo Coelho, postulante à reeleição para a Assembléia Legislativa de Pernambuco (25230), Jarbas Vasconcelos, senador (156) e Mendonça Filho, governador (25).
Os “santinhos” fraudulentos foram revelados nesta quinta pelo sítio Supramax. Os responsáveis são desconhecidos. Tampouco se sabe a quantos eleitores a impostura foi distribuída. O PT de Pernambuco deve pedir uma investigação do caso. A julgar pelo resultado das urnas, a manobra não foi das mais bem sucedidas.
Pesquisas realizadas antes do primeiro turno atribuíam a Lula índices de intenção de voto superiores a 70% em Pernambuco. Apuradas as urnas, o presidente obteve 70,93% dos votos válidos no Estado. Alckmin amealhou 22,86%. Quanto aos demais candidatos expostos no “santinho” micado, o resultado foi o seguinte:
- Osvaldo Coelho: obteve 72.109 votos. Não foi eleito para a Câmara;
- Jarbas Vasconcelos (PMDB): 56,14% dos votos válidos. Eleito para o Senado;
- Mendonça Filho (PFL): 39,32% dos votos. Passou ao segundo turno. Disputará o governo pernambucano com Eduardo Campos (PSB).
Eis aí um caso que, se bem apurado, pode causar problemas aos envolvidos. Fraudes do gênero, quando comprovadas, sujeitam os responsáveis inclusive à cassação do registro de candidaturas e à impugnação da posse dos eleitos. Veja abaixo a versão horizontal do “santinho” espertalhão.
Ciro ataca Alckmin, delegado e petistas que tentaram comprar dossiê
Publicada em 05/10/2006 às 12h39m
Ilimar Franco - O Globo
BRASÍLIA - Ao deixar o Palácio da Alvorada, depois de encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-ministro Ciro Gomes (PSB) fez duras críticas aos petistas envolvidos na tentativa de compra do dossiê contra tucanos , ao delegado da Polícia Federal que divulgou as fotos do dinheiro apreendido e ao tucano Geraldo Alckmin. Na quarta-feira, Ciro já tinha sido duro ao falar do assunto, chegando a dizer que a campanha de Lula mereceu o susto que levou.
Ciro disse que sempre teve Alckmin como um homem respeitável, mas ele terá que explicar o apoio recebido do casal Garotinho e por que impediu a abertura de 60 CPIs quando governava São Paulo.
- Ele não pode posar de vestal, passar por anjo e depois fazer uma aliança com o casal Garotinho e com o PFL da Bahia. Eu tenho o candidato Alckmin como homem respeitável, mas ele vai ter que explicar por que impediu a realização de 60 CPIs no estado de São Paulo - disse o ex-ministro, eleito deputado pelo Ceará com a maior votação proporcional do país.
Ciro referiu-se aos petistas envolvidos na compra do dossiê como "meia dúzia de aprendizes de mafiosos". Disse ainda que o delegado Edmilson Bruno fez politicagem ao entregar à imprensa as fotos do dinheiro apreendido.
- Esta atitude não é funcional, é politicagem.
Ainda segundo Ciro Gomes, Alckmin tem dito que é a favor da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Para o ex-ministro de Lula, a Alca vai quebrar a indústria paulista.
- O candidato Alckmin tem dito que é a favor da Alca, pois eu digo, a Alca vai quebrar a indústria de São Paulo - disse Ciro.
O ex-ministro também cobrou que o tucano explique onde vai cortar os gastos correntes, como tem prometido:
- O governador Geraldo Alckmin tem dito que vai cortar os gastos correntes da União. A maior parte dos gastos correntes é pagamento de aposentadoria, salário do funcionalismo, bolsa família, dinheiro para educação, saúde e segurança pública. Tem que dizer onde vai cortar, se vai ser no salário dos funcionários públicos, no dos aposentados, na educação, na saúde ou no Bolsa Família - disse.
Para Jutahy, apoio de ACM trará derrota a Alckmin na Bahia
Quinta-feira 5 de Outubro, 2006 3:52 GMT
Por Natuza Nery
SALVADOR (Reuters) - O líder do PSDB na Câmara, deputado Jutahy Magalhães, inimigo do carlismo na Bahia, expôs nesta quinta-feira o candidato do seu partido à Presidência, Geraldo Alckmin, a uma cena constrangedora: disse durante evento com o tucanato local que votou em Jaques Wagner, governador eleito pelo PT e um dos cabos eleitorais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Estamos muito felizes com a vitória de Jaques Wagner na Bahia, derrotamos o carlismo, essa força do atraso. Estou dizendo isso de forma pública, não para constrangê-lo", disse Jutahy, dirigindo-se a Alckmin.
"Se aqui na Bahia passar a idéia de que sua vitória é a tábua de salvação do carlismo, sua derrota será imensa", acrescentou o deputado em duro discurso contra Antônio Carlos Magalhães, cacique do PFL baiano.
Jutahy fez ao presidenciável dois pedidos: que ganhe as eleições dia 29 e que, caso eleito, dê "a sua palavra firme de que o governador Jaques Wagner será apoiado de forma decisiva em seus pleitos."
Presidente do PSDB local, Jutahy disse ainda que "a moeda de troca" que ACM irá pedir por apoiar a campanha de Alckmin na Bahia é inviabilizar o governo do petista. "A história política da Bahia demonstra que assim é feito por essas oligarquias atrasadas", acrescentou.
Alckmin discursou em seguida, mas ignorou os ataques de Jutahy. "Tivemos mais de 26 por cento dos votos aqui na Bahia e acho que vamos crescer ainda mais", disse o candidato.
Ele voltou a empunhar a bandeira da ética, da agenda do crescimento e da eficiência do Estado, cumprimentou o candidato derrotado ao governo baiano, Paulo Souto (PFL) --a quem chamou de "uma pessoa correta e honrada"-- e também Jaques Wagner, desejando que tenha "um bom mandato".
"Eu vou ganhar essa eleição porque sou diferente do Lula... Nós vamos investir na Bahia, de mãos dadas, parceiro do governo eleito pelo povo baiano, Jaques Wagner, e acima de tudo, parceiro do povo. O Lula perseguiu Paulo Souto e virou as costas para a Bahia", disse Alckmin.
Alckmin compareceu ao evento do PSDB em Salvador, que entrou na agenda de última hora, antes de seguir para encontro maior com pefelistas, organizado por ACM.
Lula teve 66,7 por cento dos votos na Bahia, contra 25,78 por cento de Alckmin. Numa reviravolta na campanha para o governo do Estado, Jaques Wagner venceu o atual governador Paulo Souto, apoiado por ACM, no primeiro turno com 52,89 por cento dos votos. A Bahia é um dos principais destinos do Bolsa-Família e do programa "Luz para Todos."
1 - Repararam que todos os institutos de pesquisas erraram por muito, nessas eleições ? Vide Bahia, São Paulo, Minas Gerais, etc. Será que esses institutos, que sempre fizeram pesquisas por décadas, cometeriam erros tão grosseiros ?
2 - Repararam que em São Paulo a apuração demorou mais que nos demais estados ?
3 - Repararam que quase todos os integrantes da CPI das Sanguessugas -- que iria convocar ontem o Barjas Negri, Abel Pereira e José Serra mas, não convocou por falta de quórum -- inclusive o Biscaia do PT, Presidente da CPI, e que sempre foi campeão de votos do Rio, não conseguiram se eleger ?
4 - Já leram abaixo, neste mesmo blog, os textos do Paulo Henrique Amorim e da IDGNow -- revista especializada em tecnologia da informação -- falando sobre as nossas urnas que são passíveis de fraude sem deixar vestígios ?
5 - ...e a Jandira Feghali, candidata ao Senado pelo Rio de Janeiro e que não se elegeu e que tinha, uma semana antes das eleições, mais de 20 pontos percentuais de diferença para o Francisco Dornelles, que foi eleito ?
6 - Estou viajando ou tenho motivos para desconfiar do TSE ?
"A burguesia forçou o 2º turno; agora, o povo precisa se unificar em torno de Lula"
ENTREVISTA – JOÃO PEDRO STEDILE
Apesar de ser um crítico ácido do que grande parte da esquerda brasileira tem considerado desvios programáticos do governo Lula, o economista João Pedro Stedile, membro da coordenação nacional do MST, alerta: o que está em jogo agora é o projeto político para o país.
Verena Glass - Carta Maior
SÃO PAULO – O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) - e especialmente João Pedro Stedile, membro da sua coordenação nacional -, apesar das ligações históricas com o PT não pode ser acusado de condescendente com o governo Lula. Nos quatro últimos anos, as ocupações de terra e ações do MST dobraram, partiram do movimento algumas das críticas mais ácidas à política econômica do ministro Palocci e, enquanto parte dos companheiros de luta, como os movimentos sindical e estudantil, saíram em defesa incondicional da reeleição do presidente, o MST se calou. Até agora.
Diante deste segundo turno - depois de quase ganhas as eleições no primeiro -, mais do que os nomes de Lula e Alckmin, avalia Stédile, o que está em jogo são dois diferentes projetos para o país. E o representado pelo candidato tucano definitivamente não agrada aos movimentos sociais, o que automaticamente leva à convocação das forças populares para a luta pela reeleição de Lula. Leia a seguir a entrevista de Stédile à Carta Maior
Carta Maior - Com o segundo turno, são duas as opções que se colocam para o país: Lula ou Alckmin. O que, em sua opinião, está em jogo agora? Duas visões diferentes de política, dois projetos distintos para o país, uma perspectiva distinta, dependendo do vencedor, para o avanço das lutas sociais?
João Pedro Stedile – Avalio que não se trata, neste momento, de julgar quem é o melhor nome. Trata-se de julgar que projeto interessa ao povo brasileiro. O que está em jogo agora é se as forças do capital financeiro, aliado ao capital internacional e às elites brasileiras, vão consolidar seu projeto ou não. Alckmin representa a retomada do poder pelas classes dominantes, para implementar de forma hegemônica o modelo neoliberal. Seria uma grande derrota para a classe trabalhadora e para o povo brasileiro. Lula representa uma composição de forças sociais, onde há também setores das oligarquias e da burguesia brasileira. Mas representa a possibilidade de transição para um projeto de desenvolvimento nacional. Por isso não tenho duvidas. Precisamos derrotar a candidatura Alckmin. Em relação às lutas sociais, todos conhecem a postura das elites brasileiras: sempre trataram o povo, desde o colonialismo, com o capitão do mato, na base da repressão. CM – Na campanha deste primeiro turno, houve uma retomada do discurso conservador, que, por vezes, se caracterizou nitidamente como luta de classe. Ao mesmo tempo, pouco se debateu os projetos concretos das diversas candidaturas, para que as diferenças ficassem mais claras. Como você avalia esse fenômeno?
JPS - A disputa real dos projetos políticos se dá na sociedade, e como somos uma sociedade de classes e extremamente desigual e injusta, evidentemente que os projetos precisam representar interesses de classe. Quando eles não representam ou se confundem, o processo eleitoral vira uma disputa apenas de cargos ou de grupos. Veja a situação que vivemos. No primeiro turno não houve debate, e, na prática, as candidaturas não defenderam projetos. Mas a burguesia brasileira não nos faltou, e agiu. Foi a classe dominante que, na reta final, deu um caráter de classe para a campanha, e se unificou em torno da candidatura Alckmin, quando percebeu que poderiam derrotar o Lula. Foi essa mudança e consciência de classe da burguesia que forçou o segundo turno, e ao mesmo tempo transformou a campanha do segundo turno numa campanha totalmente diferente do primeiro: agora, as candidaturas vão representar projetos de classe, ainda que difusos. A burguesia vai se unificar em torno Alckmin, e a classe trabalhadora, o povo, precisa se unificar em torno de Lula, independe de suas propostas.
CM - O MST, ao contrário de outras entidades, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a União Nacional dos Estudantes (UNE), não se pronunciou publicamente em defesa da candidatura de Lula no primeiro turno...
JPS - O MST tem como princípio manter a autonomia em relação a partidos, governo, Estado, igrejas. Isso significa que, enquanto organização, não tomamos decisões partidárias ou eleitorais. Mas como militantes sociais, temos a obrigação de participar ativamente da política brasileira, agirmos na política. A imensa maioria de nossa base e militância participou e optou individualmente pela candidatura Lula no primeiro turno. A marca dessas eleições, pelo menos no primeiro turno, no entanto, foi uma pasmaceira geral em função da falta de debate de projetos. E uma das causas desta imobilidade foi a forma como foi feita a campanha Lula: ainda privilegiou os marketeiros, a televisão, e não estimulou a participação da militância social. Por isso, pouquíssimos militantes dos movimentos sociais, e mesmo dos partidos, tiveram uma atuação ativa nessa campanha.
CM - Qual seria a relação do MST com um possível segundo mandato de Lula? O movimento apresentará propostas ou demandas de cunho programático? Por outro Lado, qual seria a estratégia do movimento caso Alckmin seja eleito? Como avalia essa possibilidade?
JPS - Não trabalho com a possibilidade da vitória de Alckmin, embora ele tenha chances reais. Mas acredito que as forças populares da sociedade brasileira, que são amplamente majoritárias, não querem a volta do neoliberalismo puro. Portanto, acho que a correlação de forças na sociedade nos favorece, apesar dos erros da campanha de Lula e dos poucos avanços que tivemos no primeiro mandato. Em relação a mais quatro anos de governo Lula, o MST manterá sua autonomia, como mantivemos ao longo do primeiro mandato. A opinião publica e a imprensa são testemunhas que aumentamos muito as mobilizações no campo, são testemunhas de nossas críticas à política econômica do governo, à timidez do processo de reforma agrária. A própria direita fustigou o governo porque não reprimia as nossas lutas. O nosso papel é seguir organizando o povo, para ter consciência, se mobilizar e lutar. E evidentemente que vamos apresentar nossas propostas de reforma agrária e de mudança de modelo econômico. Faremos nosso congresso nacional logo no inicio do ano de 2007, e nesta oportunidade apresentaremos as nossas demandas. Nós estamos debatendo essas propostas em nossa base desde meados do ano.
CM – Com o advento dos governos progressistas na América Latina, os movimentos sociais - e em especial a Via Campesina, da qual o MST faz parte -, tem aprofundado o debate sobre as relações internacionais e a integração da região, do ponto de vista da sociedade civil. Como vê as duas opções de governo nesta área?
JPS - Alckmin seria o retorno da hegemonia do governo dos Estados Unidos sobre a América Latina. Agora, o continente está num processo de transição, e em praticamente todas as eleições o povo tem votado em candidatos antineoliberais. Isso gerou três grupos de governos: um grupo de esquerda - Venezuela, Bolívia e Cuba -, um grupo de governos de caráter moderado mas em transição do neoliberalismo, e que enfrenta pontualmente a política americana - Brasil, Argentina, Uruguai, Peru e Equador -, e o grupo dos países que se colocam como fieis aliados dos americanos - Chile, Paraguai e Colômbia. Uma vitória do Alckmin seria o desequilíbrio pró-EUA, com a ida do Brasil para o grupo dos aliados servis.
CM - Como avalia a esquerda brasileira hoje, e quais, na sua opinião, seriam as suas perspectivas? Existe algum "culpado" pela situação em que se encontra? O que seria preciso para que se fortalecesse, principalmente frente ao ascenso do conservadorismo do cenário político desenhado nestas eleições?
JPS - Primeiro, nossa avaliação é que não houve grandes alterações na correlação de forças políticas a partir das eleições. Acho que mantivemos o mesmo quadro. Os conservadores avançaram com a eleição de alguns governadores e senadores, mas as forças populares tiveram vitórias importantes na Bahia, e poderão ainda ter no Paraná, Rio Grande do sul, Pernambuco e Pará. Na Câmara se manteve a mesma correlação de forças. Segundo: Há um contexto histórico que é muito adverso para a classe trabalhadora e para a esquerda em geral no atual período,. Sucintamente, os 15 anos de neoliberalismo representaram uma derrota muito grande pros interesses do povo. E alteraram as classes, e a economia nacional. Tanto é que elegemos Lula para derrotar o neoliberalismo, e isso ainda foi insuficiente. Os movimentos de massa estão em refluxo. E a esquerda em geral está numa crise ideológica, de valores, de pratica política. E há uma correlação de forças extremamente adversa no uso dos meios de comunicação, nas universidades e no poder do Estado, que sempre operam contra o povo, contra os trabalhadores. Como superar esse quadro histórico adverso? Não será uma eleição, nem uma formula milagrosa; será um longo trabalho, que exige paciência histórica, que poderá aglutinar as forças populares em torno de um novo projeto para o país. E para isso precisamos retomar o trabalho de base, formar militantes, ter nossos próprios meios de comunicação e estimular todo tipo de lutas sociais, em especial com a juventude urbana. Para que de tudo isso resulte um novo período histórico de reascenso do movimento de massas, como foram nos anos de 1945 a 1964, de 1978 a 1989, e assim se altera a correlação de forças e a esquerda poderá avançar. Por isso, para que seja possível superar esses desafios, a tarefa principal é derrotar a direita, derrotar a candidatura Alckmin, pois sua vitória representaria um alongamento desse período adverso.
Nestas eleições, candidaturas tucanas tentam fugir do tema das privatizações. Garantem que não pretendem privatizar nada. Declarações gravadas e impressas conspiram contra esse esforço. Um esforço para esconder uma idéia no armário à espera da abertura de uma nova janela de oportunidade.
PORTO ALEGRE - Por que os políticos tucanos e de plumagens similares não falam mais abertamente em privatizações, um tema caro ao seu ideário econômico? Há uma resposta óbvia a tal questão e que consiste em lembrar a derrota que sofreram nas urnas em 2002. Isso não significa, porém, que deixaram de pensar no assunto ou que varreram essa proposta de seus programas partidários. Hoje, a palavra “saiu de moda”, mas, volta e meia, algum político ou economista não resiste e abre o seu coração. Isso aconteceu recentemente com o candidato Geraldo Alckmin. Em entrevista ao jornal O Globo (15/01/2006), admitiu que pretende retomar a política de privatizações implementada pelo governo FHC. Alckmin citou os bancos estaduais entre suas prioridades: “A maioria já foi privatizada, mas deveriam ser todos. Tem muita coisa que se pode avançar. Susep, sistema de seguros, tem muita coisa que se pode privatizar”, reconheceu.
Nesta mesma entrevista, Alckmin foi perguntado se os Correios estariam nesta lista de “muita coisa que se pode privatizar”. A resposta foi evasiva, mas deixou a porta aberta para a iniciativa: “Correios acho que teria que amadurecer um pouco”, disse. Amadurecer um pouco, tomando a expressão em seu sentido mais básico, significa dizer que a empresa ainda está “verde” e precisa esperar um pouco para ser “colhida”. É sintomático que, no discurso da campanha eleitoral, essas declarações permanecem no subterrâneo do discurso. Ocorre o mesmo no Rio Grande do Sul, onde a candidata tucana Yeda Crusius não fala em privatizar mas sim em implementar um “novo jeito de governar”. Mas ela escolheu como seu vice de chapa, o empresário Paulo Feijó (PFL), que já defendeu publicamente a privatização do Banrisul e inclusive de escolas estaduais. Assim como a palavra “privatização” não aparece no discurso de Yeda, seu vice permaneceu escondido na propaganda de televisão no primeiro turno.
O Estado perfeito, segundo Paulo Feijó
Alguns partidários e apoiadores das candidaturas tucanas dizem que associá-las ao tema das privatizações é uma mentira e que nada disso está em seus planos. O que conspira contra essa opinião são as declarações dos próprios candidatos. A entrevista de Alckmin ao Globo é clara e sem ambigüidades. Mais ainda as idéias expressas por Paulo Feijó. Logo após assumir a presidência da Federação das Associações Comerciais e de Serviços do RS (Federasul), em 2004, Feijó disparou uma saraivada de críticas contra o governo Rigotto, apresentando sua receita para a gestão do Estado: “o Estado deve deixar de participar de atividades que não dizem respeito a ele. O estado precisa prover à sociedade segurança e liberdade, talvez transporte coletivo, mas não uma Procergs (companhia de Processamento de Dados do RS), não uma CEEE (companhia pública energética). Nós temos iniciativa privada para estas atividades, que podem oferecer ao consumidor e ao público preços mais competitivos via licitação. Não compete ao estado operar nestes casos”, disse Feijó ao jornal Diário Popular (30/05/2004).
Mas o entusiasmo privatista de Feijó não pára por aí. Na mesma entrevista, ele apresentou sua concepção de mundo perfeito: “Eu quero a competição, quero ter a liberdade de optar de quem comprar combustível, de quem comprar energia, de quem comprar telefone, de quem comprar água. Eu quero que seja promovida a competição, a competição é que traz eficiência e menores preços ao mercado. A partir do momento em que você só pode comprar de um não interessa se é do estado ou não, está errado. Interessa é melhor qualidade, menor preço e variedade de oferta”. Ou seja, nem a água escapa de seus planos. O que é sintomático, neste e em outros casos, é o esforço em tentar ocultar seus discursos e seus agentes. Ainda no RS, o deputado federal Eliseu Padilha (PMDB), ex-ministro dos Transportes do governo FHC, partidário das privatizações de longa data e articulador da campanha de Alckmin, condicionou o apoio de seu partido a Yeda Crusius a um compromisso público contra a proposta das privatizações.
Idéias no armário
O esforço em esconder esse tema no armário leva algumas lideranças inclusive a jurar de pés juntos que nunca falaram em privatização. É o caso do próprio Feijó que, em entrevista à rádio Bandeirantes, de Porto Alegre (04/10/2006) afirmou que nunca falou em privatizar, desafiando alguém a encontrar algo gravado sobre isso. Pois há. Não só gravado como impresso. Em um debate realizado na TV COM (RBS), durante o governo Rigotto, chegou a defender a privatização de escolas estaduais, provocando protestos por parte do secretário estadual de Planejamento do governo Rigotto, João Carlos Brum Torres. Mas o caso de Feijó não é isolado. No plano nacional, a candidatura Alckmin segue o mesmo padrão. Um de seus formuladores na área econômica, o economista Luiz Carlos Mendonça de Barros (ex-ministro das Comunicações do governo FHC e um dos principais articuladores do processo de privatizações no setor) também permanece à sombra na campanha tucana. Alckmin diz que não vai privatizar. Vejamos o que diz Mendonça de Barros:
''O governo já deveria pensar na privatização da Petrobras, seguindo a mesma lógica adotada no sistema Telebrás'' (em palestra proferida na Abamec, em São Paulo, no final do segundo governo FHC). ''Há muita coisa ainda (a privatizar), como os serviços portuários, as estradas de rodagem, o setor elétrico, a Petrobras'' (em recente entrevista à revista Exame). “...se eu estivesse no próximo governo, trabalharia forte na privatização da Petrobras. Esse não é um projeto simples. Tem de ser muito bem estudado, muito bem planejado. Mas acho que deveríamos quebrar esse monopólio que hoje não se justifica. Privatizar ou não é uma questão que tem de ser avaliada de maneira objetiva, não ideológica. Não tenho nada contra a empresa pública, mas quando a empresa pública não tem mais razão de existir, ela precisa ser extinta, e o negócio, vendido para a iniciativa privada''. Se esse é o ideário tucano para o Estado, por que tanto esforço em escondê-lo?
Uma agenda à procura de uma janela
Uma boa parte da resposta consiste em afirmar que não há ambiente político para isso hoje no Brasil. As conseqüências desastrosas do modelo de Estado mínimo ainda estão vivas na memória da população de vários países da América Latina. Nunca é demais lembrar que, não faz muito tempo, alguns dos principais países do continente eram governador por Carlos Menem, FHC e Fujimori. Essas forças políticas permanecem aí, sofreram uma derrota política, mas não desapareceram. Tampouco suas idéias desapareceram. E menos ainda essa agenda saiu de cena do cenário internacional. Nos debates sobre acordos comerciais envolvendo a Organização Mundial do Comércio (OMC), a União Européia e o Mercosul, a privatização de serviços públicos como saúde, educação e abastecimento de água, permanece uma agenda vivíssima. O fato de ter sofrido uma derrota política no Brasil não significa que ela (essa agenda) não esteja à espera da abertura de uma nova janela para voltar com força. Ela permanece mais viva e assanhadíssima.
Uma pequena nota publicada terça-feira (03/10/2006)e na Folha de São Paulo afirma que o governo inglês, por meio de David Miliband, secretário de Meio Ambiente britânico, divulgou na semana passada no México um plano para transformar a floresta amazônica em uma grande área privada. O anúncio foi feito em um encontro realizado na cidade de Monterrey, segundo informou o jornal Daily Telegraph. Um encontro que reuniu os governos dos 20 países mais poluidores do mundo. A proposta inglesa, que contaria com o apoio do primeiro-ministro Tony Blair, teria por objetivo “proteger a floresta”. Miliband admitiu que a idéia está em seu estágio inicial e que será preciso “discutir as questões de soberania” da região com o Brasil. O plano, segundo ele, prevê que uma grande área da Amazônia passaria a ser administrada por um consórcio internacional. Grupos ou mesmo pessoas físicas poderiam então comprar árvores da floresta. E há quem diga que agenda das privatizações saiu de moda !!!
Marco Aurélio Weissheimer é jornalista da Agência Carta Maior (correio eletrônico: gamarra@hotmail.com)
O prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia (PFL), criticou em entrevista a Paulo Henrique Amorim nesta quinta-feira, dia 05, a hegemonia da política paulista no Brasil (aguarde o áudio). Maia disse que o PSDB deveria ter feito uma escolha que não tivesse essa marca paulista.
Cesar Maia lembrou que o presidente Lula, apesar de morar em São Paulo e ter base política em São Paulo, conseguiu uma identificação com o eleitor do nordeste do país. “Nunca aconteceu em nenhuma eleição aberta no Brasil alguém ter 68%, 70% de votos em uma região”, disse Maia em relação à votação de Lula no nordeste.
Segundo Cesar Maia, quando se toma uma decisão política em relação a um Estado, é preciso se levar em conta as questões regionais. O prefeito do Rio de Janeiro comentou em seu “ex-blog” nesta quinta-feira (clique aqui para ler) que “o paulicentrismo é como se a federação brasileira fosse uma carga para São Paulo, e que nos demais Estados valesse tudo, mas não em São Paulo”.
Veja a íntegra da entrevista de Cesar Maia:
Paulo Henrique Amorim - Prefeito, o seu “ex-blog” tem hoje uma discussão que eu gostaria de tratar dela. Já conhecemos sua opinião sobre o apoio de Garotinho a Geraldo Alckmin, mas seu blog diz a certa altura: “na lógica do vale tudo pelo voto, deveria na lógica do vale tudo pelo voto, deveria fazê-lo exatamente como o fez com Garotinho. Mas aí entra uma questão que a cada dia se torna mais grave: o paulicentrismo. É como se a federação brasileira fosse uma carga para São Paulo, e que nos demais Estados valesse tudo, mas não em São Paulo. Parafraseando um presidente americano: São Paulo não tem amigos, mas interesses”. O senhor coloca na discussão um problema que estava fora da discussão. Por que o senhor fez isso?
Cesar Maia - Bem, esse é um tema que se discute já há algum tempo. Inclusive na hora da escolha do PSDB, teria que se ver uma maneira que se desenvolveria uma candidatura onde não ficasse essa marca paulista. O Lula, que também é de São Paulo, politicamente ele é de São Paulo, ele conseguiu uma identificação com o eleitor do nordeste. Aliás, como nunca aconteceu em nenhuma eleição aberta no Brasil. Alguém ter numa região do Brasil 70% dos votos, 68%, isso é uma novidade. Perigosa também porque divide o país e as pessoas de uma região não sabe por que a outra foi eleita, porque na verdade foi eleita em outra região. Mas essa carga que São Paulo digere, quer dizer.... O ministério do presidente Fernando Henrique era um ministério paulista, o próprio Lula, durante algum tempo também teve um ministério um pouco com essa cara. Então, quando se toma uma decisão em relação a um Estado de uma federação. Federação onde a União é uma abstração e os Estados e Municípios é que compõem essa federação. E não se leva em conta as questões regionais, sequer se consulta sobre se essa decisão seria uma decisão positiva. Não se olha o mata da eleição para saber onde o Alckmin esteve bem ou não esteve bem, ou que tipo de apoio ele necessita para crescer, para absorver os votos, que são votos que pelas perdas no Rio de Janeiro, que não votaram nele nem no Lula: o eleitor da Heloísa Helena e do Cristovam Buarque, que aqui no Rio teve votação maior. Ele vai e acerta esse eleitor na sua decisão. O eleitor da Heloísa Helena e do Cristovam Buarque no Rio de Janeiro são os antípodas do Garotinho. Então ele dá um tiro no pé, na medida em que ele caminha numa direção equivocada e do outro lado ele atropela os próprios parceiros do estado federado, porque eles podiam ter razões. Para eu dizer: atenção, ele é capaz de me dar o voto do evangélico no Pará, no Amazonas, não sei aonde etc. Eu preciso disso. Então vamos ver como é que você vai fazer a coreografia para que não afete a ele aqui no Estado do Rio de Janeiro. Não, fez uma coisa de forma precipitada, um político em decadência no Rio de Janeiro. Na capital mostrou agora: em Niterói e no Rio de Janeiro a Denise Frossard venceu o Sérgio Cabral. E o Alckmin venceu em quase todo o interior, com mais de 40% dos votos, com exceção da região sul, que é a região de Barra Mansa, Volta Redonda e da região dos lagos, que é a região de Cabo Frio, que é onde Lula foi melhor. Então o problema, na verdade, estava na baixada fluminense, onde o PSDB tem o maior líder da baixada fluminense, que é o Zito, que foi prefeito e foi deputado, só que não fez a campanha do Alckmin. Não tinha um papel, não tinha um cartaz, não tinha rigorosamente nada. Eles tinham que resolver primeiro por dentro deles, de que maneira que ele assumiria a campanha. Então, é uma coisa completamente equivocada, sinais para dentro são muito negativos e sinais para fora muito negativos. Eu vi hoje nos jornais e até botei no “ex-blog”, declaração do governador Jarbas Vasconcelos, a declaração do Gabeira, alguns colunistas críticos como o Josias de Souza, como o Chico Vargas. Então eu não sei o que conseguiu com isso. Não se pode imaginar que num segundo turno de eleição, em que o Alckmin vem crescendo e que tem que ser impulsionado esse crescimento dele se improvise.
Paulo Henrique Amorim - Agora, eu pergunto: isso pode ser fatal para a candidatura de Denise Frossard?
Cesar Maia - Isso muda a estratégia da candidatura. Fatal não, pode ser até o contrário. Quer dizer, afirmando uma posição de independência pode ser que puxe um voto que o Alckmin não conseguirá mais puxar. Mas a nossa estratégia era completamente diferente: era colar com Alckmin no interior, onde ele já foi muito forte na campanha eleitoral; colar o Alckmin conosco... quando eu falo de Rio e Niterói, eu falo de metade dos eleitores, não estou falando de duas cidades, estou falando de 50% dos eleitores. E nós teríamos uma equação a ser resolvida para os dois, Alckmin e.... que era a baixada fluminense. Uma equação que tinha que começar a ser resolvida a partir da própria liderança do Zito. E depois em cada um dos municípios, ver a liderança local que não está no poder que poderia se somar, tendo em vista a eleição de 2008 para prefeito. Porque assim: “80 prefeitos apóiam o Sérgio Cabral”. Mas tem do outro lado, 80 candidatos a prefeito, ou 160, que não querem que esses prefeitos permaneçam em 2008. Então acho que mais que sobra para você subir da forma que foi feita, se produziu foi desgaste.
Paulo Henrique Amorim - E eu lhe pergunto, prefeito, isso pode ter um efeito sobre o desempenho do Alckmin e do Lula no Rio de Janeiro como Estado?
Cesar Maia - Já teve, em favor do Lula e contra o Alckmin. Agora, isso pode ser revertido? É claro que pode. Eu sou eleitor do Alckmin, não tenho dúvida nenhuma, ninguém vai mudar o voto em função de uma ação desastrada. Isso pode ser revertido, mas que o primeiro impacto foi esse... Eu meço pelo tipo de informação que eu tenho, sondagens que eu mando fazer. Eu não tenho pesquisa nenhuma não, vou ter no fim de semana só. Mas eu tenho meus e-mails que recebem 500 e-mails por dia. A gente vai poder fazer a seleção, olhar os argumentos, os pontos de vistas.
Paulo Henrique Amorim - É sua pesquisa qualitativa?
Cesar Maia - A minha pesquisa por percepção daquilo que eu recebo, que chega a mim, com a experiência que a gente vai acumulando. Eu diria que o primeiro impacto foi muito negativo. Agora, pode ser revertido? Claro. Pode se explicar? Certamente. Você vê que o Lula vem hoje ao Rio de Janeiro, 15h está com o Sérgio Cabral. E o Garotinho faz uma chapa Alckmin e Cabral. Onde? No interior, onde quem ganhou foi o Alckmin. Então ele está levando o Cabral para o interior. Nós íamos com o Alckmin para o interior... na região serrana, o Alckmin teve uma votação explosiva, quarenta e tantos por cento de votação. Nós iríamos com ele para o interior e o Garotinho está pegando carona no Alckmin, ao contrário do que ele imagina, pegando carona no Alckmin e levando o Cabral atrás do Alckmin. É um desacerto completo.
Paulo Henrique Amorim - E isso, na sua opinião, provém desse mal maior que é o que o senhor chama de “paulicentrismo”?
Cesar Maia - Claro, eu queria ver se o Maluf declarasse hoje que pretende votar no Alckmin se ele faria uma reunião com o Maluf com pompas e circunstâncias. Eu não tenho dúvida, quer votar vota.
Paulo Henrique Amorim - É o que o Fernando Henrique falou hoje: “apoio não se discute”.
Cesar Maia - Claro, agora, reunião sim. Então eu vou dizer, imagine se o Fernandinho Beira-Mar quiser declarar que seu grupo vai votar no Alckmin, ele vai receber um representante do Fernandinho Beira-Mar? O PCC acha que é melhor votar no Lula, aí vão os representantes do PCC.... Eu estou fazendo um exemplo aqui por absurdo, mas para se saber qual a lógica desse tipo de... quer votar? Pelo amor de Deus, “muito obrigado”. Manda até uma carta de agradecimento. Mas nós vivemos numa sociedade da imagem. Na hora que fez a imagem com a família toda e uma imagem prazerosa, todos rindo, todos satisfeitos, essa imagem que impacta e que fica. E é isso que se fez e se produziu no Rio de Janeiro. Não sei o que vai acontecer no Amazonas, Goiás, em Minas Gerais, eu não sei. Sei que no Rio foi uma decisão desastrada para o Alckmin.
Paulo Henrique Amorim - O senhor acredita que esse quadro do segundo turno, o Lula entra derrotado e o Alckmin entra vitorioso ou começa tudo de novo?
Cesar Maia - Acho que nem uma coisa nem outra. O Lula teve 48,5% dos votos, o Alckmin teve 38% dos votos. Então você tem uma diferença aí de 10 pontos. Você tem a Heloísa Helena e o Cristovam Buarque que tiveram 9% dos votos. Então você tem uma parte do eleitor do Alckmin que é o eleitor flutuante, que pode mudar. Eu diria que desses 30%, 3% são flutuantes, que eles migraram na última hora da Heloísa Helena para ele, que ele tendia ter 35%. Você tem o eleitor do Lula que também é flutuante. Eu diria que talvez desses 44% de votos, incluindo brancos e nulos, que o Lula teve...
Paulo Henrique Amorim - 48%, 48%...
Cesar Maia - 48% de válidos. 44% de votos efetivos. E esses 44% de votos efetivos, eu diria que também pelo tipo de avaliação de governo, ele deve ter uns 4 pontos aí que são flutuantes. Então você tem de partida 40% a 35%. É uma boa partida para o Alckmin né? Uma boa partida. Só que você tem de outro lado uma massa de votos de... tirou 4 do Lula, tirou 3 do Alckmin, somou com mais ou 8 aqui, você 15% dos eleitores que vão ter que ser capturados por um outro candidato. Então você tem uma eleição que exige uma qualidade de análise, de intervenção muito grande. O que o Alckmin deveria ter feito na segunda-feira depois da eleição: pego um avião, tomado cafezinho em Fortaleza; depois pega o avião vai para Recife, toma cafezinho em Recife; depois toma cafezinho em Natal; depois toma cafezinho em João Pessoa; depois quem sabe dá um pulo e conversa com o governador Aécio Neves e agradece pelo crescimento que ele teve no final em Minas Gerais; quem sabe dá um pulinho em Montes Claros, a terra do JK. Agora, deixe o Tasso Jereissati, o Sérgio Guerra tratando da política formal. O candidato só entra na política formal depois do acordo estabelecido, não entra de frente. Acho que foi tudo errado, mas vamos crer que recupera.
Paulo Henrique Amorim - Ele não consultou o senhor, não conversou com o senhor, antes de receber o apoio do Garotinho?
Cesar Maia - Rigorosamente nada. Nenhum telegrama. Nem um e-mail. Ele sabe que eu acompanho e-mail. Se ele tivesse mandado um e-mail às 03h da manhã ele teria a resposta às 05h.
GAROTINHO: “VOU DIMINUIR A VANTAGEM DE LULA NO RJ”
05/10/2006 12:32h
O ex-governador Anthony Garotinho promete diminuir a diferença de votos de Alckmin para o presidente Lula no Rio de Janeiro. Em entrevista a Paulo Henrique Amorim nesta quinta-feira, dia 05, Garotinho disse que o PMDB foi o grande vitorioso no Estado ao eleger a maior bancada federal, para a Assembléia Legislativa, e o candidato ao Senado que ele apoiou (clique aqui para ouvir - http://conversa-afiada.ig.com.br/mplayer/?52531).
Sobre o apoio ao tucano Alckmin, Garotinho disse: “Eu não ofereci apoio. O apoio me foi oferecido”. Segundo o ex-governador, o apoio foi solicitado pelo presidente do partido, deputado Michel Temer.
Depois que o prefeito carioca criticou o apoio explícito de Garotinho a Alckmin, o ex-governador disse que Cesar Maia “deveria deixar as questões locais de lado”.
Para Garotinho, Lula discriminou o governo do Rio e se aliou à “outra banda” do PMDB. Além disso, Lula contribuiu para que o ex-governador não fosse o candidato do PMDB à Presidência.
“O que eu não aceito é que as pessoas questionem ética comigo”, continuou Garotinho, que disse ter o mesmo patrimônio desde que entrou para a política, há 25 anos.
Leia a íntegra da entrevista com o ex-governador Anthony Garotino:
Paulo Henrique Amorim: Eu vou conversar agora com o ex-governador Anthony Garotinho. Governador, o senhor vai bem?
Anthony Garotinho: Muito bem, muito contente. O PMDB no Rio de Janeiro teve uma grande vitória. Elegemos o maior número de deputados federais no Estado, o maior número de deputados estaduais, elegemos o nosso senador, e quase ganhamos a eleição no primeiro turno com Sérgio Cabral. Foi uma grande vitória do partido.
Paulo Henrique Amorim: O senhor voltou, evidentemente, ao centro da discussão política do país com a declaração de seu apoio a Geraldo Alckmin e da reação de seu adversário político, aí no Rio, o prefeito Cesar Maia. Evidentemente que a questão agora é saber: o senhor acha que essa reação a seu apoio a Geraldo Alckmin é uma reação que faz sentido ou o senhor reage a essa reação como?
Anthony Garotinho: Eu reajo como uma pessoa que entende o sofrimento do Cesar Maia porque ele perdeu a eleição no Rio de Janeiro. Veja que o PFL fez apenas seis deputados estaduais enquanto nós fizemos 17. Fez cinco deputados federais enquanto o PMDB fez dez. O nosso candidato a senador ficou em primeiro lugar, o dele ficou em quarto lugar. Então, eu acho que, pelo bem do Brasil, ele deveria deixar essas questões locais de lado e pensar agora em entrar no Brasil um governo sério, um governo comprometido com o desenvolvimento, para acabar com essa situação que hoje reina no Brasil, uma situação insustentável, a economia não cresce, a corrupção se avoluma. Então, nós devemos deixar essas questões pequenas de lado. Essa questão do Cesar Maia é uma questão menor. A eleição no Rio de Janeiro, o povo do Rio já se manifestou, e deu ao PMDB, do qual eu sou presidente no Estado, uma vitória incontestável.
Paulo Henrique Amorim: A que o senhor adiciona, soma na candidatura de Geraldo Alckmin?
Anthony Garotinho: Eu queria até deixar um outro ponto claro: eu não ofereci apoio, o apoio me foi pedido. Eu recebi um telefone do deputado Michel Temer, perguntando se eu estava disposto a apoiar no segundo turno Geraldo Alckmin, já que no primeiro turno eu apenas declarei o meu voto para Heloísa Helena, mas não apoiei nem fiz campanha para ninguém. Então ele disse: ‘E se o Geraldo te ligar e pedir o apoio?’. Eu disse, ‘eu atendo’. E foi o que aconteceu. Me ligou, me pediu apoio, marcou comigo em São Paulo e eu fui e apoiei, declarei o meu apoio. Agora, o meu Estado aqui, eu acho a estrutura do PMDB muito forte, Paulo Henrique. Eu creio que nós vamos acrescentar aqui um bom número de votos porque o desempenho dele aqui no Rio de Janeiro foi o pior da região Sudeste. Em toda a região Sudeste, ele teve no Rio de Janeiro um desempenho comparado à região Nordeste. Eu creio agora que com a entrada do nosso grupo político, que é um grupo político forte em todo o Estado, inclusive na região metropolitana, essa tendência, diminuir a diferença de votos no Rio de Janeiro e quem sabe até ganhar. Embora o tempo seja muito curto e a diferença foi muito grande, com uma diferença de mais de um milhão e 700 mil votos a favor do Lula, vamos agora conversar com o eleitor, explicar as razões pela qual o eleitor do Rio não pode votar no Lula. Porque o Lula discriminou o Rio de Janeiro.
Paulo Henrique Amorim: Mas ele está indo hoje aí.
Anthony Garotinho: Sim, mas para o eleitor do Rio de Janeiro, ele sabe bem que foi o Lula que articulou com a outra banda do PMDB, que apóia o Lula, para que eu não fosse candidato à Presidência da República. Você acompanhou toda a trajetória.
Paulo Henrique Amorim: Claro, claro...
Anthony Garotinho: Aquelas jogadas de oferecer ministério ao PMDB, oferecer cargos ao PMDB, oferecer ambulâncias ou sanguessugas, como Ney Suassuna, que apoio o Lula. O que eu não aceito, meu querido Paulo Henrique, é que as pessoas queiram questionar ética comigo. Isso eu não aceito. Por quê? Eu tenho 25 anos de vida pública, eu tenho o mesmo patrimônio: a casa que eu herdei dos meus pais na cidade em que eu nasci. Eu sempre tive todas as minhas contas de prefeito e governador aprovadas pelo Tribunal de Contas e pelas respectivas Câmara de Vereadores e Assembléia Legislativa. Não respondo a nenhum processo por improbidade administrativa. Agora, quem me acusa, não consegue explicar como é que comprou o apartamento de cobertura onde ele mora. O prefeito do Rio de Janeiro mora numa cobertura avaliada em US$ 1 milhão, de frente para o mar, no bairro mais caro do Rio de Janeiro. Com salário de prefeito ele não conseguiria comprar. Isso é ética?
Agora não se trata de mapa falso da Amazônia em livro escolar inexistente. Agora a ameaça é real. Ou o País vota contra o PSDB, contra os Alckmin, os Serra e os FHC, ou corre o risco de ficar sem a Amazônia. Apesar do desmentido capenga, está bem claro que o ministro britânico do Meio Ambiente David Miliband tem o apoio do premier Tony Blair para um plano oculto de privatizá-la e internacionalizá-la.
Antes de Blair, como é sabido, a premier Margaret Thatcher, que desencadeara a fúria da privataria na Grã-Bretanha, chegou a declarar sobre a dívida externa do Brasil e outros países em desenvolvimento: "Eles têm de pagar de qualquer jeito. Se não tiverem dinheiro, que vendam o que tiverem - terras, bens, tudo!" Thatcher saiu, mas Blair, que enfiou a "terceira via" na cabeça vazia de FHC, retoma a idéia.
O pior é que as prometidas privatização e internacionalização da Amazônia soam quase como desdobramento natural do programa do PSDB, com a política externa anunciada pelo candidato Geraldo Alckmin - a da submissão aos interesses dos países ricos, com o abandono da atual política externa independente. Até porque a retomada das privatizações, interrompidas pelo governo Lula, é promessa formal do tucanato.
Internacionalização mais privatização
Voltemos ao fato concreto do projeto dos países ricos, há muito suspeitado. Você pode ler tudo, no original (em inglês), clicando o endereço internet que se segue: AQUI
Ali verá a reportagem assinada domingo, no "Daily Telegraph", um dos maiores jornais britânicos, pelo próprio editor político Patrick Hennessy. Ele expõe o "esquema extraordinário pelo qual a floresta amazônica se tornará um `trust' internacional e suas árvores serão vendidas a indivíduos e grupos". Acrescenta: "Os planos para a `privatização' em larga escala foram levados à reunião do México pelo o ministro do Meio Ambiente, David Miliband".
Pelo jeito, não se esperava a dura reação do Brasil. Mas Hennessy enfatizou que "o esquema é apoiado por Blair e se destina a proteger as plantas e a vida selvagem contra o desmatamento, pois 13 milhões de hectares das florestas do mundo são perdidos anualmente com o desmatamento". Não é ação isolada de Londres: reunião dos países ricos (G8) em 2005 encarregara a Grã-Bretanha de "liderar os programas de mudança climática".
Conforme o texto do "Telegraph", os planos foram levados por Miliband a Monterrey, onde se reuniram ministros de 20 dos maiores países consumidores de energia. A idéia central, atribuída ao ex-ministro Frank Field, deputado do partido do primeiro-ministro, "entusiasmou Blair e Miliband porque `conquistaria a imaginação do mundo' e `uniria a comunidade internacional'".
"Acionistas" serão os novos donos
O editor político Hennessy ainda não sabe com que receita-mágica Blair e Miliband vão impor tal insanidade a países como "o Brasil, onde fica quase toda a floresta amazônica". Citando as autoridades do governo britânico, ele reconhece haver o que chama eufemisticamente "questões de soberania". Diz que serão "negociadas" com o Brasil. Com o governo Lula é pouco provável. E com o PSDB?
"O plano envolveria a criação de um organismo mundial para comprar a floresta antes de ser criado o `trust' que venderia as árvores (madeira). Os compradores seriam `acionistas' da floresta" - afirma o jornal, que ainda cita como figura-chave nos bastidores da trama o tal Johan Eliasch, multimilionário homem de negócios nascido na Suécia e tesoureiro-adjunto do Partido Conservador. No início do ano, diz, Eliasch comprou 400 mil acres da Amazônia por uns 8 milhões de libras.
No México o secretário-executivo do Meio Ambiente, Cláudio Langone, já avisou Miliband que o Brasil repele o plano. Tasso Azevedo, diretor do Serviço Florestal Brasileiro, considerou a idéia absurda, pois "75% da região pertencem ao Estado". O plano brasileiro contra o desmatamento, disse à "Folha de S. Paulo", pode ser ajudado de várias formas, mas nunca com privatização da floresta.
Retrocesso na política externa?
Como privataria é a marca do PSDB, o que virá se por um desatino encorajado pela atual fúria golpista na grande mídia esse partido voltar com sua obsessão privatista? O guru de Alckmin, Luiz Carlos Mendonça de Barros (presidente do BNDES no governo FHC), disse à revista "Exame" que "ainda há muita coisa a ser privatizada", inclusive Petrobras, setor elétrico, serviços portuários, estradas de rodagem, etc.
Terá o País esquecido a histeria dos abutres do "Utererê" na entrega do patrimônio (com dinheiro do BNDES) por bilhões aquém do valor e comissões para apaniguados? Esqueceu a Vale, Telebrás, controle da telefonia pelos ladrões da WorldCom, entrega de empresas de energia aos vigaristas da Enron? Segundo FHC, o dinheiro da privatização ia reduzir a dívida interna. Ela dobrou, foi a 57,7% do PIB. Sem privatizar nada Lula, pôde reduzi-la a 51% do PIB.
O retorno à privataria seria coerente com a política externa anunciada por Alckmin no jornal "Valor Econômico": "Maior prioridade aos países ricos", volta aos "valores tradicionais". Para ele a política externa atual parte de "visão equivocada do mundo". Ele quer o Brasil em marcha a ré para a insignificância na cena internacional. E com a Amazônia entregue a "acionistas" - internacionalizada e privatizada.
As urnas não foram generosas com os parlamentares que defenderam o impeachment do presidente Lula. Veja o que aconteceu com os mais enfáticos defensores do impeachment:
Jorge Bornhausen – Não concorreu e deixa o Senado em dezembro.
Zulaiê Cobra – Disputou como suplente de Afif para o Senado e perdeu.
Tasso Jereissati – Perdeu para presidente, governador, senador e na bancada federal no Ceará. Ciro Gomes fez 15 de 22 deputados federais.
ACM – Perdeu para presidente, governador e senador.
Artur Virgílio – Disputou o governo do Amazonas e perdeu. Ficou em terceiro lugar. Teve menos de 75 mil votos num eleitorado de 1.781.316 eleitores. Ou seja, teve 4,2% dos votos. Seu candidato, Pauderney Avelino, do PFL, perdeu para Alfredo Nascimento do PL a vaga para o Senado.
Heráclito Fortes – Perdeu no Piauí para governador. Além disso, o PFL elegeu dois deputados federais em 10 vagas; e 4 estaduais em 30 vagas. O candidato do PFL ao Senado também perdeu. O senador eleito pelo Piauí foi João Vicente (PTB).
Roberto Freire – Disputou como suplente de Jarbas Vasconcelos para o Senado e venceu. O partido dele, o PPS, corre o risco de acabar. Foi o ultimo deputado federal eleito em 2002 por Pernambuco, já com o apoio de Jarbas Vasconcelos e na chapa do PFL.
José Carlos Aleluia – Se reelegeu deputado federal pelo PFL-BA. Será o líder da bancada do impeachment.
Petrobras diz que acusações de ACM são delírios de um tirano
05/10/2006 - 10h18
Da Folha de S Paulo
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, afirmou que as acusações feitas ontem contra a Petrobras pelo senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) são "delírio de um tirano ultrapassado".
Após sofrer derrota política na Bahia, ACM culpou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo fracasso. Segundo ele, Jaques Wagner só teria sido eleito em razão do uso de dinheiro público, principalmente da Petrobras. O senador chegou a pedir uma CPI para apurar o orçamento da estatal.
"É a oportunidade para se provar a ladroagem na maior empresa do Brasil", disse. Segundo Gabrielli, ACM repetiu uma "prática comum a ele e a seu grupo político", com acusações sem provas, feitas com grande estardalhaço e sem compromisso com a verdade. A estatal afirmou que investe muito em todo o país e também na Bahia, com investimentos em capacidade produtiva, na atividade de refino e em projetos de responsabilidade social.
Em julho, a Petrobras assinou um convênio de R$ 34 milhões com o governador Paulo Souto, do PFL, para recuperação de estradas estaduais. Segundo a estatal, a Bahia concentra o maior pólo petroquímico do país, a segunda maior refinaria e é o terceiro Estado do país em reservas terrestres.
O que atormenta Alckmin é vínculo a FHC, o político mais odiado pelo povo
05/10/2006 - 10h31
Do Vermelho.org
Dez desafios para o segundo turno
por Altamiro Borges*
A confirmação de que a sucessão presidencial será decidida no segundo turno, em 29 de outubro, gerou um otimismo marqueteiro na direita – “Lula teve a sua chance e deixou passar; sua derrota é inevitável”, afirmou o excitado devoto do Opus Dei, Geraldo Alckmin – e causou certo abatimento na militância que apostava na reeleição do atual presidente já no primeiro turno. Mas nada justifica a aparente euforia nas hostes liberais-conservadoras nem o pessimismo entre os lutadores de esquerda bem no meio da batalha.
Em primeiro lugar, porque a votação do presidente Lula foi bastante expressiva, o que mostra a aprovação de algumas políticas do seu governo, o seu carisma popular e a vitalidade da coligação “A força do povo”. Lula obteve mais votos do que no primeiro turno de 2002 – 48,6% contra 46,1% – e sai agora com uma vantagem de 6,7 milhões de votantes. Alckmin é quem precisa correr atrás do prejuízo; Lula deve manter sua base eleitoral, que é bastante consistente segundo vários institutos de pesquisa, e ampliá-la.
Em segundo lugar, porque não se deve subestimar o jogo sujo da direita golpista e da mídia venal. Desde maio de 2005 que a oposição neoliberal, com o descarado apoio da mídia, investe na desestabilização do atual governo. Qualquer outro presidente já teria caído diante deste bombardeio cerrado. Na reta final da eleição, desta vez com a ajuda de alguns petistas “aprendizes de mafiosos”, ela partiu para total baixaria. Até fotos foram vazadas ilegalmente da PF, com o silêncio da mídia. Apesar deste jogo sujo, o presidente Lula ainda saiu na frente no primeiro turno, o que evidencia sua impressionante capacidade de resistência.
Em terceiro, porque o segundo turno se dará numa nova configuração de forças no país. Caciques do PFL foram escorraçados no Nordeste e no Norte, com destaque para o fiasco de ACM, o que pode aumentar a votação de Lula nestas regiões. Mesmo no Sudeste, os tucanos eleitos têm vôo próprio e não bicam com o fanático do Opus Dei. Além disso, a bancada da esquerda não definhou como sonhava a mídia; já o PSDB perdeu cinco deputados e o PFL, 19. Por último, parcelas de esquerda contrárias a Lula no primeiro turno e mesmo setores que se omitiram podem agora, com lucidez, cumprir papel de relevo no segundo turno.
Esta análise, que visa se contrapor à falsa euforia da direita neoliberal e ao veredicto antecipado, parcial e maroto da mídia hegemônica, não deve resultar numa nova subestimação das forças direitistas. A batalha do segundo turno será sangrenta. Nada está decidido. Se a direita jogou pesado na etapa anterior e a mídia simplesmente tirou sua máscara, imagine o que farão a partir de agora. Diante do perigo real da revanche neoliberal, os setores populares, democráticos e patrióticos precisarão arregaçar as mangas, unir forças e concentrar todas as energias no segundo turno. Entre outros desafios, alguns parecem urgentes:
1- Polarizar e politizar a campanha.
O primeiro turno evidenciou uma nítida divisão no país, quase num corte de classes. Com Lula ficaram as camadas populares do Norte e Nordeste e da periferia dos centros urbanos do Sul e Sudeste; com Alckmin estiveram os barões da mídia, das finanças, do agronegócios e da indústria, camadas médias envenenadas e parcelas descontentes com o governo e iludidas com a cruzada moralista. Sem se descuidar da chamada classe média, é preciso explicitar a divisão entre o candidato das elites e o candidato dos trabalhadores e dos “excluídos”, trazendo à tona a gravíssima polarização social no Brasil. Além de polarizar, é urgente politizar o debate, desnudando a plataforma neoliberal contra os trabalhadores e as camadas médias.
2- Desmascarar Alckmin e FHC
Enquanto Lula se preocupou em fazer o balanço do seu governo e apresentar propostas para o futuro, bem ao estilo “lulinha paz e amor”, todos os outros candidatos concentraram seus ataques no atual presidente. Agora é hora de desmascarar o inimigo da direita. Demonstrar a devastação causada por seu desgoverno em São Paulo, com a privatização criminosa das estatais, a redução dos investimentos nas áreas sociais, a explosão do desemprego e da miséria, o descontrole na segurança pública. É preciso, ainda, desengavetar e elucidar a plataforma de Geraldo Alckmin, com as suas propostas ultraliberais. O que mais atormenta o direitista, porém, é o seu vínculo a FHC, o político mais odiado pelo povo brasileiro. A comparação entre os desastrosos oito anos de FHC e os avanços nos quatro anos de Lula é fatal para Geraldo Alckmin. 3- Priorizar o debate programático
No primeiro turno, os adversários insistiram na presença de Lula nos debates da televisão, orquestrando verdadeiras arapucas para emboscá-lo. A sua ausência no debate da TV Globo ainda gera controvérsias, mas parece que a expectativa criada de sua ida teve efeitos negativos nos dois últimos dias de campanha. Agora é Lula quem deve estimular ao máximo o debate na mídia. Com duas candidaturas diametralmente opostas, é mais fácil contrapor projetos, comparar as realizações dos dois últimos governos e denunciar a nefasta administração em São Paulo. Mas o debate programático não depende apenas do candidato. Deve ser feito pelas universidades, sindicatos, associações comunitárias e assentamentos, ajudando a politizar a sociedade, a desnudar a plataforma neoliberal e a avançar na construção do projeto de mudanças no país.
4- Enfrentar a questão da ética
Com o ostensivo apoio da mídia, a direita golpista conseguiu centrar do primeiro turno na discussão sobre a ética. O debate programático foi escanteado; as comparações entre governos e projetos foram ofuscadas. Mesmo invertendo a pauta de discussão, não se pode tangenciar este tema. Além de apurar e punir alguns petistas afoitos, é urgente desmascarar, sem dó nem piedade, o falso moralismo da direita. Que moral tem Geraldo Alckmin para falar em ética sem antes explicar o seu veto a instalação de 69 CPIs, os vestidinhos de Dona Lu e os negócios suspeitos de sua filha na contrabandista Daslu? Que moral tem FHC, o culpado da privataria, do Proer de banqueiros e da compra de votos para reeleição? O governo Lula ao menos não sabotou as CPIs e reforçou a ação da Polícia Federal em operações inéditas de combate à corrupção.
5- Afastar e responsabilizar os “mafiosos”
O debate sobre a ética, porém, exige medidas imediatas, eficazes e exemplares no combate aos desvios de conduta no nosso campo. Se não fosse a ação tresloucada de meia dúzia de “aprendizes de mafiosos”, que tentaram comprar um dossiê de bandidos na reta final da eleição, é bem provável que Lula fosse reeleito no primeiro turno e que se elegesse um maior número de governadores, senadores e deputados do campo progressista. Essa ação, que mais parece uma armação da direita em que afoitos caíram como patinhos, já é recorrente. Está na origem das crises do valerioduto, do mensalão e das sanguessugas. Ela revela uma postura perniciosa e deformada, que subestima a luta política e o vínculo com a sociedade e prioriza os aparatos burocráticos. Também está contaminada pela ambição e pela briga fratricida por fatias de poder. 6- Disputar as camadas médias
Cortando o mal pela raiz e enfrentando o debate sobre a ética, é plenamente possível reconquistar os votos das camadas médias. Desbastando este terreno, o debate programático ganha maior relevo. Reconhecendo os limites do atual governo, é possível demonstrar que o segundo mandato reúne melhores condições para avançar nas mudanças, superando os entraves neoliberais ao desenvolvimento e ao bem estar social. É possível ainda alertar a alienada classe média sobre os riscos do retrocesso neoliberal. A atual situação de instabilidade destes setores decorre da política destrutiva aplicada por FHC, que resultou na elevação do desemprego e na queda da renda das camadas médias, no aumento da tributação regressiva e na explosão de violência nos centros urbanos. A plataforma de Alckmin é a mesma de FHC, piorada, ultraliberal. 7- Ampliar as alianças políticas
Concluído o primeiro turno, as forças políticas procuram conquistar apoios para o round decisivo. Na arte da política, a capacidade de atrair aliados, neutralizar vacilantes e isolar adversários é das mais cruciais e engenhosas. Erros neste terreno costumam ser fatais. A força mais cobiçada no segundo turno é o PMDB, que obteve expressiva votação, elegeu a maior bancada no parlamento e tem forte capilaridade. Outras forças também podem e devem ser procurados. O presidente Lula parece convencido da importância das alianças para garantir a vitória e a própria governabilidade. É necessário que essa amplitude se manifeste em todos os cantos. As coordenações estaduais da campanha, que no primeiro turno foram pouco amplas e meio burocratizadas, devem rapidamente mudar de formato. A envergadura da batalha exige que sejam amplas, plurais, representativas e, acima de tudo, dinâmicas.
8- Reaglutinar as forças de esquerda
Por discordar dos rumos do governo Lula, as esquerdas brasileiras se dividiram no primeiro turno. Sem entrar no mérito das divergências ou no balanço da forma como conduziram suas campanhas, o momento agora exige a mais ampla e generosa unidade para enfrentar o perigo do retrocesso neoliberal. Nenhuma corrente política – e muito menos os trabalhadores e o “pobretariado” – ganhará com o retorno da direita golpista, que deseja “acabar com nossa raça”. A partir de compromissos programáticos e sem perder sua autonomia, é plenamente possível construir pontes que permitam reaglutinar as esquerdas neste segundo turno. Qualquer postura de neutralidade, omissão ou passividade poderá ter conseqüências desastrosas no futuro. O mesmo vale para os setores populares sociais que preferiram se ausentar da batalha eleitoral. O perigo é do retorno, num patamar mais radicalizado, da criminalização dos movimentos sociais.
9- Consolidar e ampliar a votação
Este conjunto de iniciativas poderá permitir a ampliação da vantagem do candidato Lula no segundo turno da sucessão presidencial. O desafio é consolidar e mesmo ampliar a votação nas regiões Norte e Nordeste. Com a derrota das oligarquias ligadas ao PFL e PSDB e o animo redobrado dos vitoriosos, esta ampliação é plenamente possível. Já nas regiões Sul e Sudeste, com o debate programático, a demarcação de campo, a denúncia do plano ultraliberal e a disputa de idéias entre as camadas médias, não está descartada nem a possibilidade da redução da diferença de votos e até da conquista de importantes estados. O bloco liberal-conservador não é tão homogêneo, tem inúmeros atritos e não consegue ampliar as alianças. Como já foi dito, a vitória no segundo turno está ao alcance das mãos.
10- O papel decisivo da militância
Para viabilizar estas e outras iniciativas, porém, a questão chave é o envolvimento abnegado, combativo e criativo da militância política e social. No primeiro turno, em decorrência de vários fatores, sua presença ainda foi tímida e acuada. É urgente reverter este estado de espírito e colocar todas as energias sob tensão. Esta militância voluntária e consciente, forjada em anos de luta contra a ditadura e a ofensiva neoliberal, é o maior patrimônio de que dispõe a coligação “Força do povo”. Ela é, de fato, a força do povo! Sua ativa participação é nevrálgica na luta de idéias que perpassa a sociedade nestes dias; na construção de espaços amplos e plurais de coordenação da campanha; no aumento do visual nas cidades, com as suas camisetas vermelhas, bandeiras e botons; na formação de milhares núcleos de apoio em sindicatos, bairros, escolas, assentamentos. A militância será determinante nesta batalha histórica. Sua responsabilidade é enorme na luta para barrar o retrocesso neoliberal e, principalmente, para avançar nas mudanças no Brasil.
CONDENAÇÃO DE DANTAS EXPLICA REPORTAGEM DA REVISTA VEJA
04/10/2006 17:53h
A condenação de Daniel Dantas na mais alta Corte Britânica (clique aqui para ler) pode esclarecer a reportagem de co-autoria de Dantas na revista Veja, que diz que o presidente Lula, o superintendente da Polícia Federal, Paulo Lacerda, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e o senador Romeu Tuma (PFL-SP) têm contas secretas no exterior. A análise é do repórter do site especializado no mercado de telecomunicações, Teletime News, Samuel Possebon (aguarde o áudio).
Veja a íntegra da entrevista de Samuel Possebon:
Paulo Henrique Amorim – Samuel, tudo bem, eu gostaria de conversar com você de novo sobre a implicação para o Brasil da decisão da mais alta Corte da Justiça Britânica, o Privy Council, que deu vitória ao empresário Luiz Roberto Demarco contra Daniel Dantas num processo que, na verdade, chegou à última e terceira instância do judiciário inglês. O que isso tem a ver com o Brasil? O que pode ter a ver com o Brasil?
Samuel Possebon – A implicação mais séria que eu detecto, lendo aqui a decisão final do juiz da Justiça Britânica é que na verdade o Dantas, nesse processo todo que ele moveu contra o Demarco em Cayman e pelo qual ele foi condenado agora, ele foi na verdade....
Paulo Henrique Amorim – Condenado agora de forma inapelável agora, é isso?
Samuel Possebon – Inapelável, inapelável. Agora não dá mais para recorrer. Ele, na verdade, foi no meio desse processo todo – foi um processo muito longo, durou seis ou sete anos – ele foi acusado pelo juiz em Cayman de ter cometido fraudes, de ter forjado documentos, especificamente documentos que diziam respeito a abertura de constas em fundos de investimentos em paraíso fiscal. Na verdade, ele forjou as fichas, segundo o processo todo, ele forjou as fichas de inscrição do Opportunity Found, que é um fundo por ele gerido no paraíso fiscal de Cayman. Na prática é o seguinte: ele é o dono do banco e ele inventou que uma determinada pessoa tinha uma conta no banco. Não vou entrar em detalhes exatamente, mas a essência é essa.
Paulo Henrique Amorim – No caso, Luiz Roberto Demarco?
Samuel Possebon – No caso, Luiz Roberto Demarco, que era um ex-funcionário dele que tinha uma discussão trabalhista, enfim. Isso não vem ao caso, o que importa dessa ação mesmo para o nosso trabalho de acompanhamento e de repercussão para o Brasil é que ao que parece o juiz em Cayman acusou o Dantas de ter forjado, falsificado, documentos e a Corte Britânica, a mais alta Corte Britânica, ratificou essa decisão.
Paulo Henrique Amorim – Ou seja, para a Justiça britânica, o Dantas forjou a abertura de contas no banco Opportunity?
Samuel Possebon – É, na verdade, não é abertura de contas. São detalhes técnicos e burocráticos, meio complicados, mas assim: forjou fichas que dizem respeito a abertura de contas no Opportunity Found e não no banco Opportunity.
Paulo Henrique Amorim – De um correntista do fundo gerido pelo Opportunity?
Samuel Possebon – De um correntista desse fundo, que é gerido pelos executivos do Opportunity. É muito complicado você falar quem é que gere porque o Dantas e o Opportunity sempre dizem....
Paulo Henrique Amorim – De uma maneira, digamos, mais geral.
Samuel Possebon – Vamos dizer o seguinte: as pessoas ligadas ao Daniel Dantas, que gerem esse fundo, forjaram esses documentos, inclusive a irmã dele.
Paulo Henrique Amorim – Sabe-se que aqui no Brasil, a revista Veja atribuiu ao Dantas a abertura de contas – que os correntistas os detentores das contas negam que existam – e divulgou isso. A abertura de contas do presidente Lula, do ministro Márcio Thomaz Bastos, do diretor da Polícia Federal, Paulo Lacerda, do senador Romeu Tuma e por aí vai. Então, se se comprovar que essas contas que apareceram na revista Veja foram contas forjadas será a reincidência de um crime pelo qual ele já vai pagar na Justiça britânica.
Samuel Possebon – Na verdade, a decisão da Justiça britânica diz que ele fraudou documentos da mesma natureza que poderiam, em hipótese, ser fraudados para que se criassem contas em nome do presidente da República, em nome do superintendente da Polícia Federal, Paulo Lacerda e por aí vai. E justamente o conteúdo do tal “dossiê Dantas”, que saiu em maio na revista Veja – que a revista Veja publicou, aliás, sem fazer uma investigação mais aprofundada – dossiê esse que foi, segundo a própria revista Veja entregue a ela pelo Daniel Dantas.
Paulo Henrique Amorim – O Dantas, então, não pode mais usar o argumento de que ele tinha sido absolvido em segunda instância em Cayman dessa acusação?
Samuel Possebon – Não, não. Isso ele não pode mais. A decisão da mais alta corte britânica reforça inclusive, usa o termo “defraudar”, métodos de fraudar, o correntista Luiz Roberto Demarco. Com base nessa decisão da mais alta corte da Justiça britânica, fica claro que o Dantas e o Opportunity usaram documentos fraudados para criar uma conta-corrente ou criar uma situação envolvendo uma conta-corrente no Opportunity Found. Esse é o ponto. O segundo ponto é que a Polícia Federal agora está no trabalho de investigação com relação ao “Dossiê Dantas”, aquele de maio da revista “Veja”, que acusava o presidente da República, o Gushiken, o Paulo Lacerda, superintendente da Polícia Federal, entre outros, de terem contas no exterior. Se a Polícia Federal conseguir comprovar que essas contas existem, fica a suspeita então de elas terem sido criadas de maneira fraudulenta, da mesma forma como foi criada essa conta do Demarco, nesse caso da condenação. Se a Polícia Federal não conseguir comprovar essas contas, fica então o caso de uma pessoa que entregou um dossiê a uma revista com informações mentirosas sobre o Presidente da República, e aí vamos ver quais são os crimes que podem ser tipificados a partir desse cenário. Mas são essas as duas hipóteses que se têm pela frente.
Nesta terça-feira, dia 03, a Segunda Turma do Tribunal Regional Federal de São Paulo, por maioria de votos, concedeu Habeas Corpus para trancar a ação penal a que responde Carlos Rodenburg. Nesse Habeas Corpus, Rodenburg nega ser ele uma pessoa que aparece numa fita de vídeo ao entrar na casa do espião israelense Avner Shemesh. Rodenburg é ex-cunhado de Daniel Dantas e Shemesh é acusado de espionar políticos e jornalistas para Daniel Dantas.
A desembargadora da Segunda Turma do Tribunal Regional Federal de São Paulo, Cecília Mello, considerou que não há fundamentos suficiente para oferecer a denúncia contra Rodenburg. Cecília Mello argumentou que o fato de a imagem mostrar Rodenburg (ainda que seja ele mesmo) entrando na casa de Shemesh não é suficiente para abrir um processo criminal. Ela deixou em aberto a possibilidade de o Ministério Público instaurar inquérito para apurar e investigar o envolvimento de Rodenburg nos casos de espionagem.
O trancamento da ação de Rodenburg não se estende a Daniel Dantas e nem a Avner Shemesh. Para esses dois, portanto, a ação corre normalmente na Justiça.
Nem Rodenburg, nem seu advogado, Alberto Toron (que estava no enterro de uma tia), compareceram ao julgamento do Habeas Corpus no Tribunal Regional Federal da 3ª Região. Rodenburg foi representado por um assistente de seu advogado.
Escreva a sua denúncia contra qualquer integrante de qualquer partido político de oposição ao Lula. NÃO PRECISA SE IDENTIFICAR. Informe a denúncia, local (estado, cidade, etc.), data, nome do político ou partido. TODAS AS DENÚNCIAS SERÃO ENCAMINHADAS AOS MINISTÉRIOS PÚBLICOS ESTADUAIS E FEDERAIS, POLÍCIA FEDERAL, TRIBUNAL DE CONTAS, CONTROLADORIA GERAL DA UNIÃO E TRIBUNAIS ELEITORAIS. Entre em contato: stanleycarivaldoalencastroburburinho@hotmail.com