quinta-feira, outubro 12, 2006

DENÚNCIA GRAVE CONTRA O GOVERNO DE SÃO PAULO

Peões denunciam irregularidades em obra da CDHU na zona leste

Plantão Publicada em 12/10/2006 às 09h52m

Karina Lignelli, DISP

SÃO PAULO - Salários atrasados, falta de registro na carteira e condições inadequadas de segurança e higiene. É nessa situação que se encontram 64 peões de uma obra da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano de São Paulo (CDHU), no bairro Fazenda da Juta, na região de Itaquera, zona leste da capital. Dois operários, que foram trazidos do Maranhão para trabalhar para a empreiteira responsável — a Construtora Menin —, fizeram a denúncia na segunda-feira ao Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil (Sintracon), que por sua vez acionou a Subdelegacia do Trabalho da Zona Leste para fiscalizar a obra.

A fiscalização constatou que os funcionários trabalham em condições consideradas "subumanas". Exemplos disso eram as instalações sanitárias sem descargas, refeitórios sem lavatórios e vestiários inadequados. No local, os responsáveis eram o almoxarife e o mestre de obras, que informaram apenas cumprir ordens do engenheiro-chefe. Muitos trabalhadores, que moram nas imediações da obra e em outros municípios, como Guarulhos, reclamam da falta de dinheiro e do vale-transporte.

- Ou a gente tira do bolso, vem de bicicleta ou a pé mesmo - disse um dos trabalhadores que não quis se identificar.

O subdelegado interino Cláudio da Silva e o auditor fiscal Ulisses Martins de Souza, que consideraram a situação "deprimente", autuaram (multaram) a empresa por irregularidades como falta de registro de 45 operários, de comprovação de pagamento de salários, e documentos obrigatórios como livro de inspeção do trabalho e depósitos do FGTS.

O auditor Newton Carlos Peris, que inspecionou a higiene e a segurança, autuou a empresa por situações consideradas mais sérias. Uma era a falta de equipamentos de segurança, como botas, capacetes ou luvas.

- A empresa não fornece os equipamentos. Quando dá, desconta do salário - reclama um trabalhador.

Outro problema é a inclinação excessiva do terreno, que pode provocar deslizamentos.

- Se chover muito, os trabalhadores da parte baixa da construção podem ser soterrados - alertou o auditor fiscal.

O Sintracon informou que o engenheiro responsável se comprometeu a pagar os trabalhadores na próxima terça-feira. Já a Menin foi notificada pela fiscalização para comparecer no mesmo dia à sede da subdelegacia, no Tatuapé, apresentar os documentos exigidos e regularizar as pendências.

Um dos operários que fez a denúncia veio do Maranhão há dois meses, em um grupo de 30 pessoas trazidas pela Menin. Ele conta que até agora não viu a cor do salário combinado, de R$ 740. O grupo, segundo ele, se reveza para dormir no térreo de um prédio inacabado, em colchonetes ou blocos que se tornam camas improvisadas. (Grifo meu: trabalho escravo)

Além de ganhar só a refeição, que seria descontada do salário, o pedreiro apresenta inchaços nas mãos, já que se feriu e não tem luvas para trabalhar.

- Deixei minha mulher e filhas no Nordeste para ganhar um dinheiro aqui, e acontece isso. Estou decepcionado e quero muito voltar para lá. Mas com que dinheiro? - pergunta.

O outro trabalhador, uma espécie de "faz-tudo" na obra, veio há sete meses do Maranhão e conta que nunca recebeu os R$ 620 prometidos de uma vez só.

- É sempre a mesma desculpa: o escritório não fez os cálculos de quanto deve para nós - diz ele, lembrando que os dois pegaram dinheiro emprestado com moradores vizinhos para fazer a denúncia.

Após fazer assembléia com os trabalhadores, o presidente do Sintracon Antônio de Sousa Ramalho orientou que a obra fosse paralisada.

- Vamos nos responsabilizar pelo pessoal até que a empresa pague todo mundo - frisou, lembrando que os dois trabalhadores estão sob proteção do sindicato para que não sofram represálias.

Em nota, a CDHU informou que a Menin é responsável pela edificação do empreendimento Itaquera B18, que foi escolhida por concorrência pública e iniciou a obra do conjunto habitacional em dezembro de 2005.

- Diante da constatação de irregularidades na empresa, a CDHU notificará a construtora para que regularize as pendências apontadas pela fiscalização. Caso a situação não seja corrigida, a CDHU rescindirá o contrato e convocará a segunda colocada no processo de licitação - afirma em nota.

http://oglobo.globo.com/sp/mat/2006/10/12/286076175.asp

Brasília, quinta-feira, 12 de outubro de 2006

Auditor do TCU afirma ser vítima de ameaças

Do CorreioWeb
com Ugo Braga, do Correio Braziliense


12/10/2006

17h49-Um auditor do Tribunal de Contas da União designado para acompanhar a CPI dos Sanguessugas afirma que está sendo ameaçado de morte. Wagner César Vieira procurou a Polícia Federal de Brasília nesta quinta-feira para denunciar as ameaças, que, segundo ele, têm relação com um funcionário de um senador.

Ele afirma que, há 12 dias, recebeu a oferta de R$ 1 milhão em dinheiro para afrouxar as investigações. Depois de recusar a proposta, ele começou a receber as ameaças por telefone. A última delas, por volta das 14h de hoje, o fez levar sua mulher e seu filho até o prédio do TCU, de onde disse que não sairia até receber proteção policial. As ameaças estariam gravadas na secretária eletrônica de seu celular.

Neste momento, o auditor presta depoimento na sede da PF, onde deve pedir garantias de segurança.

Aguarde mais informações pelo CorreioWeb

http://noticias.correioweb.com.br/materias.php?id=2685962&sub=Política

Grifo meu: Os senadores envolvidos com os sanguessugas são o Suassuna e o Antero Paes de Barros. Será qe é o Antero ?

11/10/2006




O dossiê do dossiê (III): A reviravolta


Em novo depoimento, Gedimar Passos atira no pé... de Edmilson Bruno, o delegado das fotos. Segundo o ex-PF, Edmilson teria forçado a acusação de que Freud Godoy participava da compra do dossiê. Ao mesmo tempo, anuncia-se um depósito suspeito na conta do assessor.

Transcrevo nova carta de meu amigo Saul Leblon, da Moóca:

“Caro Flávio

Em carta anterior, eu disse que “tinha coisa” na presença de Gedimar Passos, ex-PF, na cena do crime (o hotel Ibis em S. Paulo, onde os petistas aqualoucos foram surpeendidos com o dinheiro para a compra do dossiê Vedoin/Serra/Barjas Negri).

Gedimar Passos tinha apresentado a versão de que o mandante de sua presença lá seria Freud Godoy (errando-lhe o nome), assessor do Palácio do Planalto. As manchetes e as fotos nos jornais foram espetaculares.

Freud declarou-se inocente. Telefonou ao Presidente da República e disse que por causa dele, Freud, Lula podia dormir tranqüilo.

Com o passar do tempo, informações vindas da PF diziam que nada havia sido encontrado contra o assessor, embora ele continuasse no rol das investigações, o que é normal, até o seu fim. A contragosto, os jornais conservadores noticiaram discretamente em páginas internas, sem manchetes ou sequer chamadas na capa, a notícia. Mas sempre que puderam, puseram a ênfase na segunda parte: Freud continua sendo investigado.

Agora o caso sofreu um abalo sísmico, registrado pela TV nos noticiários, mas novamente com discrição insatisfeita pela imprensa escrita: Gedimar Passos, em novo depoimento, diz que foi o delegado Edmilson Bruno, o homem da divulgação ilícita das fotos do dinheiro apreendido, quem o induziu, durante interrogatório, a apontar o nome de Freud. Na imprensa escrita essa informação veio, no dia 11/10, sempre contrabalançada pela de que a CPI da venda superfaturada de ambulâncias (vulgarmente denominada dos sanguessugas) vai investigar um depósito de R$ 396 mil na conta de Freud, ao que parece feito por Naji Nahas). No Estadão esse contrabalanço foi tal que a informação sobre o depósito foi parar na capa do jornal, em chamada central. No interior, a menção a que a PF não tem indícios contra Freud mereceu 6 linhas no fim da matéria sobre o depósito, ainda que ela venha encimada pela declaração do deputado Fernando Gabeira de que investigá-lo “não significa que Freud é culpado”. Além disso, só outras três linhas no comentário de Dora Kramer, assim mesmo, como parte de uma “Babel” de versões para confundir os eleitores.

Houve, deve-se registrar, jornalistas (Elio Gaspari e Gustavo Ioschpe, na Folha), que pediram desculpas a Freud por terem abrigado a primeira versão que o incriminava.

A nova declaração de Gedimar remete a uma rede de interpretações. Confirmando-se a certeza da inocência de Freud no episódio, seja qual for o resultado das eleições, isso vai terminar em processo por calúnia, difamação e outros substantivos igualmente pesados. Ele poderia estar tentando se proteger. Depois dos episódios das fotos, o delegado Edmilson, que disse, desdisse, desmentiu o dito, desmentiu o desmentido e depois confirmou tudo, que ele mesmo entregara as fotos, perdeu toda a credibilidade. Portanto, se é necessário desovar a culpa em alguém, Edmilson cavou a própria cova. Além disso, a versão agora apresentada por Gedimar aponta para um grave crime cometido pelo interrogador, que tem aura de chantagem: prometeu a liberdade caso a denúncia fosse feita. E confirmaria a frase atribuída ao delegado, que jornalistas teriam gravado (mas que os jornais nem confirmam nem desmentem, ou seja, non solo é vera, como debe essere bene registrata), sobre f... o PT e o governo. A versão de que Gedimar estaria tentando proteger Lorenzetti pode até ser verdadeira, mas ela não é suficiente para explicar o episódio: é necessário saber por que entre 180 milhões de brasileiros ele escolheu um para apontar o dedo: Freud.

De tudo isso, Flávio, pode-se concluir que:

1. a presença de Gedimar na cena do crime é fundamental para o esclarecimento de tudo, bem como de que jogo ele estava fazendo lá: era jogo duplo? Não era? Era uma implantação? Era aquilo mesmo: avaliar o conteúdo do tal de dossiê?

2. Se Freud está ou não implicado, isso é uma coisa, que até agora não tem foro de verdade, não só pela presunção de inocência, mas porque repetidas declarações o inocentam. Mas que houve um jogo para plantar seu nome no caso, isso houve.

3. A terceira conclusão, Flávio, é que o assunto vai longe, vai para depois das eleições.

4. A quarta conclusão, amigo, é que tudo quanto foi feito até agora não é suficiente para implodir a candidatura de Lula, conforme as mais recentes pesquisas de intenção de voto vem demonstrando. A raiva e a frustração dos arautos das classes dirigentes que já subiu pelas paredes, vai agora arranhar o reboco com as unhas. Virão mais marteladas nos dedos de quem defende a candidatura de Lula e o frenesi pela busca de novas acusações vai aumentar. Se a história recente do nosso partido (porque assim me considero, embora nunca tenha sido filiado) permitisse que nós dormíssemos tranqüilos, poderíamos começar a rir antecipadamente. No momento, é melhor sorrirmos para dentro, e manter a mira no inimigo, já que na mira dele seguramente estamos. Um fraterno abraço, do amigo Leblon.”

Flávio Aguiar é editor-chefe da Carta Maior.

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