terça-feira, outubro 31, 2006

31/10/2006 16:40h

MAURO SANTAYANA: "FHC NÃO TEM LIDERANÇA POLÍTICA"


O jornalista que foi colaborador do presidente Tancredo Neves, Mauro Santayana, disse em entrevista a Paulo Henrique Amorim nesta terça-feira, dia 31, que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso “faria um bem enorme ao Brasil se estudasse a história do país e escrevesse sobre isso” (clique aqui para ouvir). “Liderança política ele não tem mais”. disse Santayana.


Mauro Santayana disse que o Brasil é uma República Federativa e deve se acostumar com a idéia de um candidato de fora de São Paulo ser eleito presidente. “Nós estamos há muito tempo com a idéia de que como São Paulo é a força hegemônica do ponto de vista econômico do Brasil, São Paulo também tem que ter a hegemonia política da Nação”, disse Santayana.


Para Mauro Santayana, é preciso acabar com essa hegemonia política de São Paulo para que o Brasil seja um país integrado e com a unidade nacional preservada. Segundo ele, acabar com essa hegemonia é uma questão de democracia.


Santayana os jornais e os jornalistas perderam o sentimento de solidariedade com o povo. “No meu tempo, os jornais eram solidários com o povo, hoje os jornais são solidários com os banqueiros. Vou ser mais duro: são os jornalistas. Poucos jornalistas conseguem manter o sentimento de solidariedade com o povo brasileiro”, disse Santayana.


Veja a íntegra da entrevista com Mauro Santayana.


Paulo Henrique Amorim - Você, como mineiro, e vendo esse resultado da perspectivas de Minas, e tendo como premissa, é claro, a informação de que Aécio Neves ganhou no primeiro turno e é possivelmente candidato à Presidência da República. Qual é o quadro que você imagina, que você vê à sua frente?


Mauro Santayana - É muito difícil fazer um prognóstico com quatro anos de antecedência. O que eu acho é o seguinte: nós precisamos entender, e parece que aqui no Brasil não se entendeu até agora, que nós somos uma República Federativa e que devemos nos acostumar à idéia de que, amanhã, um candidato do Mato Grosso do Sul, ou um governador do Mato Grosso do Sul, ou um governador da Paraíba ou um governador do Sergipe possam ascender à Presidência da República. Um dele pode chegar. É que nós estamos há muito tempo com a idéia de que, como São Paulo é a força hegemônica do ponto de vista econômico do Brasil, que São Paulo também tenha que ter a hegemonia política sobre a nação. Isso aí, eu acho que é preciso acabar com isso para que nós tenhamos realmente um país integrado e com a unidade nacional preservada.


Paulo Henrique Amorim - E qual seria a vantagem de se interromper esse processo hegemônico paulista na política brasileira?


Mauro Santayana - A primeira vantagem é uma questão da democracia. Porque são Paulo é a grande força economia do país, mas isso não significa que deva manter a hegemonia política. Você vê que nos Estados Unidos o candidato alcançou, o candidato de Ohio, o candidato não sei de onde, sempre chega. Não me consta que nenhum Estado tenha mantido durante algum tempo a condução do processo, ao contrário. Eu me lembro de uma coisa do [historiador inglês Lorde] Acton muito interessante, dizendo que o que fortalece o sistema norte-americano é justamente o poder dos governadores de Estado que moderam a tendência unitária ou predominante da costa leste dos Estados Unidos. Então, eu acho que é muito importante ter isso em mente.


Paulo Henrique Amorim - Eu gostaria que você me ajudasse a entender o que você vê de diferente da eleição do presidente Lula em 2006 em relação à eleição de 2002.


Mauro Santayana - A diferença é pequena, mas a grande diferença, a meu ver, é o seguinte: Lula perdeu alguns eleitores nesse processo e ganhou outros com muita consistência. Quais foram os outros que Lula ganhou? Ganhou, para usar a expressão usual, nos grotões. E não ganhou nos grotões porque houvesse uma adesão dos donos dos grotões. Ele ganhou exatamente porque houve uma independência da população dos grotões com relação aos seus donos antigos. Isso é tranqüilo para mim. Eu acho que a eleição do Lula significa muito para o Brasil, menos até pelo o que ele pode fazer administrativamente ou politicamente durante esses próximos quatro anos. Ele pode até perder para a oposição que será feita a ele. Mas a grande vantagem dessas eleições foi que a aglutinação em torno de Lula representa uma consciência de cidadania que não existia até então. Eu acho que o Brasil agora está marchando realmente par ao perigoso jogo democrático, vamos dizer assim. Nós vamos ter realmente uma democracia agora no Brasil Essa é a grande vitória do povo brasileiro com a eleição de Lula. Pode até ser que a corrupção continue, que tudo isso continue, mas o fato mais importante a meu ver é que uma população que não tinha consciência de dignidade, que não tinha consciência de sua cidadania, adquiriu a sua cidadania mediante à dignidade. Essa é a minha impressão.


Paulo Henrique Amorim - O que você acha que se pode esperar do comportamento da oposição brasileira?


Mauro Santayana - Nesses primeiro meses ela está um pouco desorientada. Ela vai ficar mais calma agora nos próximos meses porque eles nem sabem mais ou menos como apanhar os cacos. Mas que essa oposição vai recrudescer, vai. Ela vai recrudescer inclusive porque ela representa interesses muito forte. Porque eu não acredito numa conciliação nacional tal como ela já está sendo empregada. Eu acredito que possa haver um convênio entre os diversos partidos ou dos diversos líderes para colocar um pouco em ordem o funcionamento das instituições. Mas a oposição não vai desistir porque, é claro, os interesses da oposição, que são os interesses das oligarquias, não vão ficar sossegados diante da situação nova. Eles vão tentar recobrar a direção da sociedade brasileira mediante os instrumentos políticos, mediante o Parlamento. Disso, não tenho dúvida.


Paulo Henrique Amorim - E qual o papel do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso nisso?


Mauro Santayana - Eu não gostaria de falar no ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Tenho a impressão de que ele faria um bem enorme ao Brasil se ele se dedicasse a estudar a história do Brasil, os problemas brasileiros, escrever sobre isso. Porque liderança política parece que ele não tem mais. Então, eu não sei, acho que cada um pensa de uma maneira. Eu acho que o presidente tem uma experiência muito grande, um grande intelectual. Ele podia ajudar a pensar o Brasil. Isso, eu tenho a impressão que seria um grande papel que ele desempenharia. Todo mundo conhece seus valores intelectuais, mas liderança política, não só ele como muitos outros, se aposentaram agora.


Paulo Henrique Amorim - Qual será o papel do governador de Minas, Aécio Neves, nesse novo ambiente, sendo ele de um partido de oposição?


Mauro Santayana - Eu tenho a impressão de que... O problema todo é o seguinte: é que Minas sempre teve o papel moderador na política brasileira. Eu acho que o Aécio, como aconteceu com o Tancredo e a gente está vendo que está se repetindo isso, mesmo sem querer Aécio começa a liderar alguns governadores que o buscam, o procuram, que se aconselham com ele. Está se repetindo o que eu vi acontecer com o Tancredo nos anos de 83 e início de 84. Não é que Minas seja mais que os outros, que os mineiros tenham nascido com dons especiais. Mas é que a própria história de formação de Minas, do povo mineiro, é uma história que exigiu o diálogo, a moderação, o exercício da política na sua acepção mais clara, mas limpa e mais nobre. Então, os mineiros são muito desconfiados dos extremos, os mineiros não gostam de extremismos, os mineiros querem conciliar as partes e buscar o caminho do meio. Que, aliás, é o único jeito. Aquela concepção Aristotélica do justo meio: os mineiros têm essa preocupação porque eles sofreram tanto, sobretudo por serem ricos, por terem ouro, por terem tudo isso. Sofreram bastante para aprender que é melhor dialogar do que armar o arcabouço. Só armar o arcabouço quando não tem mais argumento.


Paulo Henrique Amorim - Agora, Mauro, uma última pergunta. Você que é um jornalista que já viu de tudo. Eu te pergunto: essa eleição, aí digo eu, essa eleição colocou em evidência a questão da mídia, o papel da mídia na democracia brasileira. O presidente Lula já disse que vai mudar a relação dele com a mídia. Eu ontem entrevistei o deputado mais votado na história do Brasil, o deputado Ciro Gomes, que me disse que a questão da discussão da democratização da mídia está colocada e ele vai trabalhar nessa questão. E eu lhe pergunto: o que você acha que aconteceu com a mídia? E, por exemplo, eu lhe pergunto como é que a mídia de São Paulo vai absorver – se essa será a situação – uma candidatura à presidência como a de Aécio Neves?


Mauro Santayana - Em primeiro lugar, eu não gostaria de falar sobre a candidatura à presidência de Aécio porque tem muita coisa ainda na frente. Mas o que eu queria dizer sobre a mídia é o seguinte: outro dia eu disse a uns companheiros nossos que me entrevistaram para um programa para a TV do Senado, eu disse que o que aconteceu com a mídia é que a mídia perdeu o sentimento de solidariedade com o povo. No meu tempo os jornais eram solidários com o povo brasileiro. Hoje os jornais são solidários com os banqueiros brasileiros. A verdade é essa. Não são só os jornais não. Eu vou ser mais duro: são os jornalistas. Poucos jornalistas conseguem manter um sentimento de solidariedade com o povo brasileiro. Eu tenho as minhas teorias sobre isso mas nem quero colocá-las porque são muito polêmicas. Eu acho que o governo militar resolveu que o jornalismo estaria reservado, seria uma reserva de mercado para a classe média, não queriam outros sujeitos lá não, não queriam pessoas de extração mais baixa no jornalismo. Então, aí nós temos o seguinte: não há mais solidariedade com o povo. E você nota o seguinte: não há solidariedade dentro dos jornais, os jornalistas hoje vivem brigando uns com os outros. No meu tempo não era assim, no meu tempo nós tínhamos um sentimento de solidariedade e de camaradagem dentro dos jornais que era exemplar. Hoje você não tem mais isso. Se bem que também houvesse muito canalha no meu tempo. Nós tínhamos aí o senhor David Nasser da vida e outros. Mas geralmente, no conjunto da maioria, nós tínhamos o sentimento de solidariedade com o povo. Se nós perdemos o sentimento de solidariedade com o povo, como é que nós vamos ter um sentimento democrático?

http://conversa-afiada.ig.com.br/materias/397501-398000/397890/397890_1.html

31 de outubro de 2006 - 11h43

Bush brinca e pede a Lula 'know-how' para ganhar eleição

Brasília - O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, no telefonema que deu hoje ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para cumprimentá-lo pela reeleição, disse, brincando: "Olha, você teve uma vitória espetacular. Você tem que me dar um pouquinho do seu 'know-how', porque estou precisando para ganhar, agora (nas eleições parlamentares)." A aceitação de Bush pela população americana está em baixa, de acordo com pesquisas.

O relato sobre esse telefonema de Bush foi feito a jornalistas pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, quando saía do Palácio da Alvorada, onde acompanhou esta e outras conversas de Lula com chefes de Estados estrangeiros que ligaram para cumprimentá-lo.

Bush, no telefonema a Lula, afirmou que é preciso aprimorar o sistema do comércio internacional e fortalecer a democracia. "Aprecio a boa relação que temos tido", disse Bush, que, segundo Amorim, convidou o presidente brasileiro a visitar os Estados Unidos. Lula respondeu que fará essa visita "em breve", de acordo com o chanceler brasileiro. (Leonencio Nossa)
http://www.ae.com.br/institucional/ultimas/2006/out/31/1316.htm

A mídia sob ataques

Personagem involuntário do debate eleitoral, a grande imprensa torna-se alvo de críticas que vão da baixa qualidade à falta de limites legais para atuação

Sylvio Costa

As eleições de 2006 prometem ficar marcadas por um fato que a distingue claramente de pleitos anteriores: a freqüência e a intensidade com que muitos brasileiros questionaram a cobertura que a chamada "grande imprensa" faz da campanha eleitoral. Sem dúvida, o comportamento da mídia em períodos eleitorais já foi alvo antes de polêmica e acusações. Um caso clássico é o da famosa edição do debate entre Lula e Collor, feita pela TV Globo no segundo turno da disputa presidencial de 1989.

Mas, agora, temos pelo menos duas novidades. Em primeiro lugar, a abrangência da crítica, que é contra quase todos os veículos de comunicação. Em segundo, a maneira com que essa crítica ecoa, em grande parte por causa das múltiplas e libertárias possibilidades de expressão permitidas pela internet. O assunto foi objeto, aliás, de extensa reportagem que levamos ao ar no último dia 29 (acesse). No dia 13, o Congresso em Foco voltou ao tema ao noticiar em nota (clique aqui para ler - pode demorar a carregar) um dos frutos desse descontentamento, que parece atingir parcela expressiva da chamada opinião pública: a publicação na rede do "Manifesto por uma mídia democrática e independente".

Também inédita, a iniciativa é mais que um simples manifesto (veja a íntegra). Trata-se de um abaixo-assinado eletrônico subscrito por pessoas que cobram do Ministério Público Eleitoral punição contra as "intervenções da grande mídia no processo eleitoral". Para os signatários do documento, a grande imprensa está descumprindo o artigo 22 da Lei Complementar número 64/1990, que impede a "utilização indevida de veículos ou meios de comunicação social, em benefício de candidato ou de partido político".

O articulador do manifesto

Somente há duas semanas no ar, o manifesto já recebeu até este momento 3.173 assinaturas. Por trás da iniciativa, está o professor Bajonas Teixeira de Brito Júnior, do Departamento de Filosofia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Mestre em Sociologia pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj), ele é doutor em Filosofia pela Federal do Rio de Janeiro, a UFRJ, instituição em que também fez um pós-doutorado. Publicou os livros Lógica do disparate (2001) e Método e delírio (2003), além de vários textos acadêmicos e filosóficos em revistas especializadas. Bajonas é ainda o coordenador de uma revista eletrônica (http://www.revistahumanas.inf.br/) e mantém na internet um blog.

Embora considere a cobertura da mídia desequilibrada, em benefício de Geraldo Alckmin (PSDB) e em desfavor de Lula (PT), Bajonas está longe de ser um lulista roxo. "Seria um equívoco fazer, ao modo da mídia, a apologia de um candidato", diz ele em entrevista ao repórter Renaro Cardozo, do Congresso em Foco (eis a íntegra). "Deixo os encômios e as apologias para os colunistas. Minha posição procura, antes de tudo, contribuir para dar amplitude ao debate público e democrático, que não se deixe construir por manipulações, mas se ancore em programas e projetos, na igualdade de chances e na exposição equilibrada dos postulantes aos cargos públicos. Qualquer outra posição que não essa conduz ao mesmo partidarismo que recrimino".

Na entrevista, feita por e-mail, ele desfia argumentos absolutamente desconcertantes. Pra começar, explica que sua insatisfação - assim como a de outras pessoas - vai muito além da cobertura eleitoral. Na sua opinião, a qualidade da mídia brasileira é "muito baixa":

"Queremos colunistas e articulistas, mas que estejam à altura do publico leitor e que possam dialogar com esse público em vez de servirem apenas de medium, ou correia de transmissão, de senhores de engenho midiáticos. Uma população livre, democrática, não quer uma mídia baseada no trabalho escravo".

Prossegue o professor: "O manifesto expressa um repúdio muito mais vasto do que hoje podemos avaliar ao que tem sido o comportamento da mídia. Ao que tudo indica, o leitor médio hoje possui uma argúcia maior que o colunista médio. Assim, os ditos 'formadores da opinião pública' necessitam urgentemente de uma formação suplementar. Os seus jogos verbais, as suas considerações 'críticas' e cacoetes intelectuais aparecem como elementares para uma faixa muito ampla de leitores".

Contra o "velho Oeste"

Bajonas conta que os dados do Observatório Brasileiro de Mídia foram fundamentais para o surgimento do manifesto. "Analisando as percentagens, descobrimos que houve na imprensa, na última semana antes das eleições, nada menos que 1.511 % a mais de matérias negativas para um dos candidatos", relata, referindo-se a Lula.

Daí para o lançamento do abaixo-assinado, diz, foi um pulo, já que "pessoas alheias ao mundo das redações - engenheiros, físicos, estudantes, filósofos etc. - tornaram-se de repente colunistas, colunistas que estavam denunciando justamente o colunismo corrente na imprensa".

Há no manifesto, acrescenta ele, "um repúdio muito mais vasto" ao comportamento da mídia. "Apenas dei uma forma a um descontentamento generalizado", escreve o professor. Conforme suas palavras, esse vasto repúdio envolve, em primeiro lugar, "uma realidade nova: essa da internet e dos rápidos, digamos, torvelinhos, que podem evoluir a tornados, e que se formam em situação de alta temperatura".

Inclui, em segundo lugar, o já citado inconformismo com o nível de qualidade oferecido pela imprensa brasileira e, sobretudo, por seus colunistas. Em terceiro, um tema extremamente polêmico, a necessidade de regulamentar o que a mídia pode ou não fazer: "A mídia brasileira é um dos setores menos regulamentados da sociedade. Isto é, uma terra de fronteira sem lei. Um verdadeiro velho Oeste". Por isso, ele defende a criação do Conselho Federal de Jornalismo.

Faz um ano que foi soterrada a primeira tentativa de emplacar a idéia. Proposto pelo governo Lula ao Congresso, um projeto de lei versando sobre a matéria terminou sendo arquivado por solicitação do próprio Executivo, debaixo de uma chuva de críticas dos meios de comunicação. A proposição foi vista como uma manobra para controlar a mídia, num contexto em que a administração petista se encontrava sob ataques em razão dos seus notórios e profundos escorregões éticos.

Bajonas argumenta, porém, que "não pode haver segmento de atividade humana sem lei". Defende, por exemplo, a "cláusula de consciência, isto é, o direito garantido ao jornalista de não realizar matérias que possam ferir seu senso moral ou levá-lo a correr riscos".

Também critica o governo Lula por concentrar seus gastos publicitários na grande imprensa. "É preciso também um investimento forte do governo na mídia alternativa, nos jornais de comunidade, em novos meios e novas experiências de informação", prega o professor. Tudo isso torna a leitura da entrevista obrigatória para quem tem interesse em refletir sobre as complexas e íntimas relações entre mídia e política no Brasil.

Clique aqui para acessar a entrevista completa.

Veja alguns comentários publicados pelos signatários do manifesto.

ATUALIZADA EM:23/10/2006

http://www.congressoemfoco.com.br/Noticia.aspx?id=10922


A entrevista com o professor Bajonas

Autor do manifesto explica como surgiu a iniciativa e quais são seus objetivos e motivações

Renaro Cardozo

Leia, abaixo, a íntegra da entrevista feita por e-mail com o professor Bajonas Teixeira de Brito Júnior, doutor em Filosofia e autor do "Manifesto por uma mídia democrática e independente".

Entre aqui para ver as principais partes da entrevista e saber mais sobre o assunto.

O manifesto foi iniciativa sua ou o senhor apenas deu corpo às idéias de outras pessoas?

A idéia do manifesto surgiu das trocas de e-mails alarmados sobre a parcialidade da mídia brasileira na cobertura jornalística do primeiro turno. Uma troca de e-mails que era, ao mesmo tempo, uma troca de indignações. Assim, de todos os lugares, em listas de e-mails, chegavam depoimentos críticos, que muitas vezes não eram só matérias jornalísticas de mídias alternativas, mas manifestações de eleitores comuns denunciando manipulações da mídia. Ou seja: pessoas alheias ao mundo das redações - engenheiros, físicos, estudantes, filósofos etc. - tornaram-se de repente colunistas. Colunistas que estavam denunciando justamente o colunismo corrente na imprensa.

Com isso, quando chegaram em nossas mãos os dados do Observatório Brasileiro de Mídia, e analisando as percentagens descobrimos que houve na imprensa, na última semana antes das eleições, nada menos que 1.511 % a mais de matérias negativas para um dos candidatos, tivemos uma comprovação objetiva de tudo que já era um sentimento comum. Portanto, nossa posição é que, depois de quase 20 anos de democracia, é uma insanidade da mídia pretender sustentar uma atitude extremamente autoritária em suas estratégias de (des)informação. Essa compreensão, como vimos depois, era compartilhada por muita gente no Brasil e bastou divulgarmos nosso manifesto pela internet em uma pequena lista de e-mails para que, por um efeito de propagação quase virótica, surgisse um rápido apoio de milhares de não-colunistas como nós.

Portanto, visto tudo isso, eu diria que apenas dei uma forma a um descontentamento generalizado. Não há propriamente falando um "autor" do manifesto. Ele responde a uma realidade nova: essa da internet e dos rápidos, digamos, torvelinhos, que podem evoluir a tornados, e que se formam em situação de alta temperatura. Veja o que diz este apoiador: "352. Mauro Bottino - As empresas jornalísticas precisam entender que a internet retirou delas o monopólio da informação, e suas manobras se tornam públicas quase imediatamente. Ou se ajustam ou se tornarão apenas sombra de seu passado."

Não é aceitável sob nenhum aspecto, por exemplo, que uma grande rede de TV, concessão pública, como é a Rede Globo, para pôr em movimento uma farsa montada como um golpe sobre o processo eleitoral, deixe de noticiar o maior acidente aéreo da história brasileira, e isso exatamente num momento em que o estado público de comoção social exigia as informações omitidas.

Quando surgiu o manifesto?

Um colega do Departamento de Comunicação da Ufes, Alexandre Curtiss, propôs em sua lista que se realizasse algo em torno de uma produção de informações alternativa à mídia. No meu centro [da Ufes], conversei com Marta Zorzal, professora de ciência política, e com o colega Antonio Vidal Nunes, também professor de filosofia, sobre a possibilidade de promovermos alguma discussão sobre o tema. Redigido o manifesto, ele recebeu as ponderações críticas dos colegas e de minha mulher, Adalgisa Pinheiro, historiadora. Amigos do Rio e de São Paulo também fizeram sugestões. No sábado, dia 7, no fim da tarde, o manifesto ficou disponível para assinaturas online. Ao fim, uma dezena ou pouco mais de amigos começaram a passar o manifesto em suas listas.

O senhor acredita que o manifesto possa mudar esse quadro de parcialidade em que se encontra a mídia?

Creio que o manifesto expressa um repúdio muito mais vasto do que hoje podemos avaliar ao que tem sido o comportamento da mídia. Ao que tudo indica, o leitor médio hoje possui uma argúcia maior que o colunista médio. Assim, os ditos "formadores da opinião pública" necessitam urgentemente de uma formação suplementar. Os seus jogos verbais, as suas considerações "críticas" e cacoetes intelectuais aparecem como elementares para uma faixa muito ampla de leitores.

Ou seja: sente-se muito fortemente, que boa parte dos comentaristas políticos da grande imprensa, por exemplo, tem baixo interesse por leituras, desconhece a literatura da filosofia política, da ciência política, das humanidades em geral, pouco estudou sobre a história política do país e por aí afora. Essa baixa formação se torna cada vez mais visível para quem consome o produto das mídias.

Por outro lado, a mídia brasileira é um dos setores menos regulamentados da sociedade. Isto é, uma terra de fronteira sem lei. Um verdadeiro velho Oeste. Tim Lopes poderia dizer não à reportagem que acabou lhe custando a vida? Não poderia, como bem destacou o professor da UNB Luiz Martins numa discussão sobre o tema. Porque no Brasil não existe a cláusula de consciência, isto é, o direito garantido ao jornalista de não realizar matérias que possam ferir seu senso moral ou levá-lo a correr riscos. Não pode haver segmento de atividade humana sem lei. Como diziam os gregos, quem vive sem leis são os ciclopes [de acordo com obras épicas da Grécia antiga, ciclopes eram gigantes com apenas um olho na testa, conhecidos por sua extraordinária força física]. É preciso que se constitua o Conselho Federal de Jornalismo; que se estabeleça a figura do ombudsman público no país; que se assegurem os quatro erres: retificação, retratação, resposta e reparação. Não é possível um quarto poder que exista como um fora-da-lei e que, estando totalmente isento à lei, arvore-se em guardião que indica quem deve e quem não deve ser punido pela lei. E o pior: que tenha poder para, como meia dúzia de palavras, mobilizar os tribunais superiores, o Ministério Público etc. Um poder desse gênero é puro despotismo.

O senhor acredita na imparcialidade da mídia?

Creio que a equação é a seguinte: tanto mais a mídia mostre qualidade investigativa e liberdade de pesquisar, maior será o grau de seu comprometimento com a verdade e, portanto, mais dará ao leitor ou consumidor em geral de seus produtos as condições de formação de um juízo amplo sobre a realidade. Aliás, quando compramos jornais e revistas, ou assinamos provedores, estamos fazendo um investimento em nossa compreensão do mundo e em nossa capacidade de emitir opiniões. Ou seja: pagando por um bem. Por isso, vê-se tantos comentários contra os colunistas nas páginas do manifesto. O colunista, por definição, é um sujeito cuja argúcia, liberdade de visão, a capacidade de expressão e compromisso com a busca da verdade deveriam estar entre suas qualidades pessoais. Não é o que vemos. Pela "unanimidade midíatica" - expressão do professor Venício Lima - que se alastrou na grande imprensa brasileira, por exemplo, tem-se a impressão de que o colunista é apenas um leva-e-traz de recados dos donos de jornal e de seus interesses políticos. Nada mais.

Temos uma mídia que custa caro ao consumidor e barato aos fabricantes, porque sua qualidade é muito baixa. Queremos colunistas e articulistas, mas que estejam à altura do publico leitor e que possam dialogar com este público em vez de servirem apenas de "médium", ou correia de transmissão, de senhores de engenho midiáticos. Uma população livre, democrática não quer uma mídia baseada no trabalho escravo. Por isso, é preciso também um investimento forte do governo na mídia alternativa, nos jornais de comunidade, em novos meios e novas experiências de informação. Atualmente, o investimento do governo nas grandes mídias aproxima-se de R$ 1 bilhão. Isso é muito investido em poucos. É melhor diversificar este investimento e, com isso, democratizar as fontes de geração de informação e entretenimento.

O que o senhor acha de já ter conseguido tantos adeptos ao manifesto? O senhor acredita que isso possa significar que a conscientização política dos anos 1980 ainda exista?

Eu não diria que são "adeptos", mas que são (co)elaboradores, na medida em que cada assinatura e cada comentário está reelaborando o manifesto e redefinindo o seu corpo. Ao contrário do período pré-digital, agora os textos e os documentos não só têm uma realização aberta, mas, também, uma autoria múltipla. Do mesmo modo os movimentos tenderão a ter uma coordenação mutante e, como eu já disse para alguns colegas e repito, estou pronto para passar adiante a coordenação do manifesto e voltar-me para o interesse da leitura e da pesquisa, que é o que me atrai. Havendo um candidato, é só me procurar.

Quanto à consciência política, acredito que hoje existe uma forma especial de consciência política que se descola cada vez mais da esfera de influência dos partidos. É um resultado, parece-me, de uma revitalização da sociedade civil com a idéia, que foi introduzida pelos movimentos sociais, especialmente, a partir da democratização da sociedade brasileira, de que qualquer um pode erguer e levar adiante uma bandeira que ache justa, seja ela de natureza política, de informação, ecológica etc. Isso não significa tornar-se um profissional da política, mas apenas atuar como alguém que eventualmente leva adiante uma causa. Não falamos, portanto, como eleitores de A ou B, mas como consumidores de informação que não estão dispostos a pagar caro por um produto de baixíssimo nível.

Cito aqui um exemplo, que motivou um e-mail meu (de 5 de agosto de 2006) para a redação da Folha Online. Em uma matéria que trazia o título "Confrontos entre Israel e Hizbollah no Líbano deixam ao menos 13 mortos", lia-se: "Em Israel, confrontos e foguetes do Hizbollah mataram mais de 70 mortos, sendo mais de 30 civis". O título fala em 13, já o corpo da matéria refere-se a 70 e, por fim, descobrimos que o Hizbollah mata mortos... Enfim, nós pagamos por esse péssimo produto. A minha preocupação com esses produtos de baixa categoria, como você vê, não surgiu nas últimas semanas. Baixa qualidade que, no caso, quer dizer: baixa confiabilidade. É como diz uma das assinantes do manifesto e é repetido em vários depoimentos: "1795. Vanessa Tigre - Não sou Lula, nem sou Alckmin, mas acho que a mídia tem que ser igual para todos os candidatos e, acima de tudo, IMPARCIAL."

A consciência política, em particular esta permitida pela internet, da troca rápida e eficiente de pontos de vistas, comentários e indignações, é antes de tudo a de que estamos à procura de informação, e informação de qualidade. Qualquer um que tenha o hábito de ler matérias nos jornais franceses, nos jornais em língua inglesa, sempre sentirá calafrios ao ler a grande mídia brasileira de hoje.

Qual a sua posição política e quem o senhor apóia?

Meus compromissos éticos políticos são, em primeiro lugar, com a verdade e a transparência. Ou seja, com tudo isso a que a grande mídia, partidarizada e manipuladora, não tem condições de se vincular. Por isso mesmo, acho que seria um equívoco fazer, ao modo da mídia, a apologia de um candidato. Deixo os encômios e as apologias para os colunistas. Minha posição procura, antes de tudo, contribuir para dar amplitude ao debate público e democrático, que não se deixe construir por manipulações, mas se ancore em programas e projetos, na igualdade de chances e na exposição equilibrada dos postulantes aos cargos públicos. Qualquer outra posição que não essa conduz ao mesmo partidarismo que recrimino e contra o qual me insurgi, juntamente com muitos outros internautas, por meio do manifesto.

ATUALIZADA EM:21/10/2006

http://www.congressoemfoco.com.br/Noticia.aspx?id=10924

MAS, E O CESAR MAIA ?

O prefeito do Rio, Cesar Maia que no seu ex-blog, durante as eleições, resolveu dar dicas para a Heloísa Helena, Alckmin e a sua candidata ao governo do Rio, Denise Frossard. Os três perderam feio. Já sabíamos que o César Maia é um péssimo prefeito. Agora sabemos que ele é, também, um péssimo estrategista.

Roubada

Tenho um amigo e colega norteamericano que trabalha comigo no MIT (Massachusetts Institute of Technology) e que duas vezes por ano dá aulas na NYU (New York University ) que me disse que se encontrou em NY com seu amigo pessoal, James Carville e sua mulher Mary Matalin que foram os estrategistas das campanhas do FHC em 94, Clinton e Bush.

Carville contou ao meu amigo que ele foi procurado, em meados deste ano, por políticos brasileiros de oposição, tentando contratá-lo como estrategista da campanha do Alckmin. Levaram para NY vários DVDs com imagens do Lula em várias situações, para que o Carville estudasse e conhecesse melhor o Lula.

Antes mesmo de receber os DVDs o Carville disse: - Conheço muito bem o Sr. Lula. Aliás, o mundo todo conhece muito bem o Sr. Lula. Vocês estão perdendo tempo e dinheiro. Ele é imbatível. Ele é um mito. Ele tem carisma. Não existe estratégia política que consiga vencer um mito e líder carismático. Em 94, o Lula ainda não tinha mostrado o que seria capaz de fazer se um dia fosse Presidente, por isso o FHC venceu. Agora é tarde.

Eu, Stanley, fui procurar saber qual a definição de carisma e cheguei até Sócrates, Platão e Aristóteles. Esses três Filósofos tiveram, em épocas diferentes, a mesma percepção para os principais componentes que tornam uma pessoa carismática: inteligência, simpatia, sentimentos calorosos e, o principal deles: pureza de intenções.

Por outro lado, disse o meu amigo e eu também já desconfiava disso, não interessaria ao Bush que o Lula perdesse as eleições porque ele perderia o seu único interlocutor para a América do Sul e Central, capaz de dialogar e controlar o Evo Morales, Chávez e Fidel.

Coisa que seria quase impossível para o Alckmin ou qualquer outro da oposição e o Carville sabia disso tudo ou deve ter sido alertado pelo próprio Bush.
Stanley.

Homem que comemorava vitória de Lula é morto no CE

Da Agência Estado

30/10/2006

16h10-O garçom cearense Alan Jorge de Sousa Ferreira, de 22 anos, morreu no domingo de eleições durante a comemoração, em Fortaleza, pela reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O rapaz estava na Avenida da Universidade - corredor que abriga os comitês dos partidos de esquerda no Ceará -, próximo à sede do PC do B, quando um homem dentro de um Gol disparou três tiros contra o aglomerado de pessoas que festejava na rua a vitória de Lula. O garçom foi atingido no abdômen. Outras duas pessoas saíram feridas.

Ferreira era natural de Morada Nova (CE) e estava morando em Fortaleza há três meses. Até agora, o nome do autor dos disparos ainda não foi divulgado pela Polícia. O caso está sendo apurado pelo 34º Distrito Policial, do Bairro Otávio Bonfim. O delegado Jairo Pequeno disse ter pistas do assassino, mas preferiu não adiantar nada para não atrapalhar as investigações.

http://noticias.correioweb.com.br/materias.php?id=2688669&sub=Política

Chávez faz barulho, mas quem manda na AL é Lula, diz jornal francês

Da BBC Brasil

31/10/2006

08h23 - O Brasil detém a “chave do equilíbrio” regional na América Latina, e por isso a eleição de Lula gerou alívio entre líderes dos países vizinhos, sustenta uma análise publicada pelo jornal francês Le Figaro.

Em artigo intitulado “Na América Latina, Chávez faz barulho mas é Lula quem manda”, a jornalista especializada Lamia Oualalou diz que, apesar das discórdias com os países vizinhos, “de Buenos Aires a La Paz, de Santiago a Havana”, cada líder nacional reconhece o protagonismo do Brasil como porta-voz regional.

“Se a Venezuela de Hugo Chávez e sua guerra contra o “imperialismo americano” monopoliza as manchetes, é em função de Brasília que Washington é obrigada a dosar sua intervenção na América Latina”, ela destaca.

A dependência seria também do presidente boliviano Evo Morales, “que continua a testar a paciência do Brasil” na questão energética, e do argentino Nestor Kirchner, que “em outros tempos teria provocado uma verdadeira crise diplomática” com suas medidas protecionistas no Mercosul.

Para a jornalista, a “condescendência” de Lula se explica porque “o governo (brasileiro) está convencido de que para ombrear as capitais ocidentais, e aspirar a uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU, o país deve se tornar porta-voz da América do Sul”.

“Esquerda suave”

A política externa de Lula também ganha espaço no Christian Science Monitor. O diário americano diz que “a reeleição é boa para os laços brasileiros com aliados próximos e distantes”.

“Além de promover aproximação com a China, a Ásia e o Oriente Médio, Lula manteve relações cordiais com o presidente (americano George W.) Bush e os principais líderes europeus, sendo para eles uma ponte na região.”

Segundo o Christian Science Monitor, Lula lidera a “esquerda suave” na América Latina – que incluiria ainda Argentina, Uruguai e Chile –, sem deixar de dar atenção ao líder mais radical do subcontinente, o venezuelano Hugo Chávez.

“Os Estados Unidos vêem Lula como uma pessoa que pode garantir a estabilidade da região, alguém que pode dialogar com Chávez e até contê-lo”, opina um especialista brasileiro ouvido pelo jornal.

“Magia”

O espanhol El País dedica à reeleição um editorial intitulado “A magia de Lula”. “A votação maciça de Lula tem pouco de magia. É resultado de seus programas de luta contra a pobreza”, diz o jornal. Mas o editorial se questiona sobre os rumos do segundo mandato, destacando que o primeiro mandato de Lula manteve o rigor nas contas públicas e a luta contra a inflação.

Neste segundo termo, diz o texto, Lula “pode se permitir mais alegrias para tentar conseguir o que anuncia: que o Brasil deixe de ser uma economia emergente e cumpra as expectativas em torno do país”.

“Começa assim um Lula 2? Não surpreende que suas primeiras declarações tenham servido para – além de desfrutar do “momento mágico” que, ele disse, vive a democracia brasileira – manter sob controle o resto das reformas políticas.”

Ética (Grifo meu: o texto abaixo do New York Times, foi escrito pelo Larry Rohter, aquele jornalista que, tempos atrás, publicou uma matéria no mesmo jornal dizendo que o Lula é alcóolatra. Claro que ele não vai elogiar o Lula).

Em tom menos laudatório, o americano The New York Times questiona “se Lula interpretará que essa vitória lhe absolve dos casos de corrupção”.

“Depois do primeiro turno, ele expressou arrependimento pelo que chamou “erros” do partido – no entanto, mal ele prometeu o fim da má conduta, alguns de seus aliados mais próximos reapareciam envolvidos com o escândalo do dossiê”, diz a matéria.

O jornal coloca esse dilema contextualizando as dificuldades de composição do governo no segundo mandato, já que “uma segunda lua-de-mel” com o eleitor ou com o Congresso “está descartada”.

“Para conseguir aprovação do Legislativo para seus projetos, (Lula) corre o risco de ter de recorrer a negociações eticamente questionáveis que colocaram seu primeiro governo em apuros”, diz o NYT.

http://www.correioweb.com.br/hotsites/eleicoes2006/noticias.htm?ultima=2688770&sub=Pol%c3%adtica

30 de outubro de 2006 - 20h02

PF recua e nega quebra de sigilo telefônico de Berzoini

Cuiabá - Três dias depois de confirmar a quebra do sigilo telefônico do deputado Ricardo Berzoini, presidente afastado do PT, a Polícia Federal recuou e divulgou nota hoje assegurando que não pediu acesso aos dados confidenciais do ex-coordenador da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição. Sob forte pressão do governo, a PF adotou uma nova versão para o caso e passou a sustentar o óbvio: que deputado tem prerrogativa de foro e que não é de sua alçada vasculhar dados confidenciais de parlamentares.

Cabe ao Supremo Tribunal Federal, e apenas à máxima corte, esse tipo de ação. "A PF reafirma que trabalha no estrito cumprimento de sua missão institucional, investigando a todos de acordo com a lei e com a finalidade de assegurar que ninguém tenha suas garantias legais feridas", afirma o texto.

A PF omitiu, porém, que no cruzamento de mais de mil linhas telefônicas fixas e móveis relacionadas à trama do dossiê Vedoin, bateu em pelo menos quatro números de uso e de propriedade de Berzoini. Pode ter sido uma descoberta ocasional, mas ela ocorreu e com autorização judicial que permitiu levantamento do cadastro relativo àquelas linhas. A PF alega agora que foi o próprio Berzoini quem ofereceu seus números telefônicos, quatro ao todo, para incluir na pesquisa. Berzoini teria cedido os números de suas linhas quando prestou depoimento à PF no inquérito do dossiê em 17 de outubro.

Os federais constataram que para os números do presidente afastado do PT teriam sido realizadas chamadas de integrantes da organização formada por quadros históricos do PT envolvidos na trama do dossiê Vedoin. A informação é da PF em Mato Grosso: entre os que ligaram para Berzoini estaria Hamilton Lacerda, ex-coordenador da campanha do senador do PT Aloizio Mercadante ao governo de São Paulo.

Na sexta-feira, às 20h20, a PF divulgou que tinha dados telefônicos do ex-coordenador da campanha de Lula. A informação foi dada em caráter oficial e reiterada 10 minutos depois. No domingo à tarde, a PF confirmou que o cruzamento das linhas identificou números de Berzoini.

Defesa

Nesta manhã, por quase duas horas, o superintendente regional da PF em Mato Grosso, delegado Daniel Lorenz, recebeu em seu gabinete o advogado Rodrigo Marra, defensor de Berzoini. A conversa transcorreu a portas fechadas. À saída, Marra limitou-se a dizer que a PF iria distribuir uma nota oficial esclarecendo que o sigilo de seu cliente não havia sido aberto. Ele se recusou a responder se Berzoini tem medo de abrir mão do sigilo telefônico.

O advogado não quis se pronunciar também acerca do rastreamento que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) está promovendo desde 26 de setembro a pedido da PF. A pesquisa tem como alvo 24 pessoas físicas e jurídicas. O primeiro nome da lista é Berzoini. Juízes federais consultados pelo Estado ressaltaram que essa apuração da PF envolvendo o nome do deputado basta para que o inquérito do dossiê seja transferido para o STF. (Fausto Macedo e Sonia Filgueiras)

http://www.ae.com.br/institucional/ultimas/2006/out/30/2793.htm

30/10/2006 18:32

Um almoço para FHC

Blog do Mino Carta

João Dória Júnior, aquele cavalheiro que destrói monumentos e dorme de redinha a lhe enfaixar os cabelos, organizou um almoço homenagem hoje, segunda-feira, para Fernando Henrique Cardoso, em beneficio dos associados da Lide. Trata-se de numeroso grupo de empresários dispostos, se for o caso, a envergarem as roupas de Indiana Jones para festas em Comandatuba.
Me causa arrepios pensar que a Lide reúne 40% do PIB nacional. É o que alega o próprio Dória. E a ele coube apresentar FHC nos salões do Hotel Hyatt, como o presidente que mais contribuiu par a democracia brasileira. Lá pelas tantas, um dos convivas perguntou ao homenageado qual seria o risco de Lula pretender governar somente para os pobres. FHC esclareceu, sem solenidade, que um presidente da República tem de governar também para os ricos. Os aplausos da platéia foram ouvidos em Pindamonhangaba.

enviada por mino

http://z001.ig.com.br/ig/61/51/937843/blig/blogdomino/2006_10.html#post_18676311


30/10/2006 18:11

Civita e o governo

Blog do Mino Carta

Engana-se quem aponta a edição de livros didáticos como o centro das pendências da Abril com o governo federal. Roberto Civita, boss da editora, mira em negócio muito mais fabuloso, a internet sem fio. Especialistas falam em centenas de milhões de reais. Outros, em bilhão.

Ao enredo: Civita tem tido conflitos recorrentes com os capatazes da revista Veja. Há alguns meses pede moderação em relação ao governo Lula. Reportagens contra o PT e a administração federal teriam sido engavetadas. Nos corredores da empresa, o boss arriscou-se a afirmar que contrataria Dilma Rousseff, ministra da Casa Civil, para administrar a Abril.

No início dos anos 90, a Abril ganhou de graça, e sem concorrência, concessões de MMDS no Rio, São Paulo e sul do País. A freqüência teve pouca utilidade até agora, já que a tevê por assinatura desenvolveu-se de outras formas. A internet sem fio deve, porém, utilizar essa faixa. As perspectivas do novo negócio são animadoras. Ou seja, as concessões que não valiam nada viraram ouro.

Em meados de abril passado, a Casa Civil solicitou que o Ministério das Comunicações fizesse uma consulta à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). A ministra Dilma queria saber se as concessões dadas há mais de 15 anos estavam de pé ou, em nome da concorrência e da inclusão digital, não seria o caso de promover novas licitações de MMDS. Justamente nas áreas onde a Abril detém virtual monopólio.

Na Anatel, o placar foi 2 a 2. Os conselheiros indicados por FHC rejeitaram a proposta de nova licitação, o que atendia ao interesse da Abril. Os indicados por Lula foram a favor da consulta da Casa Civil. Pelas regras da agência, em caso de empate, vale a decisão anterior. Tudo ficou na mesma. Por enquanto. O governo ainda precisa indicar mais um conselheiro. Nesse caso, uma nova consulta da Casa Civil poderia interferir nos negócios da família Civita.

Diante dessa perspectiva, Civita foi à luta. Esteve reunido com Dilma Rousseff para tratar do assunto. Foi levado ao encontro por Sidnei Basile, Diretor de Relações Institucionais da Abril. Hélio Costa, das Comunicações, esteve duas vezes no prédio da Marginal Pinheiros que abriga o grupo. Enquanto isso, Civita exigia moderação dos subordinados, para não melindrar o governo.
Em tempo: os principais negócios do grupo sul-africano Naspers, que comprou 30% do capital da Abril por 422 milhões de dólares, são tevê por assinatura e, vejam só, internet.

enviada por mino

http://z001.ig.com.br/ig/61/51/937843/blig/blogdomino/2006_10.html#post_18676252

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