quinta-feira, abril 20, 2006

ESTE É QUEM PAGOU NILDO?

ESTE É QUEM PAGOU NILDO?

Antônio Alves teria ajudado o suposto pai do caseiro com 10 mil reais

Por Leandro Fortes, de Teresina

Aos 24 anos, Francenildo Santos Costa tornou-se, graças a uma ação criminosa de agentes do Estado, uma celebridade nacional. Em pouco mais de um mês, foi responsável pela queda do ministro da Fazenda e do presidente da Caixa Econômica Federal, além de ter criado sérios constrangimentos para o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, novo alvo preferencial da oposição. O caseiro Nildo, como ficou mais conhecido, também se tornou figura pública no Piauí, seu estado natal, onde até se cogitou uma candidatura dele à prefeitura de Nazária, onde nasceu e ainda vive a mãe, Benta Costa. Nas palavras de uma autoridade policial brasileira, Francenildo virou, por obra da condenável quebra de sigilo, um intocável “namoradinho do Brasil”. Por isso, pouca gente se arrisca a investigá-lo.

Nazária é um ex-distrito recém-emancipado, de aspecto miserável, localizado a 30 quilômetros da capital Teresina, onde Francenildo foi descansar durante a Semana Santa. Cercado de alguns parentes e, agora, com dois advogados atuando gratuitamente para ele, ficou irritado com a presença da imprensa. “Queria descansar de vocês”, respondeu aos repórteres postados além da cerca da casa da mãe.

Aproveitou o tempo para, contra os advogados, ir na casa do suposto pai biológico, o empresário Eurípedes Soares, pressioná-lo por conta de um litígio de paternidade – origem de uma polêmica que mexeu com a República. Mas ainda há uma parte desconhecida dessa história. A Polícia Federal não se mexeu adequadamente para resolvê-la. Diz respeito aos depósitos de 25 mil reais ou 38 mil reais, a depender da desconfiança de quem faz a conta, encontrados nos extratos bancários do caseiro e revelados, após quebra ilegal de sigilo, pela revista Época.

É uma história realmente esquisita. Quase tão esquisita quanto o principal personagem dela, que a despeito das aparências, não é nem o caseiro Nildo, nem o empresário Eurípedes Soares, dono de uma frota de 22 ônibus em Teresina. O nome da figura é Antônio Alves Filho, 45 anos, microempresário informal de Timon, uma cidade-dormitório do Maranhão situada à margem esquerda do rio Parnaíba, separada de Teresina apenas por uma ponte. Arredio, às vezes agressivo, Alves apareceu nessa novela porque, apesar de morador de uma casa pobre da zona rural de Timon, teria emprestado os primeiros 10 mil reais que foram depositados, a título de antídoto para uma chantagem, na conta de Francenildo.

Antônio Alves é uma figura miúda, sertaneja, impaciente com a presença do repórter e do flash da máquina fotográfica que ficou uns minutos espocando luz nele e nas sucatas do terreno de lama negra ao lado da casa onde mora. Casado, tem dois filhos e poucos amigos. Aliás, ele garante que, amigo mesmo, só o “seu” Soares, o Eurípedes, dono da Viação Soares, a quem Nildo quer o reconhecimento paterno. Em uma entrevista dada ao Estado de S. Paulo, o empresário revelou que, para pagar a primeira das três parcelas de dinheiro prometidas ao caseiro, recorreu a um “Antônio” para honrar o compromisso. Era Alves. E mais: o amigo do lado maranhense teria recorrido a outra pessoa para conseguir o dinheiro.

Pergunta difícil de responder é como Antônio Alves, levando a vida que leva, morando onde mora, teve condições de sacar 10 mil reais, assim, de uma hora para outra. Ao contrário de Soares, Alves trabalha com dois ônibus velhos. Um, com quase 40 anos de uso. O outro, mais novo, ano 1972, está parado por conta de problemas mecânicos. Usa os veículos para fazer o que, na região de Timon, é chamado de “linha carroçal”, expediente de levar e trazer trabalhadores rurais para a roça ou para o centro da cidade, dentro de ônibus clandestinos. Além disso, alega fazer uns bicos como mecânico de automóveis e retífica de peças. Quando viu o gravador na mão do repórter, ficou zangado. “O que é? Vai dizendo o que você quer”.

Antônio Alves Filho alega ter emprestado o dinheiro para Eurípedes porque o empresário, além de amigo, “é um cidadão”. Segundo ele, foi para “salvar a vida” de Soares, por causa da situação em que se meteu por conta das denúncias de Francenildo Costa. “Vi a agonia do homem, tinha o dinheiro em casa, emprestei mesmo”, conta. Mas não foram 10 mil reais, diz, mas somente 7 mil. “Os outros 3 mil você tem que perguntar a ele onde arranjou.” O empréstimo foi feito em espécie, e é coisa dele mesmo, não houve, segundo ele, uma terceira pessoa. Um bocado de dinheiro, portanto, guardado em casa, um imóvel alugado, sem acabamento e de poucos cômodos, cercado de barro e lama. Na porta lateral da casa, Alves inquieta-se com as perguntas, fica ainda mais irritado, baixa os olhos e bate, insistentemente, o pé na terra batida enquanto fala.

O terreno ao lado, onde guarda os ônibus e desova peças velhas para futura retífica, não é dele. Usa de favor, na condição de não deixar o mato crescer e manter afastados eventuais invasores. Alves gagueja para explicar que os 7 mil reais dizem respeito à venda de uma casa em Teresina. Estavam dentro de casa, à espera sabe-se lá de que destino. Soares até hoje não pagou a dívida. Além disso, ele não revela o endereço do imóvel, nem por onde anda o contrato de compra e venda. “Para você eu não mostro, se precisar, mostro para a polícia”. Talvez, precise.

Revista Carta Capital: http://www.cartacapital.com.br/index.php?funcao=exibirMateria&id_materia=4452

ASSASSINATO, CORRUPÇÃO E JORNALISMO ALUGADO

ASSASSINATO, CORRUPÇÃO E JORNALISMO ALUGADO

*Este dossiê é muito sério e deve ser divulgado ostensivamente. Estou estarrecido. Quem se interessar na mudança deste país, e nela acreditar, acampe a luta, seja mais um guerreiro da liberdade, da democracia, da ampliação dos direitos, da destruição do poder que é controlados por poucos. Sei que somos mais e melhores do que eles.*
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*"Na guarda guerreiro, levante a cabeça... Pois, do lixão nasce flor" Mano Brown*
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*Allysson Fernandes Garcia*
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*O GOLPE DE ESTADO E A CAIXA-PRETA DA IMPRENSA***
ASSASSINATO, CORRUPÇÃO E JORNALISMO ALUGADO


Dossiê

Por Chico Nader, Morgana White e Alberto Salvador - Abril/2006

Em pouco mais de um ano de atividades, o JIBRA (Jornalistas Independentes do Brasil), com sede oficial em Londres (UK) vem divulgando uma série de * dossiês* que ajudam a explicar a *crise política brasileira*. Nosso trabalho se insere numa ação de cidadania responsável que se destina a vencer o bloqueio da censura imposta no Brasil pelos grandes veículos de comunicação, controlados por algumas famílias e por poderosas organizações multinacionais de mídia.

Nesse período, sofremos todo tipo de perseguições. No Brasil, nossos colaboradores tiveram suas vidas devassadas. Computadores foram apreendidos e contas de e-mail tiveram o sigilo quebrado, sempre com suporte dos serviços de inteligência dos Estados Unidos da América, especialmente dos funcionários "especiais" que trabalham em Brasília. Em Londres, recebemos por várias vezes as visitas de agentes policiais e nossos telefones foram grampeados. Talvez a exposição desses fatos ajude a explicar os episódios que descreveremos em seguida.

A morte de Jean Charles e o Golpe contra Lula

* Em 22 de Junho de 2005, o JIBRA fez publicar no CMI - Centro Midia Independente um relato sobre a primeira tentativa de golpe contra o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O texto está disponível até hoje em http://www.midiaindependente.org/es/red/2005/06/320821.shtml. O trabalho jornalístico narrava a origem do plano de desestabilização do governo Lula, articulado pelas elites nacionais, com apoio tático e estratégico do governo dos Estados Unidos da América. Todas as informações ali contidas foram, mais cedo ou mais tarde, comprovadas por investigações independentes. Nosso trabalho se tornou referência para estudos de outras conceituadas entidades e órgãos de imprensa.

* See quotes
*:
http://www.americas.org/item_22207
.

http://www.lautjournal.info/autjourarchives.asp?article=2410&noj=244

A revelação das atividades do *Grupo Rio* (LEIA MAIS ABAIXO A MATÉRIA DESTE MESMO GRUPO QUE EXPLICA O QUE É O GRUPO DO RIO) desencadeou imediata reação dos serviços de inteligência extra-nacionais, com violação de sigilos, escutas clandestinas e interceptação de mensagens. Profissionais de imprensa brasileiros sofreram constrangimentos ao serem incluídos na lista de supostos informantes do JIBRA. Mesmo assim, em poucos dias, blogs e sites pessoais fizeram com que o material se espalhasse pelas infovias.

Entretanto, demorou mais do que imaginávamos para que sofrêssemos o impacto da reação. Em Lambeth (um dos London Boroughs), a jornalista Morgana White utilizava-se havia tempos dos serviços de um brasileiro, indicado por amigos, na realização de pequenos serviços em seu escritório doméstico. Seu nome era Jean Charles de Menezes.

Sabe-se, hoje, pelos protocolos de investigação da Comissão Independente de Investigação de Queixas da Polícia (CIIQ, in English), que a ação desencadeada dentro da estrutura da *Operation Kratos* tinha por objetivo responder à ação de supostos terroristas de esquerda brasileiros com base no Reino Unido. A troca de mensagens entre as células de inteligência (US-UK) exibe a exigência americana de uma ação imediata, com prazo de 30 dias para a apresentação de resultados práticos.


* See more:
*
http://www.met.police.uk/foi/pdfs/policies/stop_and_search_s44_tact_2000_sop.pdf

Exatamente um mês depois de divulgado o texto do Jibra, em 22 de Julho de 2005, uma unidade mista de policiais e agentes anti-terrorismo britânicos, treinados por Israel, executou Jean Charles de Menezes. Cumpriam o prazo! Na avaliação equivocada dos IS britânicos, o brasileiro funcionava como operador estratégico das ações do JIBRA. Um engano trágico que custou a vida de um jovem honesto, sempre de bem com a vida, cheio de sonhos e aspirações.

Os depoimentos de Morgana White para seus companheiros jornalistas não deixa dúvidas sobre as razões do assassinato, um misto de brutalidade e incompetência. Ao mesmo tempo, suas explicações lançam luzes sobre os mistérios que até hoje envolvem a morte do brasileiro (abaixo as contradições e mentiras que marcam a investigação do caso).

http://mrzine.monthlyreview.org/seymour100805.html

http://antagonise.blogspot.com/2005/08/jean-charles-de-menezes-murder-lies.html

Vale informar que a carta de Morgana White, escrita já na Irlanda, comprova seus contatos com Jean Charles e mostra que o rapaz *SABIA* que vinha sendo espionado. O documento foi enviado às redações dos principais jornais brasileiros, mas jamais foi divulgado.

Depois das primeiras manifestações do JIBRA sobre o assunto, em 29 de Março, ameaças resultaram no pedido de demissão de Susan Atkins, chefe da Comissão de Queixas contra a Polícia. Baixa na turma dos mocinhos; ponto para os bandidos. Outro profissional sério da comissão, Laurence Lutsgarten, também foi afastado de suas funções, vítima de uma armação da Polícia Metropolitana de Londres. Motivo oficial: comportamento sexual inadequado.

*Brasil: A República dos Jornalistas Corruptos*

Há tempos, pede-se a abertura da Caixa Preta da imprensa brasileira. Nenhum cidadão razoavelmente inteligente pode acreditar que a violenta campanha para derrubar o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja realizada por jornalistas somente seduzidos pela doutrina neoliberal e conservadora difundida pelos quadros intelectuais da elite brasileira.

Há muito dinheiro correndo nos túneis subterrâneos do Golpe de Estado em curso no Brasil. Boa parte desse dinheiro se destina a abastecer os jornalistas e formadores de opinião recrutados pelo Grupo Rio.

Investigações independentes, realizadas de Setembro de 2005 a Março de 2006, revelam que pelo menos 76 pessoas, entre jornalistas e outras personalidades, foram agraciados por suas contribuições ao Golpe de Estado. Certamente, há os que nada cobram, que se juntam à sedição por motivos particulares ou por investirem em benefícios futuros.

Os bancos Nossa Caixa, Bank of Boston e Santander Banespa (LEIA, MAIS ABAIXO, MATÉRIA QUE FALA SOBRE A ATUAÇÃO DA OPUS DEI NO BRASIL E SOBRE OS BANCOS ESPANHÓIS) tem sido os principais canais de repasse para a maior parte desses profissionais de duplo emprego.

* Quem são os jornalistas empenhados em instaurar o terror no País

* A legião de colaboradores do Golpe de Estado se divide em três frentes diferentes na mídia: 1) Jornalistas da grande imprensa; 2) Blogueiros e articulistas "independentes"; 3) Formadores de opinião (analistas políticos, artistas, etc...)

Os primeiros tratam de ecoar tudo que é supostamente negativo no governo do Presidente Lula. Exageram, ofendem, instauram suspeitas e, a todo custo, recorrem ao moralismo rasteiro para provocar indignação nos cidadãos. É o caso do jornalista Ricardo Noblat.

Os segundos são utilizados geralmente para divulgar informações falsas, parte da estratégia de terror utilizada na desestabilização do País. Por serem menos facilmente enquadráveis, realizam o trabalho sujo de poluição informativa. É o caso de Claudio Humberto.

Os terceiros são cooptados das mais diferentes formas, nem sempre presenteados com dinheiro. Na farsa midiática, servem para criar uma ilusão de caos institucional, de decepção geral e indignação contra o governo. É o caso do ator Lima Duarte, tradicionalmente ligado ao tucanismo; de um conhecido humorista; do deputado Fernando Gabeira; do presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), de Roberto Busato, a quem foi prometido o cargo de Ministro da Justiça em eventual futuro governo do PSDB-PFL; do "oabista" Orlando Maluf Haddad, cuja má índole é equivalente a sua capacidade de acumular patrimônio; e da analista de assuntos políticos Lucia Hipólito.

* Como ganhar dinheiro fácil

* Para alguns desses jornalistas e formadores de opinião, o ofício sempre foi uma prática de comércio apartada de valores morais ou de condutas éticas. É o caso do "empoado" Augusto Nunes, do Jornal do Brasil, e de Eurípedes Alcântara, da revista Veja.

O segundo esteve inúmeras vezes nos Estados Unidos, sempre participando de simpósios do Departamento de Estado e do Departamento de Defesa para jornalistas latino-americanos alinhados com as políticas de Washington. Logicamente, Alcântara sempre foi retribuído por suas ações no sentido de desmoralizar qualquer projeto ou personalidade da esquerda no Brasil.

O Departamento de Defesa dos Estados Unidos reproduz uma conversa telefônica
entre Alcântara e Donald Rumsfeld.


http://www.defenselink.mil/transcripts/2005/tr20050405-secdef2581.html

Um pequeno e cômico trecho mostra o tipo de jornalismo produzido pelo escoteiro de Roberto Civita.

QUESTION (Alcântara): *Yeah, that would be my pleasure. I have been watching close your role in the United States and I must say that I admire you. You are so firm since the beginning. When they said they were going there for the oil and then they said you were going there for your own interests, and then, well, we see democracy spreading throughout the Arab world. This is not a small thing, right?***
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Outros jornalistas têm servido com fidelidade aos articuladores do Golpe de Estado, como o blogueiro Fernando Rodrigues e o articulista Merval Pereira. A norma é simples. Negar ou criticar qualquer sucesso da administração de Luiz Inácio Lula da Silva. Os sucessos na Educação, como o Prouni, e na promoção social, como o Bolsa Família, devem ser ignorados ou tratados com ironia ácida. Toda suspeita deve ser concebida como verdade. Tudo que representar dano à reputação do presidente e de seu partido deve ser ampliado, se possível em tom de indignação cívica. No plano das alianças, referências à Venezuela e a Hugo Chávez devem ser sempre negativas.

Os comentaristas e analistas seguem a mesma cartilha (um conjunto informal de orientações conhecido como Bola7), produzida sob coordenação do publicitário *Paschoal Fabra Neto*. É o caso de *Luciano Dias*, do IBEP, aluno obediente do Grupo Rio. Vale acompanhar seu torto pensamento, expresso no UOL (serviço do Internet do jornal Folha de S. Paulo).

* "De acordo com Dias, é irrelevante se o caseiro foi ou não comprado para desmentir Palocci."

*
http://noticias.uol.com.br/uolnews/brasil/entrevistas/2006/03/24/ult2614u447.jhtm

* O jogo das contas bancárias milagrosas

* Ricardo Noblat, Fernando Rodrigues, Claudio Humberto, Augusto Nunes, Merval Pereira, Otavio Cabral, Lucia Hipolito, Luciano Dias, Lilian Witte Fibe, Mauro Calliari, Eurípedes Alcântara, Mario Sabino, André Petry, Diogo Mainardi, entre outros, não citados porque se beneficiam de nossas incertezas, figuram entre os alegres ganhadores da loteria do golpe. Cabe aos bons jornalistas, descobrir quem os tem premiado.

* Para facilitar o trabalho, apresentamos alguns dados fundamentais:

R$ 76 mil entre 10/2005 e 03/2006;

R$ 234 mil entre 07/2005 e 03/2006;

R$ 450 mil entre 08/2005 e 03/2006;

R$ 34 mil entre 07/2005 e 03/2006;

R$ 906 mil entre 06/2005 e 03/2006;

R$ 54 mil (em 10 parcelas) entre 05/2006 e 02/2006;

R$ 111 mil entre 08/2005 e 03/2006;

R$ 432 mil entre 10/2005 e 03/2006;

R$ 454 mil entre 10/2005 e 03/2006;

R$ 32 mil entre 08/2005 e 03/2006;

R$ 321 mil em 12/2005;

R$ 98 mil entre 07/2005 e 03/2006;

R$ 132 mil entre 10/2005 e 03/2006;

R$ 42 mil entre 10/2005 e 03/2006.

Interessante é que idêntico sistema de compra seletiva de jornalistas e comunicadores tem sido registrado na Venezuela, no Paraguai e, mais recentemente, no Peru. A comparação nas metodologias nos permite deduzir que há uma inteligência operativa internacional por trás dos projetos de desestabilização de governos.

* *Dados obtidos sem conhecimento do governo federal, a partir de esforços reportagem de ex-integrantes do Prime Suspectz, hoje voluntários do JIBRA.*
* *
* Como corromper um caseiro

* A primeira tentativa foi comprar um par de belas garotas de programa de Brasília. Como elas são decentes, negaram-se a servir ao Grupo Rio. A idéia seguinte foi instrumentalizar o caseiro Francenildo Costa. Mas de onde veio a inspiração? O senador *Antero Paes de Barros* (PSDB-MT) a recebeu de seu compadre e financiador, o mega gangster "Comendador João Arcanjo", que já se utilizado de expediente semelhante para destruir uma figura pública em seu Estado.

Líder do crime organizado no Centro-Oeste do Brasil, o "Comendador" é, desde 1994, um dos principais sócios do PSDB na região. O bolachudo Antero Paes de Barros, por exemplo, recebeu em 2002 pelo menos 84 cheques de uma factoring do bicheiro. O "Comendador" Arcanjo, sempre protegido pelo PSDB local, é acusado de ser o mandante do assassinato de mais de 30 pessoas e da mutilação punitiva de outras 50 pessoas.

* Crime e acobertamento: tradição do PSDB

* As ligações do "Comendador" com o PSDB não representam novidade. No Amazonas, o senador tucano Arthur Virgílio é conhecido por suas ligações excêntricas com a exploração de menores. Em Manaus, inúmeras testemunhas confirmaram as denúncias contra o senador. A imprensa do Brasil, no entanto, que nunca ouviu falar do assunto. Poucos sabem dos esforços de Virgílio para salvar Omar Aziz (PFL) na CPI da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.

* Quem compra os jornalistas

* O sistema criado pelo PSDB e pelo PFL para a compra de jornalistas é antigo. Seu idealizador foi o falecido ministro Sérgio Motta, o Serjão, responsável por enorme série de falcatruas no reinado de Fernando Henrique Cardoso. Segundo ele, a imprensa "comia na mão se farto fosse o grão".

Serjão fez escola, gerando uma série de articuladores de "contratos" com a imprensa. Hoje, alguns militam nas fileiras de José Serra. Outros, no bando do ex-governador alquimista da Opus Dei. (NÃO DEIXE DE LER, MAIS ABAIXO, NESTE BLOG, COMO ATUA A OPUS DEI NO BRASIL)

Pode-se dizer que boa parte das compras de jornalistas efetuadas na grande imprensa teve como articulador o diretor financeiro do Instituto Sérgio Motta, *Vladimir Antonio Rioli*. Ex-sócio de José Serra, parceiro do ex-prefeito na prática costumeira do delito, Rioli é conhecido por sua folha corrida.

See more:

http://www.terra.com.br/istoe/1704/brasil/1704_elo_perdido_capa.htm

Rioli, já condenado pela Justiça Federal, tem sido tradicional interlocutor tucano em negociações com a Editora Abril, de Roberto Civita, e o Grupo Folha, de Otávio Frias.

Details: Processo 2002.34.00.029731-6. Referência:

http://conjur.estadao.com.br/static/text/27803,1

Outro esforçado negociador tucano tem sido o jornalista *Reinaldo Azevedo*, da revista "Primeira Leitura", cuja meta particular tem sido qualificar-se como porta-voz da direita brasileira. Ainda que intelectualmente limitado e dono de texto raso e confuso, Azevedo tem sido reverenciado pelos reacionários brasileiros, a ponto de merecer referência no site *Mídia Sem Máscara*, do filósofo "neonazista" Olavo de Carvalho. No mundo das transações subterrâneas, Azevedo é conhecido pela avareza. Espírito disciplinado de militante, procura pagar pouco por textos de interesse da cúpula tucana.

A ala dos alquimistas teve em *Roger Ferreira* seu mais destacado negociador. O ex-assessor de comunicação do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, atuou às claras nas grandes redações, a ponto de ser chamado de "trintinha", numa alusão ao preço padrão pago por matérias especiais do interesse de seu chefe.

Roger Ferreira, citado no dossiê elaborado pelo ex-gerente de marketing do banco Nossa Caixa Jaime de Castro Júnior, coordenava o esquema do Palácio dos Bandeirantes para beneficiar com verbas de publicidade uma série de emissoras de rádio e TV, além de jornais e revistas. Ferreira foi ainda interlocutor do governo paulista em tratativas com representantes do grupo * Cisneros* (Venezuela) no Brasil. A corporação mantém uma parceria comercial com o Grupo Abril, que publica *Veja*.

De acordo com o deputado estadual Afanásio Jazadji, do PFL, o governador Alckmin chegou a negociar pessoalmente projetos inescrupulosos para dourar sua imagem pública.

* Pelado na Marginal

(NÃO DEIXE DE LER, MAIS ABAIXO, NESTE BLOG, UMA MATÉRIA QUE FALA COMO A OPUS DEI ATUA NO BRASIL, ESPECIALMENTE EM SÃO PAULO E QUAL O PAPEL DO CARLOS ALBERTO DI FRANCO)Por fim, a ala alquimista conta também com o apoio do professor *Carlos Alberto Di Franco*, membro ativo da seita católica direitista Opus Dei. Di Franco, destacado para ministrar aulas ao candidato do PSDB à presidência da República, é conhecido por aliciar jovens profissionais de imprensa para a causa do grupo, conduzindo-os à Universidade de Navarra, na Espanha. Fora do mundo da política, Di Franco é conhecido pelos hábitos excêntricos. Há poucos anos, foi flagrado caminhando nu pela Marginal do Rio Pinheiros, uma importante via expressa da Capital de São Paulo. Abordado por políciais, o professor alegou que tinha sido assaltado e que os criminosos o haviam obrigado a nadar nas poluídas águas curso fluvial.

* A reação da cidadania

* Os fatos estão devidamente expostos, "mastigadinhos", como dizem os brasileiros. Cabe aos cidadãos de bem, especialmente aos jornalistas que escaparam da sedução criminosa, reagir e reinstaurar o paradigma da ética nas relações triangulares entre governo, mídia e sociedade. O JIBRA, esteja onde estiver, continuará trabalhando para levar a informação exclusiva, nua e crua ao povo do Brasil.

* Jibra - April, 2006 - Kinsale, Ireland.

Por Chico Nader, Morgana White e Alberto Salvador

JIBRA (Jornalistas Independentesdo Brasil), com sede oficial em Londres (UK)


Blog: Os Amigos do Presidente Lula – http://osamigosdopresidentelula.blogspot.com

Mídia Independente: http://lists.indymedia.org/pipermail/cmi-goiania/2006-April/0408-h0.html


GOLPE DE ESTADO EM ANDAMENTO! SERÁ VERDADE?

Por Chico Nader, Morgana White, Alberto Salvador 19/06/2005 às 19:07

Alguém conhece estes possíveis autores? Possui o contado deles para confirmarmos sua autoria? Mesmo não sendo verdade, é um excelente exercício de reflexão sobre o que pode ocorrer nos bastidores do poder. E, já que a grande mídia divulga qualquer acusação sem prova alguma, esta segue a mesma rotina de sempre...

[Publicado por Heitor Reis]

[CMI-SSA] Golpe de Estado em Andamento no Brasil: Revelações Estarrecedoras

jornalistas independentes jornalistas em postmaster.co.uk

Terça Junho 7 07:40:48 PDT 2005

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Arquivo X do Golpe (volume 1)

Como PSDB, Veja & CIA articulam segundo golpe de estado em sete anos. Uma história de assassinatos, corrupção, abuso de menores e roubo.

Como ocorre ciclicamente, inicia-se a fase final de mais um golpe de Estado na América Latina, desta vez destinado a depor o presidente Luís Inácio Lula da Silva, legitimamente eleito pelo povo brasileiro.

A exemplo do que ocorreu no Chile, em 1973, os neoliberais da elite pseudo-intelectual, os donos de latifúndios, os empresários da “imprensa” falida e os serviços de inteligência norte-americanos, preparam a derrubada do ex-metalúrgico Lula.

Os métodos do golpe, entretanto, se sofisticaram. Se Allende foi assassinado por projéteis de fogo, Lula está sendo envenenado por uma bem estudada campanha de desqualificação. Curiosamente, os “crimes” que lhe são atribuídos constituem-se em práticas criadas e mantidas por seus próprios inimigos.

O grupo de ataque ao governo foi apelidado de Grupo Rio. Não se trata de uma homenagem ao Estado, mas de uma referência à Rua Rio de Janeiro, em Higienópolis, residência do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O luxuoso e requintado apartamento foi palco das primeiras reuniões que traçaram a estratégia para o golpe de Estado. Na primeira assembléia, reuniram-se 13 pessoas. Na segunda, foram 19, incluindo um norte-americano que chegou num carro do consulado dos EUA em São Paulo. Depois do encontro, vários seguiram para uma casa de prazeres eróticos na Avenida Bandeirantes, nas imediações do aeroporto de Congonhas.

Em Português trôpego, o tal “gringo” teria falado mais sobre o presidente venezuelano Chavez do que sobre o plano para apear Lula do poder. A frase paradigmática de FHC neste dia teria sido: “É preciso paciência para desequilibrar, aos poucos; arrancar cada dedinho do pé do sátiro”. Alguns bateram palmas para aplaudir a frase mal construída, mas que definia o projeto de ação do grupo, que FHC (pretendendo-se galhofeiro) preferiu chamar de “célula Sorbonne”. Aliás, quando regado a bom vinho, o ex-presidente adora atribuir apelidos a seus desafetos: José Sarney é o “Morsa”, Itamar é o “Costinha” e Ciro Gomes é o “Parasita”.

Decidiu-se que tanques e canhões seriam substituídos por papel impresso e telas iluminadas. Poderosos senhores da comunicação foram chamados a integrar o grupo. Nessa época, o setor já vivia uma grave crise, com empresas atoladas em dívidas com bancos, à beira da insolvência. Os que não haviam se arrumado com o novo governo, tinham a chance de receber polpudas contribuições de apoiadores externos. Os aliados de primeira hora foram Roberto Civita, da Editora Abril, e a chamada banda podre da família Mesquita, os descendentes de Ruy Mesquita.

O falido e o ladrão doméstico

A idéia era destacar o clã Mesquita para uma luta prévia, destinada a desacreditar a prefeita Marta Suplicy. Os jornais da casa deveriam criar “pautas” para que o resto da imprensa corroesse a popularidade da prefeita. O projeto era fincar a bandeira do Grupo Rio em São Paulo a partir da eleição de José Serra.

Civita teria como incumbência fomentar uma ação nacional por meio da revista Veja. Civita e FHC mantêm antiga amizade. O grupo do ex-presidente ajudou a criar o modelo de ideologia que é propagada pela revista, uma colorida e didática cartilha neoliberal. Civita é conhecido por sua língua afiada e descontrolada. Certa vez, numa reunião com executivos do grupo, chamou Pelé de “negrinho do pastoreio”. Em outra ocasião, disse que a ex-ministra Erundina era “uma gabirua que fedia a merda”.

As histórias de Veja misturam roteiros de filmes sobre a Máfia com bizarrias hard-core. Durante muitos anos, o feitor de Civita em Veja foi o truculento Eduardo Oinegue Faro, uma espécie de Jason Blair brasileiro, capaz de “fazer (ou inventar) qualquer negócio”, seja para vender revista ou para destruir uma personalidade pública. Exagerado em suas doses, Oinegue foi transferido para a revista Exame. Há poucos meses, o “padrinho Civita” sofreu ao saber que seu pupilo o estava roubando, exatamente conforme nos roteiros dos filmes sobre a Cosa Nostra. Oinegue Faro estava embolsando mais de um milhão de Reais em negócios inescrupulosos com um lobista. Triste fim para uma história de confiança na “famiglia”.

O jornalista que tinha um “pepino” a resolver

O redator-chefe de Veja é outro protagonista de casos escabrosos. Depressivo crônico, tem fixação doentia pelo tema solidão. Vítima de impulsos suicidas, julga-se inferior e não devidamente reconhecido. Parte de sua conduta patológica gerou um livro interessante e revelador: o Antinarciso. Certa manhã, a secretária de Veja recebeu um telefonema insólito de Sabino, que estava num hotel fubango no centro de São Paulo. A dedicada funcionária teve de se desdobrar para encontrar um proctologista do hospital Albert Einstein. Foram três horas de angústia até que o especialista chegasse ao quarto 62. Quem quiser, pode checar. Mais uma eternidade até que o enorme pepino pudesse ser extraído do reto do jornalista.

Assassino pago em ouro

No caso do Grupo Estado, é de se admirar que a família tenha recorrido aos serviços de consultoria de um ex-funcionário para desenvolver seu plano de ação. O escolhido foi Antonio Marcos Pimenta Neves, ex-chefão do jornal O Estado, amante rejeitado que, em 2000, assassinou a ex-namorada, a também jornalista Sandra Gomide. Por quê? Porque Pimenta Neves sempre manteve uma relação de amizade com Fernando Henrique Cardoso. Aliás, o crime aconteceu exatamente em Ibiúna, município a 70 quilômetros de São Paulo, onde o ex-presidente tem uma de suas casas de campo.

Violador de crianças

Entre os articuladores políticos do golpe, a liderança da tropa de choque coube ao senador amazonense Arthur Virgílio, um homem que se confessa atraído pelo submundo. Virgílio é um alegre freqüentador de bordéis e tem queda por “carnes novas”. O líder do PSDB foi o carrasco da CPI da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Graças a sua dedicada (e desesperada) atuação, o vice-governador do Amazonas, Omar Aziz (PFL), escapou da Justiça.

Os relatórios da comissão mostravam que Aziz era também cliente de uma rede de prostituição envolvendo adolescentes de até 16 anos. Em Manaus, o comparsa de Virgílio participava de um esquema de aliciamento de menores com a conhecida cafetina Cris. Os depoimentos da CPI traziam o depoimento de uma mãe que comprovava a exploração sexual de sua filha de 14 anos. Na época, Virgílio tentou negar que também tivesse presenteado a menina com jóias e dinheiro.

Espancador de mulheres

No Grupo do Rio, a alta intelectualidade está representada também por José Arthur Gianotti, uma espécie de Maquiavel tupinambá, cuja função é fornecer ao amigo FHC pílulas filosóficas que previnam contra eventuais crises de consciência. Gianotti é o homem das éticas relativas, o dourador de fins que justifiquem qualquer meio ignominioso de busca do poder. Homem de estresses e ego inflado, é daqueles que não admitem refutações, características conhecidas de seus “colegas” de Universidade de São Paulo. Anos atrás, durante um debate com a esposa, irritou-se e a espancou. A mulher acabou perdendo parcialmente a audição de um ouvido. De suas histórias escabrosas, esta é a que mais se ouve nos corredores da USP.

Favores sexuais garantem promoção

Vale dizer que o Grupo do Rio ganhou um poderoso membro, antes relutante. Trata-se do new-brain-playboy Otávio Frias Filho, um homem amargurado porque é visto como um “riquinho” e não como o intelectual vanguardista que julga ser. Nas últimas semanas, foi incumbido de gerar uma bomba. Depois de muito raciocinar, resolveu requentar uma denúncia publicada meses atrás pelo Jornal do Brasil. A reportagem precisava ser muito bem conduzida, a fim de que as frases certas fossem arrancadas do Sr. Roberto Jefferson. Dois jornalistas da Folha recusaram o serviço sujo.

Então, Frias Filho resolveu recorrer ao comércio doméstico. A repórter Renata Lo Prete (conhecida como Renatardada por alguns colegas) ganhou várias promoções às custas dos especializados serviços sexuais prestados a Frias Filho. Assim, a “namoradinha do chefe” subiu na carreira, apesar de suas evidentes limitações intelectuais. Lo Prete foi fiel a seus princípios e produziu o petardo contra o governo.

Cuspindo o filho bastardo

O Grupo Rio é, pelo menos, coerente. Reúne a malta brasileira em seu estado mais puro, pessoas de “bem” com a vida, endinheiradas e sem culpa. O guru Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, não se lamenta de expulsar para o exílio seu filho bastardo, resultado de uma relação adúltera com a jornalista Miriam Dutra. “Ela cheirava a cavala, e não resisti”, confessou certa vez a um amigo.

Logicamente, quase tudo que é relatado neste texto é de conhecimento da imprensa brasileira. No entanto, os escândalos da era FHC foram sempre devidamente varridos para debaixo do tapete. As denúncias de fraudes do caso Sivam foram abafadas pelo governo e pelos barões da imprensa. O mesmo ocorreu com os casos de suborno contidos na chamada Pasta Rosa. O então Procurador-Geral, Geraldo Brindeiro, recorreu ao jeitinho brasileiro para engavetar as denúncias. Agora, o que mais espanta foi a complacência da imprensa com a compra de votos para a mudança da Constituição que permitiu a reeleição de FHC. João Maia e Ronivon Santiago, Zila Bezerra, Osmir Lima e Chicão Brígido eram apenas a ponta do iceberg de um gigantesco sistema de corrupção gerenciado pelo PSDB.

Como sempre, a imprensa diminuiu a importância dos fatos, na mesma medida em que exagera qualquer irregularidade no governo Lula.

Como comprar um jornalista a preço de banana

Em todas essas ações, a CIA deu total apoio a seus parceiros do governo tucano (o governo do Apagão), inclusive com municiamento financeiro. Jornalistas e políticos foram comprados em verdadeiras operações de guerra, numa reedição das PP e Kukage, nas quais as ações jamais são atribuídas ao governo norte-americano, mas a outros grupos ou instituições. Muitas dessas ações são tão escancaradas que não exigem qualquer sigilo, conforme admite o ex-chefe do FBI no Brasil, Carlos Costa, em suas entrevistas a Carta Capital. As sedes do poder, em Brasília, estão grampeadas e os Estados Unidos monitoram o Brasil 24 por dia.

Um bilhete deixado na mesa de reunião do Grupo Rio estampava uma lista de formadores de opinião que deveriam ser convencidos a receber “suporte” do grupo externo. Alguns dos 31 (sobre) nomes eram: Rodrigues, Noblat, Gancia, Carmo, Fibe, Nunes, Alencar, Casoy, Marques, Schwartsman e Cony. A base para as ações de flerte seriam fornecidas pelos senhores Mac-Laughlin , Wilkinson e Rohter.

A farsa de Maurício Marinho

Nem o mais ingênuo dos corruptos recebe pagamentos em sua sala de trabalho, em bolos semelhantes àqueles manuseados por donos de postos de gasolina. Maurício Marinho, que é esperto demais, vendeu-se como ator e não como facilitador. Afinal, a “bola” é pequena demais para quem corre tanto risco.

Depois que a poeira baixar, MM certamente vai desfrutar de seu verdadeiro butim. Quem vê a fita com atenção, percebe que os atores estão mal treinados.

Assassinato de Luis Eduardo Magalhães: o primeiro golpe de Estado do Grupo Rio – 1998

O Grupo Rio não estava oficialmente constituído naquela época, mas seu núcleo duro já existia. À época, estava morrendo o velho “Serjão”, gerente de todo o sistema de corrupção e coleta de propinas do PSDB. Simultaneamente, uma nova estrela despontava no firmamento político: Luís Eduardo Magalhães. Segundo os analistas do governo, LEM tendia a se tornar um candidato imbatível nas eleições presidenciais. Além disso, o deputado confessara a amigos que no momento certo desbarataria a quadrilha que disseminava a corrupção por Brasília.

Morto “Serjão”, temeu-se que LEM desencadeasse uma pronta ação de limpeza no legislativo. Nesse momento, a articulação entre o governo e seus parceiros externos mostrou-se eficaz. A “inoculação” teria ocorrido, morbidamente, durante os serviços fúnebres do corruptor-mor. Os requintes da operação incluíram a prescrição de uma dose que permitisse a morte num 21 de Abril. A sofisticação simbólica tinha um motivo: uma assinatura sinistra. O serviço de assassinato encomendado a Newton Cruz por Maluf, em 1985, fora repassado a outro grupo. Tancredo Neves, assassinado, viria a morrer também num 21 de abril.

Uma semana depois da morte de Magalhães, um repórter de Veja em Brasília encontrou-se sigilosamente com um médico do Hospital Santa Lucia. O profissional admitiu que substâncias estranhas tinham sido encontradas no corpo do deputado. Depois de quinze dias, um laboratório do Rio de Janeiro analisou uma amostra enviada pela sucursal da revista. Sabe-se hoje que se tratava de um tipo de TCDD, um tetraclorodibenzeno-p-dioxina (Tetrachlorodibenzo-p-dioxin).

Esse veneno foi desenvolvido pelos russos, tempos atrás, e a divulgação de sua fórmula faz parte dos acordos de cooperação entre a CIA e os serviços de informação que sobraram da antiga KGB. Os espiões conhecem o produto como resultado das pesquisas do Laboratory N. 12. Variações da fórmula mataram Wolfgang Salus, em 1957, e Lev Rebet, também naquele ano. A chamada Kamera produziu também a arma química indetectável que matou Georgi Markov, em 1978. Boa parte dos segredos foi passada aos americanos por Oleg Kalugin, ex-KGB, que hoje vive nos Estados Unidos.

Um repórter e um editor de Veja levantaram a maior parte dos fatos e preparavam uma edição-bomba para o final de maio. Roberto Civita mandou engavetar a reportagem, segundo se sabe, a pedido de seus amigos no Palácio do Planalto.

Nos anos seguintes, a maior parte das pessoas que tiveram contato com LEM na UTI foram afastadas do Hospital Santa Lucia. Todos os fatos são facilmente comprováveis. Vale como pauta para os jornalistas de verdade.

• Vale ressaltar que por motivos incertos, o Grupo Rio jamais contou com o apoio das Organizações Globo.

• Agradecemos o apoio anônimo de um empresário gaúcho e de um político, sem os quais seria impossível a produção deste texto.

URGENTE: Volume 2: Golpe de Estado em Andamento no Brasil

Apesar da violenta reação dos setores conservadores brasileiros, nosso primeiro boletim se constituiu em enorme sucesso. Pudemos desnudar alguns dos artífices do Golpe de Estado destinado a destituir Luiz Inácio Lula da Silva, presidente legitimamente eleito pelos brasileiros. Aqui, seguem novas revelações estarrecedoras:

Atentado na Europa

Primeiramente, gostaríamos de denunciar a covarde agressão sofrida por uma de nossas parceiras de trabalho. Na sexta-feira da semana passada, na Arundel Avenue, quase no encontro com Hillcross, em Morden, a jornalista Morgana White foi abordada por dois homens que lhe desferiram socos e pontapés. Mais um caso de violência urbana num subúrbio do mundo ocidental? Não. Nada foi roubado. E os agressores fizeram questão de falar Português durante o espancamento. Morgana cuida dos hematomas e tem o braço pendurado numa tipóia, resultado de uma fratura no osso da mão.

O fato mostra como os sistemas de informação funcionam entre os parceiros do Grande Irmão do norte. Basta acionar os serviços de inteligência e a matilha sanguinária segue no encalço dos rebeldes. Mesmo sob ameaça, entretanto, deliberamos prosseguir em nosso trabalho. É nossa vontade e também de nossos informantes no Brasil. Deus salve a Rainha e que também nos proteja.

Atentado no Brasil

É cada vez mais ampla e escancarada a associação dos partidos golpistas (PSDB e PFL) e grupos radicais de extrema-direita. Skinheads participaram de atos contra o governo Lula em São Paulo, no último domingo. No Rio de Janeiro, grupos anti-desarmamento se uniram a militantes do PSDB numa manifestação para pedir a deposição de Luiz Inácio Lula da Silva.

Em 21 de Junho, um grupo para-militar agrediu o repórter da Rede Globo Lucio Sturm na frente da sede do Partido dos Trabalhadores, em São Paulo. Os profissionais de apoio Gilmario Batista e Marçal Araújo também foram espancados. A idéia é instaurar um clima de conflito e vincular o Partido dos Trabalhadores à violência.

A violência passou a fazer parte do golpe, com ações públicas de provocação.

Senador Magalhães e o assassinato do filho

Como imaginado, recebemos e-mail do gabinete do senador Antonio Carlos Magalhães com um pedido de esclarecimentos sobre reportagem publicada no boletim número 1 do Jibra, referente ao assassinato de Luís Eduardo Magalhães. Depois de algumas tratativas virtuais, fornecemos um telefone no País de Gales. Recebemos a ligação, conforme combinado (tel. 61 – 311-2192), na quarta-feira, às 14 h (horário de Greenwich). O contato durou cerca de 13m01s e nos surpreendeu. Aparentemente, o assessor do velho parlamentar (que se apresentou como Orlando) já tinha conhecimento de vários detalhes do homicídio. Contribuímos no que foi possível. Ao final do contato, Orlando advertiu que o processo para apurar as denúncias deverá ser aberto em outra ocasião. Segundo ele, “Lula está para cair e Luís Eduardo pode esperar mais um pouco”.

Senador Arthur Virgílio e a prostituição infantil no Amazonas

Conforme esperado, recebemos uma série de denúncias referentes à participação do senador Arthur Virgílio (PSDB) no esquema de exploração de menores no Amazonas. Uma certa Mafalda no escreveu por uma conta do hotmail narrando as visitas de Virgílio a vários bordéis nas proximidades de Manaus. Segundo ela, de fato, o político tucano é um apreciador de “ararinhas jovens”. Mafalda, que afirma ter sido uma garota de programa dos 14 até os 22 anos, afirma que Virgílio mantinha contatos freqüentes com Dilcilane de Albuquerque Amorim, a Dil, uma conhecida aliciadora de menores da região.

Outro e-mail, enviado pela assistente social “Vilma”, afirma que Virgílio e Omar Aziz (vice-governador do Estado, do PFL) mantinham relacionamento de amizade com Darclei Cristina, uma conhecida cafetina de Manaus. De acordo com Vilma, o caso envolvendo o presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal, Benício Tavares, tem a participação de Virgílio e Omar. “Eles é que convidavam o povo de Brasília e de São Paulo para brincar de boto com as mocinhas. Era um jeito de agradar os amigos lá do Sul”, escreveu. Tavares participou de uma orgia com quatro adolescentes a bordo do iate Amazonian, num passeio entre Manaus e Barcelos (AM). Em depoimento à delegada Maria das Graças da Silva, titular da Delegacia Especializada de Assistência e Proteção à Criança e ao Adolescente, várias meninas confirmaram a participação de Tavares no festim erótico. Embora houvesse provas do crime, a Câmara Legislativa do Distrito Federal decidiu arquivar o processo de cassação de seu presidente.

O Jibra sugere ao nobre senador Virgílio que esclareça ao povo brasileiro suas ligações como o grupo que promovia passeios de pesca até Barcelos. Também seria interessante que prestasse algum auxílio às famílias das meninas que morreram no naufrágio do barco Princesa Laura. Afinal, retornavam a Manaus depois de prestar serviços a importantes empresários e políticos da impoluta oposição. Foram vítimas de “acidente de trabalho”.

Alberto “Gol-de-mão”

Um dos e-mails recebidos fazia um justo protesto: entre os artífices do golpe, havia um esquecido, o nobre deputado Alberto Goldman, do PSDB paulista. Portanto, fazemos nosso mea culpa enquanto é possível. O parlamentar é adepto do “se não vai no jeito, vai na força”. É protagonista de uma das maiores farsas da história brasileira. Como relator da CPI do Proer, defendeu a tese de que a ajuda às inst financeiras era “inevitável”. Foi mestre ao encobrir todas as irregularidades cometidas pelo governo de FHC para dar suporte aos banqueiros falidos.

Criminosamente, o relatório final da comissão não apontou uma série de fraudes cometidas pelos bancos Nacional e Econômico. À boca pequena, afirma-se que “gol-de-mão” recebeu pelo menos cerca de R$ 2,5 milhão para poupar o governo tucano e os bancos privados.

Gold (ouro) Man (homem).

O Jornal do Brasil e os traficantes cariocas

Numa época de cinismo e hipocrisias, tornam-se redundantes o cinismo e a hipocrisia denunciados pela pena vigorosa de Augusto Nunes, capitão do Jornal do Brasil, o JB. Nunes é daqueles paladinos justiceiros, marketeiros dos atributos que julgam possuir, dos que se acreditam acima do bem e do mal. Afinal, julga o “empoado” escriba, que tudo se resolve com seu olhar penetrante de John Wayne tropical. Nos últimos dias, o JB esqueceu-se de que é tão somente um jornal. Investiu-se de poderes condenatórios. Analisa vagamente no lead, acusa no segundo parágrafo e expede a sentença no terceiro.

Orgulhoso de sua suposta onisciência, Nunes vê crime e omissão em todo lugar e, estranhamente, dá crédito a absolutamente tudo que vaza pela boca de Roberto Jefferson, o réu que mais acusa neste planeta. Por máxima ironia, até recentemente o jornalista considerava o deputado um mentiroso sem caráter. A propósito, vale lembrar o que Jefferson escreveu sobre Nunes, num passado não muito remoto, mensagem motivou processos e gerou ameaças:

“ (...) Não o contemplo com indulgência até porque você não merece. Indulgência se dá aos corajosos, lutadores ou perseguidos, não é o seu caso. Do que conheço de sua história, ela tem o enredo do "Pistoleiro da Mídia" aquele que vive para alugar a pena de acordo com seus interesses pecuniários. Sou admirador dos homossexuais assumidos, quanto àqueles que bebem e se tornam veados por algumas horas e no dia seguinte esqueceu do que praticou não me merece respeito.”

O jornalista respondeu prontamente a seu desafeto:

“ (...) O bilhete de Jefferson tornou-o objeto de ação penal por crime contra a honra, movida pelo signatário. Não custa lembrar ao ministro da Justiça que temos um pistoleiro confesso à solta no Legislativo. Só que esse tipo de gente apenas me diverte.

O currículo do nosso "atirador" informa que, até agora, Jefferson só matou a própria fome, usando gigantescas balas de chocolate. O texto do fax acrescenta que se trata de um assassino de vírgulas e atropelador de concordâncias (...)”.

Como o tempo é o senhor da razão, hoje seria justo dar crédito aos dois. Os jornalistas de verdade sabem que os dois não mentem, pelo menos um sobre o outro.

Não cabem novos comentários sobre o fanfarrão Jefferson, agora idolatrado pela imprensa e pelos nobres senhores do Grupo Rio. Mas cabe um adendo sobre Nunes, cujos artigos são implacáveis contra os que burlam a lei. Como se explica a relação amistosa de Nunes com o traficante Carlos José de Paula Barbosa, o Pepé? Fizessem com o “empoado” jornalista uma boa marcação, ainda que à distância, teríamos hoje um companheiro de peladas para Edinho, o filho de Pelé.

Certamente as mazelas do Rio também seriam minimizadas se os bons moços do Jornal do Brasil também se abstivesse m de negociar com os líderes do crime organizado. Marcinho VP, do morro Dona Marta, foi um dos principais fornecedores de brilho para a redação. Com isso, ganhou contatos, encurtou caminhos e se tornou uma celebridade. De repente, de escarafunchar, até Michael Jackson essa nessa história de ligações perigosas. Mas deixa pra lá, por enquanto.

Presidente da OAB afirma que será ministro em governo golpista

Há meses, o presidente da OAB, Roberto Busato, excede suas atribuições e serve como agressor público do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Sem elegância, tenta de todas as maneiras incitar os homens da Justiça contra Lula. Desde a última semana, afirma a amigos que tem grandes chances de assumir o Ministério da Justiça no governo golpista a ser instalado no Brasil.

O golpe em outra fase

O Grupo Rio parecia inclinado a tornar-se mais discreto. No entanto, uma reunião realizada em Brasília entre os barões da mídia e estrategistas do PSDB e PFL parece ter definido novas atribuições para os golpistas. Agora, é tudo ou nada. Derrubamos ou perdemos a credibilidade.

O Estadão, por exemplo, deixa de ocupar-se somente das agressões e calúnias contra Marta Suplicy. É vez dos Mesquitas baterem duramente em tudo que tiver relação com o Governo Lula e com o PT. Acusar primeiro, apurar se conveniente. Nas manchetes, o jornal já demonstra que rompeu qualquer compromisso com a ética jornalística. Acusações pesadas iniciam as frases. Depois de uma vírgula, vem o “diz fulano”.

Aparentemente, a Folha amacia um pouquinho. Depois, retorna a plena carga. O grupo de ataque já não julga tão necessário esconder o complô, mas julga ainda importante manter o rodízio estratégico para o serviço mais sujo.

Na próxima edição:

Regime Militar e Tortura: a contribuição do delator Boris Casoy

Noblat e o comércio da notícia em Brasília

Para ler o Volume I:

http://www.midiaindependente.org/es/blue/2005/06/320493.shtml

JIBRA – Jornalistas Independentes do Brasil – London UK

Chico Nader, Morgana White e Alberto Salvador, com colaboradores.

JIBRA – Jornalistas Independentes do Brasil - LONDON UK

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Clericalismo. COMO ATUA A OPUS DEI NO BRASIL

"AFASTA DE MIM ESTE CÁLICE”

Henrique Júdice Magalhãs

ANALISANDO A ESTRUTURA DE CLASSES DOS PAÍSES LATINO-AMERICANOS, DARCY RIBEIRO IDENTIFICAVA COMO SEGMENTO HEGEMÔNICO DENTRO DAS CLASSES DOMINANTES O CORPO GERENCIAL DAS TRANSNACIONAIS. PONTA DE LANÇA DO IMPERIALISMO, É ELE QUEM DITA ORDENS E IMPÕE IDEOLOGIAS ÀS DEMAIS FRAÇÕES E, EM MUITOS CASOS, ORGANIZA-AS POLITICAMENTE. A DESNACIONALIZAÇÃO DAS ECONOMIAS LATINO-AMERICANAS NA DÉCADA DE 90 AGRAVOU ESTE QUADRO. A ALTERAÇÃO DE MAIS RELEVO NO PERFIL DA CLASSE DOMINANTE VERIFICADA NO BOJO DESTE PROCESSO É O CRESCIMENTO DA INFLUÊNCIA DA OPUS DEI. SUSTENTADA PELO CAPITAL ESPANHOL, A ORGANIZAÇÃO CONTROLA JORNAIS, UNIVERSIDADES, TRIBUNAIS E ENTIDADES DE CLASSE, SENDO HOJE PEÇA-CHAVE PARA SE COMPREENDER O PROCESSO POLÍTICO NO CONTINENTE, INCLUSIVE NO BRASIL, ONDE QUER ELEGER ALCKMIN PRESIDENTE DA REPÚBLICA .

Mas o que é afinal, a Opus Dei (em latim, Obra de Deus)? Em seu campo original de atuação, é a vanguarda das tendências mais conservadoras da Igreja Católica. “Este concílio, minhas filhas, é o concílio do diabo” — teria dito seu fundador, Josemarí Escrivá de Balaguer, sobre o Vaticano II, no relato do jornalista argentino Emilio J. Corbiere em seu livro Opus Dei. El totalitarismo católico.

Fundada na Espanha em 1928, a organização foi reconhecida pelo Vaticano em 1947. Em 1982, foi declarada uma prelatura pessoal, o que, sob o Direito canônico, significa que só presta contas ao papa e que seus membros não se submetem à jurisdição dos bispos. “A relação entre Karol Wojtyla e a Opus Dei” – conta o teólogo espanhol Juan José Tamayo Acosta — “atinge seu êxito nos anos 80-90, com a irresistível ascensão da Obra à cúpula do Vaticano, a partir de onde inverveio ativamente, primeiro no esboço e depois na colocação em prática do processo de restauração da Igreja católica sob o protagonismo do papa e a orientação teológica do cardeal alemão Ratzinger.”

Fontes ligadas à Igreja Católica atribuem o poder da Obra à quitação da dívida do Banco Ambrosiano, fraudulentamente falido em 1982.

Obscurantismo e misoginia são traços que marcam a organização. Exemplos podem ser encontrados nas denúncias de ex-adeptos como Jean Lauand, professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo – USP, que recentemente escreveu junto com mais dois ex-membros, o juiz Márcio Fernandes e o médico Dario Fortes Ferreira, o livro Opus Dei – os bastidores. Em entrevista ao programa Biblioteca Sonora, da Ráio USP, Lauand conta que a Obra tem um index de livros proibidos que abrange praticamente toda a filosofia ocidental desde Descartes.

Em outra entrevista, à revista Época, Lauand denuncia as estratégias de fanatização dos chamados numerários, leigos celibatários que vivem em casas da organização: “Os homens podem dormir em colchões normais, as mulheres têm de dormir em tábuas. São proibidas de segurar crianças no colo e de ir a casamentos”. É obrigatóio o uso de cinturões com pontas de ferro fortemente atados à coxa, como prática de mortificação que visa refrear o desejo. Mas os danos inflingidos pelo fanatismo não se limitam ao corpo. No site que mantém com outros dissidentes (www.opuslivre.org), Lauand revela que a Obra conta com médicos especialmente encarregados de receitar psicotrópicos a numerários em crise nervosa.

A COPTAÇÃO DE NUMERÁRIOS DÁ-SE ENTRE ESTUDANTES DE UNIVERSIDADES E ESCOLAS SECUNDÁRIAS DE ELITE. CENTROS DE ESTUDOS E OBRAS DE CARIDADE SERVEM DE FACHADA. A OPUS DEI TEM FORTE PRESENÇA NA USP, EM ESPECIAL NA FACULDADE DE DIREITO, ONDE PARTE DO CORPO DOCENTE É COMPOSTA POR MEMBROS E SIMPATIZANTES, COMO O NUMERÁRIO INÁCIO POVEDA E O DIRETOR EDUARDO MARCHI. OUTRO EXPOENTE DA ORGANIZAÇÃO NA USP É LUIZ EUGÊNIO GARCEZ LEITE, PROFESSOR DA FACULDADE DE MEDICINA E AUTOR DE PANFLETOS CONTRA A EDUCAÇÃO MISTA. A OBRA ATUA TAMBÉM NA UFRJ, UNICAMP E UNB.

Fazendo a América

Mas a Opus Dei é mais que um tema de saúde pública. Ela tem, desde a origem, uma clara dimensão política. Durante a ditadura de Franco, praticamente fundiu-se ao Estado espanhol, ao qual forneceu ministros e dirigentes de empresas e ógãos governamentais. No fim da década de 40, inicia sua expansão rumo à América Latina. Não foi difícil conquistar adeptos entre oligarquias como as do Médico, Buenos Aires e Lima, que sempre buscaram diferenciar-se de seus povos apegando-se a um conceito conservador de pretensa hispanidade. Um dos elementos definidores desse conceito é exatamente o integrismo católico.

Alberto Moncada, outro dissidente, conta em seu livro La evolución del Opus Dei: “os jesuítas decidiram que seu papel na América Latina não deveria continuar sendo a educação dos filhos da burguesia, e então apareceu para a Opus Dei a ocasião de substituí-los – ocasião que não hesitou em aproveitar”.

NO BRASIL, A ORGANIZAÇÃO DEITOU RAÍZES EM SÃO PAULO NO COMEÇO DA DÉCADA DE 50, CONCENTRANDO SUA ATUAÇÃO NO MEIO JURÍDICO. O PROMOTOR APOSENTADO E EX-DEPUTADO FEDERAL HÉIO BICUDO CONTA QUE POR DUAS VEZES JUÍZES TENTARAM COOPTÁ-LO. SEU EXPOENTE DE MAIOR DESTAQUE FOI JOSÉ GERALDO RODRIGUES ALCKMIN, NOMEADO MINISTRO DO STF POR MÉDICI EM 1972 E TIO DO ATUAL GOVERNADOR DE SÃO PAULO. ACONTECE QUE NOS ANOS 70, O PODER DA OPUS DEI ERA EMBRIONÁRIO. TINHA QUADROS EM POSIÇÕES IMPORTANTES, MAS SEM ATUAÇÃO COORDENADA. ALÉM DISSO, DIVIDIA COM A TRADIÇÃO, FAMÍIA E PROPRIEDADE (TFP) AS SIMPATIAS DOS CATÓLICOS DE EXTREMA DIREITA.

Era natural, da mesma forma, que, alguns quadros dos regimes nascidos dos golpes de Estado de 1966 e 1976, na Argentina, e 1973, no Uruguai, fossem também quadros da Opus Dei. Mas segundo se lê no livro de Corbiere, sua atuação era ainda dispersa – o que não os impediu de controlar a Educação na Argentina durante o período Onganí (1966-70).

Já no Chile, a Opus Dei foi para o pinochetismo o que havia sido para o franquismo na Espanha. O principal ideólogo do regime, Jaime Guzmá, era membro ativo da organização, assim como centenas de quadros civis e militares. No México, a Obra conseguiu fazer Miguel de la Madrid presidente da República em 1982, iniciando a reversão da rígida separação entre Estado e Igreja imposta por Benito Juárez entre 1857 e 1861.

Internacional reacionáia

A Opus Dei não criou o reacionarismo católico – antes, teve nele sua base de cultura. Mas sistematizou-o doutrinariamente e organizou politicamente seus adeptos de uma forma quase militar. Hoje, funciona como uma espéie de Internacional reacionária, congregando, coordenadamente, adeptos em todo o mundo.

Concorrem para isto, nos anos 90, o ápice do poder da Obra no Vaticano e a invasão da América Latina por transnacionais espanholas. A Argentina entregou suas estatais de telefonia, petróleo, aviação e energia a Telefonica, Repsol, Iberia e Endesa, respectivamente. A TELEFONICA CONTROLA O SETOR TAMBÉM NO PERU E EM SÃO PAULO. A Iberia já havia engolido a LAN, do Chile, onde a geração de energia também é controlada pela Endesa. Bancos espanhóis também chegaram ao continente neste processo.

NO BRASIL, O SANTANDER COMPROU O BANESPA E O MERIDIONAL, ENQUANTO QUE O BBVA RECEBEU OS ATIVOS DO EXCEL ATRAVÉS DO PROER, NO GOVERNO CARDOSO. “A Opus Dei tem sido para o modelo neoliberal o que foram os dominicanos e franciscanos para as cruzadas e os jesuítas frente à Reforma de Lutero” – compara José Steinsleger, colunista do diário mexicano La Jornada.

A ORGANIZAÇÃO ATUA TAMBÉM NO MONOPÓIO DA IMPRENSA. CONTROLA O JORNAL EL OBSERVADOR, DE MONTEVIDÉU, E EXERCE INFLUÊNCIA SOBRE ÓRGÃOS TRADICIONAIS DA OLIGARQUIA COMO EL MERCURIO, NO CHILE, LA NACIÓN, NA ARGENTINA E O ESTADO DE SÃO PAULO, NO BRASIL. O ELO COM A IMPRENSA É O CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM JORNALISMO DA UNIVERSIDADE DE NAVARRA EM SÃO PAULO, COORDENADO POR CARLOS ALBERTO DI FRANCO, NUMERÁRIO E COMENTARISTA DO ESTADÃO E DA RÁDIO ELDORADO. O SEGUNDO HOMEM DA OPUS DEI NA IMPRENSA BRASILEIRA É O TAMBÉM NUMERÁRIO GUILHERME DORING CUNHA PEREIRA, HERDEIRO DO PRINCIPAL GRUPO DE COMUNICAÇÃO DO PARANÁ(GAZETA DO POVO).

Sediada na Espanha, a Universidade de Navarra é a jóia da coroa da Opus Dei no negócio do ensino. Sua receita anual é de 240 milhões de euros. Além disso, a Obra controla as universidades Austral (Argentina), Montevideo (Uruguai), de Piura (Peru), de los Andes (Chile), Pan Americana (México) e Católica André Bello (Venezuela). OS JORNALISTAS ALBERTO DINES E MÁRIO AUGUSTO JAKOBSKIND DENUNCIAM QUE A ORGANIZAÇÃO CONTROLA TAMBÉM A SOCIEDADE INTERAMERICANA DE IMPRENSA – SIP, NA SIGLA EM ESPANHOL.

Dentro da igreja católica, a Opus Dei emplacou, na última década, vários bispos e cardeais na América Latina. O mais notável é Juan Luís Cipriani, de Lima, no Peru, amigo íntimo da ditadura de Alberto Fujimori. EM SEU ESTUDO EL TOTALITARISMO CATÓLICO EM EL PERU, O JORNALISTA HERBERT MUJICA DENUNCIA QUE QUANDO O MOVIMENTO REVOLUCIONÁRIO TUPAC AMARU TOMOU A EMBAIXADA DO JAPÃO, EM 1997, CIPRIANI, VALENDO-SE DA CONDIÇÃO DE MEDIADOR DO CONFLITO, INSTALOU EQUIPAMENTOS DE ESCUTA QUE POSSIBILITARAM À POLÍCIA INVADIR A CASA E MATAR OS OCUPANTES.

NA VENEZUELA, A OBRA TEVE PAPEL ESSENCIAL NO FRACASSADO GOLPE DE 2002 CONTRA HUGO CHÁVEZ. UM DOS ARTICULADORES DA TENTATIVA FOI JOSÉ RODRÍGUEZ ITURBE, NOMEADO MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES. TAMBÉM PARTICIPOU DA ARTICULAÇÃO À EMBAIXADA DA ESPANHA, GOVERNADA NA ÉPOCA PELO NEOFRANQUISTA PARTIDO POPULAR (PP).

APÓS OS REVÉS NA VENEZUELA, AS ESPERANÇAS DA OPUS DEI VOLTARAM-SE PARA JOAQUÍM LAVÍ, NO CHILE, E GERALDO ALCKMIN, NO BRASIL, HOJE SEUS QUADROS POLÍTICOS DE MAIOR DESTAQUE. LAVÍ FOI DERROTADO NAS ÚLTIMAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS CHILENAS, EM DEZEMBRO. RESTA O BRASIL, ONDE A OBRA TENTA FAZER ALCKMIN PRESIDENTE E FORMAR UM EIXO GEOPOLÍTICO COM OS GOVERNOS URIBE (COLÔBIA) E FOX (MÉXICO), AOS QUAIS ESTÁ INTIMAMENTE ASSOCIADA.

Entranhas mafiosas

Além das dimensões religiosa e política, a Opus Dei tem uma terceira face: a de sociedade secreta de cunho mafioso. Em seus estatutos secretos, redigidos em 1950 e publicados em 1986 pelo jornal italiano L´xpresso, a Obra determina que “os membros numerários e supernumerários saibam que devem observar sempre um prudente silêncio sobre os nomes dos outros associados e que não deverão revelar nunca a ninguém que eles próprios pertencem à Opus Dei.” Inimiga jurada da Maçonaria, ela copia sua estrutura fechada – o que frequentemente serve para encobrir atos criminosos.

Entre os católicos, a Opus Dei é conhecida como “santa máfia”. Corbiere lembra os casos de fraude e remessa ilegal de divisas nas empresas espanholas Matesa e Rumasa, em 1969. Parte dos ativos desviados financiaram a Universidade de Navarra. Bancos espanhóis são suspeitos de lavagem de dinheiro do narcotráfico e da máfia russa. A Opus Dei também esteve envolvida nos episódios de falência fraudulenta dos bancos Comercial (Uruguai, pertencente à famíia Peirano, dona de El Observador) e de Crédito Provincial (Argentina).

Na Argentina os responsáveis pelas desnacionalizações da petrolífera YPF e das Aerolineas Argentinas, compradas por empresas espanholas, em dois dos maiores escândalos de corrupção da história do país, TIVERAM SUA IMPUNIDADE ASSEGURADA PELA SUPREMA CORTE, ONDE PONTIFICAVA ANTONIO BOGGIANO, MEMBRO DA OPUS DEI.

NO BRASIL, AS PRETENSÕES DE CONTROLE SOBRE O JUDICIÁRIO ESBARRAM NO PODER DOS MAÇONS. A OPUS DEI CONTROLA, PORÉM, O TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO ATRAVÉS DA MANIPULAÇÃO DE PROMOÇÕES. SEGUNDO FONTES DO MEIO JURÍDICO PAULISTA, DE 25 A 40% DOS JUÍZES DE PRIMEIRA INSTÂNCIA NO ESTADO PERTENCEM À ORGANIZAÇÃO – PROPORÇÃO QUE SE REPETE ENTRE OS PROMOTORES. NO TRIBUNAL, A PROPORÇÃO SOBE PARA 50 A 75%.

RECENTEMENTE, O TRIBUNAL, EM JULGAMENTO SECRETO, DECIDIU PELO ARQUIVAMENTO DE DENÚNCIA CONTRA SAULO CASTRO ABREU FILHO, BRAÇO DIREITO DE ALCKMIN, ACUSADO DE ORGANIZAR GRUPOS DE EXTERMÍNIO DESDE A SECRETARIA DE SEGURANÇA, E CONTRA DOIS JUÍZES ACUSADOS DE PARTICIPAÇÃO NA MONTAGEM DESSES GRUPOS. A FUSÃO DOS TRIBUNAIS DE JUSTIÇA E DE ALÇDA??, DETERMINADA PELA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº45, FOI UMA MEDIDA DA EQUIPE DO MINISTRO DA JUSTIÇA, MÁCIO THOMAZ BASTOS, PARA REDUZIR O PODER DA OBRA NO JUDICIÁRIO PAULISTA, CUJA ORIENTAÇÃO EXCESSIVAMENTE CONSERVADORA, PRINCIPALMENTE EM QUESTÕES CRIMINAIS E DE FAMÍLIA, É MOTIVO DE ALARME ENTRE PROFISSIONAIS DA ÁREA JURÍDICA.

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1 Militantes a quem não se exigem a dedicação plena e o voto de castidade.

http://www.anovademocracia.com.br/29/28.htm


NÃO AO GOLPISMO

Publicada em: 30/03/2006

ELIAKIM ARAÚJO

Há um visível clima de golpe no ar. De maneira aparentemente orquestrada, a Folha de SP da terça-feira, colocou todos os seus colunistas e colaboradores a serviço da derrubada do governo Lula.

Dentre todos, destaque para Boris Casoy. Com seu velho e surrado chavão "é uma vergonha", voltou à casa paterna, aquela que sempre lhe deu guarida, e destilou todo seu ódio contra o presidente e o Partido dos Trabalhadores, dos quais sempre foi adversário ferrenho, mesmo antes da posse do atual governo petista. As expressões usadas por Boris são eivadas de passionalismo, como se colocasse pra fora todo veneno acumulado nesses meses em que ficou fora da mídia.

O que se nota nele e em boa parte da mídia é a preocupação em jogar no presidente a culpa de todas as mazelas cometidas por seus auxiliares. Não se trata aqui de acobertar qualquer tipo de desonestidade praticada por membros do seu governo. Se ficar provado que Palocci frequentava a casa do lobby de Ribeirão Preto, ele já é passível de punição por ter mentido perante a CPI. Se participou de negócios e/ou negociatas, mais grave ainda. Que a mão pesada da lei caia sobre ele. Que vá para a cadeia purgar pelo crime que cometeu.

Mas essa parte da mídia, aparentemente comprometida com setores que querem ver o país entrar num perigoso processo de desgaste, não está preocupada com a tranqulidade das instituiçoes e pedem abertamente o impeachment de Lula, o presidente legitimamente eleito por mais de 53 milhões de eleitores.

Não é hora de colocar mais lenha na fogueira. Ao contrário, a hora é de apagar o incêndio e deixar que o Congresso cumpra seu dever de apurar todas as denúncias e punir exemplarmente os que abusaram da confiança dos cidadãos. Sem essa de pressionar os parlamentares taxando-os como “cúmplices”, se não iniciarem imediatamente o processo de impeachment contra o presidente. Isso é golpismo que só interessa à turma do quanto pior melhor e, evidentemente, à oposição que até agora não conseguiu reunir forças para impedir a reeleição de Lula.

É preciso cuidar para não colocar o país numa crise institucional que um processo de impeachment fatalmente acarretaria. O que deve prevalecer, numa hora delicada como a atual, é o bom senso. Decisões tomadas em clima de paixão e pressão nem sempre são as mais acertadas. O país precisa de calma e tranquilidade e respeito às instituições para poder trabalhar em paz.

Civilizadamente, com ordem e progresso.

Jornal Direto da Redeção: http://www.intellibusiness.com.br/diretodaredacao/noticias/index.php?not=2547

CASO CELSO DANIEL: DELEGADO FEDERAL CONFIRMA QUE CRIME É MESMO COMUM E GARANTE QUE LEGISTA MENTIU

Revista Livre Mercado, edição de Abril

CASO CELSO DANIEL: DELEGADO FEDERAL CONFIRMA QUE CRIME É MESMO COMUM E GARANTE QUE LEGISTA MENTIU

Daniel Lima em matéria publicada na edição de abril da revista Livre Mercado

Pela primeira vez desde que atuou no caso Celso Daniel, logo após o sequestro seguido de assassinato em janeiro de 2002, o delegado da Polícia Federal José Pinto de Luna resolveu falar à Imprensa. Numa entrevista exclusiva a LivreMercado, esse profissional da elite da PF manteve o tom de voz seguro e discreto. Dispensou fotografias. Indicou que a ilustração do trabalho jornalístico poderia ser preparada com flagrantes da assessoria de Imprensa do Senado Federal, durante a sessão da CPI dos Bingos. Naquela oportunidade, Luna teve pouco tempo para expor detalhes dos pontos mais importantes do inquérito que chegou à mesma conclusão da força-tarefa da Polícia Civil de São Paulo: Celso Daniel foi vítima de crime comum, não de espetaculosa ação programada pelo empresário Sérgio Gomes da Silva, como reiteram os promotores públicos de Santo André.

José Pinto de Luna é policial atarefadíssimo. O encontro marcado com LivreMercado na Capital foi idealizado há mais de um ano. Até então não se tinha nem mesmo a trilha pela qual deveria ser percorrido o caminho editorial para extrair possíveis novidades. Embora tivesse pouca oportunidade de se pronunciar na CPI dos Bingos, tomada naquele dia por subjetividades das declarações do médico-legista Paulo Vasques, Pinto de Luna deixou escapar pelo menos dois pontos que só não chamaram a atenção dos senadores porque a dispersão e o maniqueísmo imperavam no ambiente mais voltado à audiência do que propriamente à compreensão dos fatos.

Primeiro, o delegado federal disse que o médico-legista Carlos Delmonte mentiu ao afirmar que Celso Daniel foi torturado. Nesta entrevista, Luna explica a relação que manteve com o legista dias depois da morte de Celso Daniel. Carlos Delmonte cometeu suicídio em outubro do ano passado (veja matéria nesta edição) e encabeça a lista de profissionais do IML (Instituto Médico Legal) que assinam o laudo de necropsia do corpo do prefeito de Santo André.

Nem mesmo a indignação de acompanhar como telespectador Carlos Delmonte mudar toda a história numa entrevista concedida mais de três anos depois ao programa de Jô Soares abala a tranquilidade descritiva do delegado federal. Ele lamenta que Delmonte não esteja vivo para questioná-lo.

Segundo, Luna também não se perturba além do natural em relembrar que, na mesma entrevista a Jô Soares, o médico-legista que lhe disse que Celso Daniel não apresentava qualquer marca de tortura, no sentido político-administrativo do termo, mentiu igualmente quanto ao suposto uso da cueca do avesso pela vítima dos sequestradores. Mais que isso, Carlos Delmonte sugeriu que o uso inadequado da cueca indicaria que a morte de Celso Daniel estaria relacionada à traição.

Tanto a suposta tortura como sinônimo de violência com objetivo de obtenção de informações como a cueca do avesso foram argumentos que o suicida Carlos Delmonte utilizou para dar veracidade à versão de crime de encomenda. São dois pontos que ajudam a costurar enredo completamente diferente do investigado pela Polícia Civil e pela Polícia Federal. Por isso, são tecnicamente decisivos na elucidação dos fatos.

Para José Pinto de Luna, o desfecho policial do caso Celso Daniel foi uma frustração. Ele lamenta que a expectativa de consagrar-se com a prisão de gente graduada em Santo André, como se projetava nos primeiros dias de investigação, não tenha sido alcançada. A perspectiva de crime que envolvesse a administração do Partido dos Trabalhadores desmanchou-se na exata medida -- conta o experiente policial -- em que os grampos no Paço Municipal não sugeriam mais que indícios de possíveis irregularidades administrativas, enquanto, no outro núcleo de investigações -- sequestradores, familiares e pessoas próximas deles na Favela Naval, em Diadema -- consolidavam-se provas de efetiva participação no crime. Pior dos mundos: não houve durante todo o período de interceptação de telefones qualquer ligação entre os dois grupos investigados. Nenhum, absolutamente nenhum telefone entre membros da quadrilha de sequestradores e integrantes da administração Celso Daniel. Inclusive Sérgio Gomes da Silva.

José Pinto de Luna chega ao ponto de declarar que ficaria feliz em colocar Sérgio Gomes da Silva na cadeia, mas supostas malversações administrativas de que ele teria participado não são assunto de sua competência e não têm qualquer vínculo com a morte do prefeito Celso Daniel. Uma conclusão contestada pelo Ministério Público, instituição sobre a qual o policial federal simplesmente não faz qualquer menção explícita durante toda a entrevista.

Luna é profissional discreto, objetivo, tão econômico quanto penetrante nas palavras. Depois de uma hora de entrevista gravada, esse pai de seis filhos que vive integralmente o mundo de investigações insistiu na decepção de não ter atendido ao sonho de consumo de quem imaginava o caso Celso Daniel diferente do que foi constatado nos inquéritos policiais.

LivreMercado -- Como a Polícia Federal chegou à conclusão de crime comum?

José Pinto de Luna -- Chegamos a essa conclusão com a prisão dos dois principais participantes da operação, o Itamar e o Bozinho. Eles confessaram que pegaram o veículo do Celso Daniel aleatoriamente. Inicialmente pretendiam sequestrar um empresário do Ceasa, que acabou não passando por onde imaginavam. Então, decidiram abordar qualquer carro importado que passasse. Infelizmente, na hora, passou o carro do Celso Daniel.

LM -- Como se procedeu a operação para a prisão dos dois sequestradores?

Luna -- Fizemos rastreamento das pessoas ligadas a esses dois sequestradores, casos de parentes e amigos. Chegamos à conclusão de que eles haviam se refugiado na Bahia, na região de Itabuna. Foi aí que nos deslocamos para lá. Conseguimos prender lá na Bahia o irmão do Bozinho, conhecido como André Cara Seca. Prendemos o André Cara Seca em Vitória da Conquista. E lá já estava preso pela Polícia Civil o Edson (da Silva), só que não sabíamos desse detalhe. O Edson também participou do sequestro do Celso Daniel.

LM -- Sim, sim, ele foi preso pelos policiais do DEIC, comandados pelo delegado Edson de Santi.

Luna -- Exatamente. Ele foi preso pela Polícia Civil da Bahia que, quando soube da participação dele no crime do Celso Daniel, comunicou o DEIC que, através de seus agentes, foi até lá para buscá-lo.

LM -- A origem das prisões do Bozinho e do Itamar teve como base as interceptações telefônicas?

Luna -- Sim.

LM -- Como chegou à identificação deles logo após a morte de Celso Daniel?

Luna -- O trabalho foi feito através de análise criteriosa dos telefones utilizados pelos parentes desses então possíveis autores.

LM -- E como se deu essa operação?

Luna -- Trata-se de um serviço de inteligência policial que, infelizmente, não podemos detalhar senão poderia perder toda a substância de utilização em outros casos. Resumidamente, conseguimos individualizar os telefones daquelas pessoas entre milhões de usuários de telecomunicações. Foi através da interceptação desses telefones que prendemos os dois primeiros sequestradores.

LM -- Os senhores também interceptaram telefones-chave da Prefeitura de Santo André?

Luna -- No começo sim, porque a linha de investigação era exatamente essa: quais foram as pessoas que se locupletaram com a morte do prefeito? A primeira pessoa que se locupletou com a morte do prefeito foi o vice-prefeito. É claro que isso tudo no terreno da teoria investigativa e plausível. Quem mata alguém tem algum motivo para matar.

LM -- Então todos aqueles que giravam em torno do gabinete do prefeito Celso Daniel foram interceptados telefonicamente?

Luna -- Não. Alguns telefones foram interceptados. Interceptados com ordem judicial. Totalmente dentro da lei. Totalmente esclarecida ao juiz. Ninguém fez nada espúrio. Se o juiz negasse, estava negado. Fizemos absolutamente tudo com autorização judicial.

LM -- Os grampos solicitados pela Polícia Federal são os grampos famosos que, mais tarde, foram transcritos em páginas de jornais, em sites de Internet, para emissoras de rádio?

Luna -- Sim. Essas interceptações foram alvo de busca e apreensão pela 4ª Vara da Justiça Federal de São Paulo e mais tarde as fitas foram parar nas mãos do juiz Rocha Mattos. O mandado de busca e apreensão foi produzido na Delegacia de Apreensão e de Entorpecentes. Levaram todas as fitas. Entregamos as fitas porque não tínhamos interesse algum de esconder nada. Se perguntar quantas fitas eram, não lembro.

LM -- O senhor ouviu todas as fitas?

Luna -- Ouvi os diálogos mais interessantes, selecionados pelos analistas. Ouvíamos para orientar nossa linha de investigação.

LM -- Se o senhor tivesse que fazer uma avaliação até com certa carga de subjetividade sobre o conteúdo das gravações com relação ao crime e também sobre a suposta rede de corrupção na Prefeitura de Santo André, o que o senhor diria? Sobre o crime propriamente dito, as gravações tipificaram que alguém ou algum agente que girava em torno da Prefeitura participou do crime?

Luna -- Não chegamos a essa conclusão. Pelo que obtivemos na interceptação, não é possível chegar a essa conclusão.

LM -- E com relação à possibilidade de haver corrupção na Prefeitura, o chamado caixa dois? As gravações davam indícios nesse sentido?

Luna -- Sim, o material deixa latente só uma parte de indícios, não de provas. Pelo jeito que falavam, pelo jeito que falavam em se encontrar em determinado local, mostrava que queriam esconder alguma coisa.

LM -- Esse "esconder alguma coisa" estava restrito ao campo da administração propriamente dita?

Luna -- Sim, no campo da administração que a gente sentia isso. No aspecto criminal, tinha todo aquele temor do Sérgio Gomes cada vez que recebia uma intimação, que ia depor em algum lugar. Ele achava que estava sendo perseguido. Ele entrava praticamente em histeria.

LM -- Por que ele entrava em histeria, doutor? O que o senhor sentia nos telefonemas?

Luna -- Vou dizer o que é uma coisa subjetiva, o que eu penso, tendo em vista que ele já estava sendo questionado por que as travas do carro abriu, por que isso, por que aquilo: ele sentia que estava sendo investigado, como de fato estava sendo investigado.

LM -- O senhor sentia a tensão dele em que sentido?

Luna -- De ser interrogado, o temor de ir até a Polícia, de relembrar os fatos. Toda hora que entrava Polícia no meio, ele sentia um certo temor. Para nós a reação dele não estava vinculada ao crime em si, porque se ele não devia nada, por que estava com aquele medo todo? A gente dizia que ele tinha alguma coisa a ver, já que está com esse medo todo. E aí continuamos com essa linha de investigação, até que a coisa começou a andar mais para o lado dos criminosos. Então resolvemos deixar essa coisa aqui do lado, no caso o Paço Municipal, e investimos no outro lado.

LM -- Só para deixar mais claro: o senhor entendia que o comportamento do Sérgio Gomes poderia estar vinculado mais ao ambiente em si do caso que se formou do que propriamente em relação ao crime?

Luna -- Entendíamos que aquele temor dele poderia sim estar ligado ao sequestro. Depois reformulamos essa possibilidade. Mas naquele momento, perguntávamos o porquê daquela aflição toda. O que esse pessoal está devendo? Foi aí que começou a aparecer o outro lado da investigação, dos autores do crime. Então, resolvemos deixar a linha do pessoal da Prefeitura e atacar no outro lado. Até porque, se houvesse relação entre um grupo e outro, mais dia menos dia apareceria. É algo como uma ponte em construção, cujos extremos se encontram. Eles teriam que se cruzar, isso é inevitável. Portanto, tínhamos que investigar os autores do sequestro, porque a linha estava mais madura. Prendendo os autores, eles diriam que foi o Sérgio, foi sicrano, foi beltrano. Seria uma prova contundente. E esse pessoal foi preso e disse que foi um crime comum. E explicaram detalhadamente porque foi um crime comum. Os depoimentos foram gravados.

LM -- Qual foi a reação do senhor depois que os bandidos confessaram o crime e se descobriu que não havia qualquer relação com os supostos mandantes? Como o senhor analisa o comportamento do Sérgio Gomes e mesmo de outros integrantes da Prefeitura de Santo André durante a fase de investigação de interceptações telefônicas?

Luna -- Entendo que seria em razão de alguma coisa espúria que estivesse ocorrendo na administração e que não poderia vir à tona, mas não temos provas, é uma conclusão subjetiva.

LM -- Em todas as séries de telefonemas interceptados, tanto dos sequestradores quanto de outras pessoas, houve alguma ligação envolvendo gente da Prefeitura e os bandidos?

Luna -- Nenhuma ligação. São fatos distintos. De um lado tem o pessoal da Prefeitura e do outro os bandidos. Os bandidos continuaram a agir. Aliás, agiram antes do sequestro e depois do sequestro.

LM -- Os senhores monitoraram as ações de novos sequestros da quadrilha?

Luna -- Isso mesmo. Queríamos prendê-los e também localizar o cativeiro das novas vítimas.

LM -- O senhor tinha a interceptação mas não sabia onde os sequestradores estavam?

Luna -- Sabíamos a área geográfica, mas não precisamente o ponto onde estavam. Ouvimos eles preparando novos sequestros. Tem uma situação em que o Ivan Monstro conversa com uma pessoa e durante a conversa está passando pelo Parque Villa Lobos. Ele diz assim: "nossa, quantos torros aqui". Torro para eles é o cara que tem dinheiro, é sequestrável. Nunca tinha ouvido esse termo. Ele dizia ao telefone: "olha aquele torro ali, nossa um outro torro ali. Olha aquele torro que está no Mercedes, olha aquele torro de BMW". Todas aquelas pessoas para ele eram sequestráveis. Tudo isso após o sequestro e a morte do Celso Daniel. Em nenhum momento tudo o que ocorreu inibiu a atuação deles. Me refiro nesse caso específico ao Ivan Monstro, porque tanto o Bozinho quanto o Itamar já tinham fugido para a Bahia. O Ivan, que pertencia à quadrilha, continuou por aqui, monitorado por nós. Mais tarde ele foi preso pelo DEIC. Ele estava com quatro pessoas em cativeiro em Santa Izabel.

LM -- A finalidade do grampo do telefone do Ivan tinha qual sentido específico?

Luna -- Queríamos inibir a ação dele. Cada pessoa que ele planejava sequestrar, a gente conseguia detectar e frustrava a tentativa. Um exemplo foi o caso de um rapaz que, segundo eles, os sequestradores, era dono de um Fusca. Na verdade, não era um Fusca, mas um New Beetle. Ele era filho do dono de uma concessionária Audi. Fomos lá, frustramos o sequestro ao orientar o pai para não deixar o filho sair de casa em determinadas horas, para mudar de carro, para que se evitasse o mal maior. Mas mesmo assim o Ivan Monstro conseguiu sequestrar quatro pessoas ainda. Felizmente, o DEIC, conseguiu libertar esse pessoal.

LM -- Quer dizer que o Ivan Monstro mantinha ações ostensivas de sequestro e o Celso Daniel foi uma de suas vítimas?

Luna -- Acredito nisso. Até aonde investigamos, até onde a equipe da Polícia Federal investigou, foi aí que chegamos.

LM -- Nesses grampos todos dos membros da quadrilha e de gente próxima a eles, em algum momento aparece o Dionísio de Aquino Severo nas relações? Como o senhor sabe, o Dionísio fugiu de helicóptero um dia antes da Penitenciária de Guarulhos e acabou entrando na história como suposto participante do sequestro, contratado por Sérgio Gomes da Silva.

Luna -- Em nenhum momento aparece o Dionísio. Em nenhum momento. As gravações estão aí com o pessoal da CPI dos Bingos. Está disponível para quem quiser ouvir. Em nenhum momento aparece nada vinculando o Dionísio ao crime. Repito: até onde investigamos, não aparece nada.

LM -- Quanto tempo duraram as interceptações?

Luna -- Pelo menos um mês.

LM -- No depoimento dos dois sequestradores que os senhores delegados da Polícia Federal foram apanhar na Bahia o Dionísio não aparece em nenhum momento?

Luna -- Em momento algum eles citam o Dionísio.

LM -- Com a experiência que o senhor tem de policial, é possível que o Dionísio estivesse numa história dessa se não aparecesse no caso desde a origem?

Luna -- Aventamos somente uma hipótese de equívoco na investigação: se o sequestro fosse compartimentado e esse pessoal que prendemos estivesse alheio à outra parte da quadrilha, no caso do Dionísio. Uma suposição para tornar o enunciado mais claro: o Dionísio conhece o Edson a quem encomenda o sequestro e o Edson compartimenta essa operação com os outros. Poderia haver uma compartimentação? Poderia. É possível que o Itamar, o Bozinho e o John, que também estava na Blazer, estivessem alheios a que aquele carro conduzia o prefeito de Santo André? É possível. Mas, espere aí: se eles vão sequestrar um cara do Ceasa e a operação não dá certo, e eles dizem, em seguida, "vamos pegar aquele carro importado que está ali" e os caras já sabem que é o do prefeito de Santo André, teria de haver uma comunicação do Edson e isso não houve. A intenção de abordar aquele carro foi do Bozinho e do Itamar. Eles resolveram abordar o carro em que por acaso estava o Celso Daniel. Ninguém os orientou nesse sentido. Por isso, a possibilidade de compartimentação está descartada.

LM -- E o arrebatamento em si? Como foi o comportamento do Sérgio Gomes descrito pelos dois sequestradores que os senhores prenderam na Bahia?

Luna -- Eles disseram que estavam próximo ao túnel Maria Maluf e resolveram seguir o carro que não sabia tratar-se de Sérgio Gomes tendo Celso Daniel como acompanhante. Eles vão seguindo, sobem a ladeira, cruzaram a primeira avenida e começam a dar fechadas no carro. Eles vão abalroando o carro do Sérgio Gomes, lateralmente, claro, até chegar a um ponto em que conseguem travar o veículo. Quando ouvem uma sirene disparar, pensam que é a Polícia, mas depois constatam que não é nada disso. Em seguida, tentam tirar o Celso Daniel do carro. Mas antes disso eles dão tiro, furam o pneu do carro.

LM -- Quem que eles pretendiam tirar do carro, o Celso ou o Sérgio?

Luna -- Parece-me que foi uma coisa simultânea. O Itamar do lado do motorista e o Bozinho do lado do Celso Daniel. O Itamar fala que o Sérgio joga o carro em cima do carro e ele Itamar responde com uma rajada de metralhadora, só que o veículo é blindado. Aí eles começam a bater no carro, a dar socos no carro, a dar tiros no carro e é aí que o Bozinho consegue tirar o Celso Daniel.

LM -- Tentaram arrancar também o Sérgio?

Luna -- Segundo o Bozinho, tentou sim puxar o Sérgio.

LM -- Mas o objetivo era o motorista ou o acompanhante?

Luna -- Eles falam que seria o motorista, o cara que tem dinheiro. Eles pensavam que quem estava na direção do carro era o cara que tinha dinheiro. Isso não são palavras minhas. São depoimentos dos sequestradores que participaram diretamente do arrebatamento. Tudo gravado e entregue na CPI dos Bingos. Se naquele momento da prisão e do depoimento eles bandidos falassem que, "inclusive tinha uma mala de dinheiro atrás e o Sérgio está envolvido e arrumou para nós", nossa, na hora, era tudo o que mais queríamos.

LM -- Como assim, delegado?

Luna -- Me sinto até um pouco frustrado porque não tivemos o desfecho que a gente queria, de pegar um grande esquema com esse cara envolvido.

LM -- Isso quer dizer que em nenhum momento tanto o Itamar quanto o Bozinho falaram em sacolas de dinheiro?

Luna -- Nada. Está nas fitas. Eles estão dizendo espontaneamente como foi a operação. Foi exaustivamente perguntado a eles como foi a operação.

LM -- Qual é a importância de depoimentos como aqueles, no frescor da prisão?

Luna -- Muito importante. No caminho, de ônibus, eles já começaram a falar para a gente como foi a situação. Quando chegamos na Polícia Federal e, baseados no critério de oportunidade, pegamos uma câmera e filmamos o depoimento e a confissão deles. Essa fita guardei comigo para amanhã ou depois eles não falarem que apanharam, isso ou aquilo. Eles não podem dizer que foram torturados pelo delegado Luna, porque estava tudo ali, gravado, num ambiente sem qualquer tipo de constrangimento.

LM -- Quando o senhor providenciou a gravação não imaginava que o caso pudesse ter tantos desdobramentos?

Luna -- É um caso sério, que até hoje está em pauta. Posso falar com propriedade porque prendemos as primeiras pessoas. O Edson de Santi, do DEIC, e o DHPP fizeram a outra parte. De forma alguma houve conflito investigatório.

LM -- E cooperação?

Luna -- Cooperação houve, evidentemente. Cooperação de investigação.

LM -- Mas não houve colagem, como se insinuou?

Luna -- Não, de forma alguma. Foram atuações autônomas. Brigávamos no bom sentido para ver quem é que prendia primeiro. Era uma competição sadia. Quem não quer os louros de uma prisão? Eu sei que o pessoal do DEIC ficou meio "assim" com a gente, quando prendemos os dois primeiros sequestradores. Depois eles foram e prenderam outros, e nós ficamos chateados.

LM -- Tivemos então um caso típico de rivalidade sadia?

Luna -- Sim. E quem ganha com isso é a sociedade. Nos sentimos frustrados porque não continuamos nas investigações já que, declinada a competência do inquérito policial para a Justiça Estadual, a Polícia Federal saiu do caso.

LM -- E foi aí que o DEIC entrou com tudo, embora já estivesse no caso?

Luna -- Sem dúvida. Mas foram salutares as duas prisões que fizemos, porque abriram os portões da elucidação do crime. E provou o dinamismo das investigações, porque dizíamos assim para o pessoal do DEIC: "olha, nós vamos prender duas pessoas, vamos prender duas pessoas". A Polícia Federal tem autonomia para, de repente, eu estar aqui e pegar uma passagem aérea e ir para o Ceará, ir para Manaus, para o Acre, porque nossa Polícia é Polícia em qualquer parte da Federação. Não que a Polícia Civil não seja, mas para conseguir uma passagem aérea para sair daqui, precisa de anuência do secretário de Segurança Pública. No nosso caso, não. Só preciso de um telefonema para qualquer superintendente estadual e dizer que preciso ir para lá por causa de uma investigação. Imediatamente recebo a passagem de avião. As dificuldades que a Polícia Civil tem são bem maiores que as da Polícia Federal. Então, contamos com essa facilidade.

LM -- O senhor disse na CPI dos Bingos que a cueca que o Celso Daniel usava não estava do avesso.

Luna -- A origem disso são as fotografias do corpo do Celso Daniel. Avaliando uma das fotografias, percebi que a cueca do prefeito estava com as costuras expostas e a etiqueta pelo lado de fora. Dava a entender que estava do avesso. O que imaginei? Que ele foi levado a determinado local, que foi seviciado, que foi torturado, que foi isso e aquilo e que na hora de se vestir, se vestiu às pressas e colocou a cueca daquele jeito. Ou então que ele já saiu de casa daquele jeito. Alguns dias depois houve uma reunião com todos os peritos envolvidos no caso para contribuir na antecipação das investigações, antes da formalidade do laudo de necropsia. Não era preciso esperar o laudo ficar pronto para dirimir e dirigir as investigações.

LM -- Quem estava nesse encontro com os legistas?

Luna -- Delegados da Polícia Federal, da Polícia Civil, representantes do Instituto de Criminalística, entre outros. Foi aí que conheci o legista Carlos Delmonte, que se mostrou um profissional hipercompetente. Todas as dúvidas que tinha sobre o caso ele foi saneando pouco a pouco. Foi uma conversa meio lateral, já que se formaram grupinhos de interlocutores. Um dos pontos que o abordei sobre o crime foi com relação à cueca. Ele disse que não tinha percebido nada diferente. Aí, peguei a fotografia e mostrei para ele. Isso tudo que estou dizendo está nos autos. Perguntei a ele a que se atribui aquilo e ele respondeu que não sabia. Perguntei então se o Celso Daniel foi seviciado, se foi torturado. Perguntei sobre o maxilar do Celso Daniel, que estava bastante danificado. Ele explicou tudo cientificamente. Não deixou dúvida alguma.

LM -- O senhor perguntou diretamente a ele se tinha havido tortura?

Luna -- Claro, e ele disse que não. Eu achava que tinha havido tortura até mesmo por umas equimoses nas pernas do Celso Daniel. Aquela expressão "tiro de esculacho" que apareceu intensamente no noticiário ultimamente, foi eu que falei para ele, Delmonte. Sugeri a ele que o Celso Daniel pudesse ter sofrido tiro de esculacho num cimentado, porque ficaram as marcas. Ele respondeu que aquelas marcas eram resquícios de pedra, de pedriscos, de brita, do terreno em que o Celso Daniel pisou.

LM -- Então o senhor Carlos Delmonte enfatizou que não houve tortura?

Luna -- Exatamente. E para mim ele era o profissional em quem devia confiar. Saí do encontro com ele completamente seguro de que não houve tortura. O perito falou está falado. Qualquer suspeita que tenha tido sobre tortura, para mim acabou ali, nas palavras do perito. Aliás, ele não disse isso apenas para mim, mas para todos os delegados que estavam presentes. Qual não foi minha surpresa, de repente, três anos depois, ele aparece dando essa versão de tortura e menciona o episódio da cueca. Isso tudo no programa do Jô Soares. Fiquei estarrecido. Peraí: essa tese da cueca do avesso foi eu que disse a ele. Ele nem sabia disso. Mais que dizer isso, ele afirmou que a cueca do avesso é tida no meio da malandragem como traição. Nunca. Não existe essa correlação. Pode perguntar para qualquer ladrão, para qualquer bandido.

LM -- E quando o senhor, que criou a suspeição de que a cueca estava do avesso e descobriu que não estava do avesso?

Luna -- Fiquei com esse caroço na cabeça. Por que a cueca estava do avesso, por quê? Dias depois, vestindo a cueca da mesma marca, da Hering, daquela do Celso Daniel, falei comigo: "poxa, coloquei a cueca do avesso, porque a etiqueta está do lado de fora". Em seguida, percebi que todas as cuecas da Hering daquele modelo que o Celso Daniel também usava tem a etiqueta do lado de fora. Então, aquela premissa que fiz ao Delmonte foi falsa. Mais ainda: as costuras também são externas. É fácil. Basta pegar um modelo semelhante. As costuras são externas, ponteadas em relevo. Infelizmente, levei uma falsa premissa a um perito que tomou isso como verdade. Depois desmenti, mas não sabia que ele tivesse tomado isso como verdade.

LM -- Isso significa que nesse ponto o laudo...

Luna -- Nesse ponto, o laudo está equivocado. E repito: ele era um perito hipercompetente. Foi isso que ele transmitiu para mim naquela reunião. Eu também sou profissional, mereço respeito. Ele me desrespeitou profissionalmente.

LM -- O senhor se refere especificamente à ida dele ao programa do Jô Soares?

Luna -- Sim. O desrespeito é daquele dia daquela reunião logo após a morte do Celso Daniel. Para mim, ele sim é que mentiu nessa segunda versão que apresentou na televisão. Na primeira reunião quando disse para ele que estava encarregado das investigações e que, depois de fazer uma pergunta a ele que poderia decidir o rumo dos trabalhos, se vou para o lado direito ou para o lado esquerdo, ele afirmou que devo ir pela direita, porque é a direita, puxa vida, então vou esquecer o lado esquerdo. Foi isso que ele fez para mim.

LM -- Quando ele disse claramente que não houve tortura?

Luna -- Exatamente, quando disse que não houve tortura. Se ali naquele momento ele disse que não houve tortura mas, como falou três anos e meio depois, houve tortura, ele me desrespeitou profissionalmente.

LM -- O senhor acha que havia tortura ou mudou em função de alguma coisa?

Luna -- A mim ele foi categórico e disse que não havia tortura. Acredito sim que não houve tortura. Até porque ele foi enfático e me explicou detalhadamente. E hoje tenho mais certeza sobre isso porque ele se baseou numa premissa minha de forma equivocada para se referir à própria tortura que negou lá atrás.

LM -- O senhor está dizendo com todas as letras que o senhor Carlos Delmonte mentiu com relação à autoria da questão da cueca do avesso e o coloca sob suspeição sobre a versão de que teria havido tortura?

Luna -- Sim. Acontece que no laudo ele não disse que houve tortura. O quesito é um só. E diz assim: "houve tortura, meio cruel". Meio cruel houve. Ele só coloca "sim". Mas ele é um perito hipercompetente. Se houvesse o termo "tortura", ele deveria responder "sim". Todo laudo tem um questionamento, de discussão e conclusão. Se fosse tortura, ele deveria responder "sim", mas com detalhamento. É uma coisa séria. "Sim", para mim, no meu ponto de vista, tecnicamente falando, não quer se referir unicamente a tortura. Já que ele era um perito gabaritado, ele, se tivesse havido a tortura no sentido que ele mais tarde utilizou, deveria colocar, porque eu colocaria, "T-O-R-T-U-R-A", caixa alta, padrão 18, intercalado, sublinhado e negritado.

LM -- E detalharia?

Luna -- Claro, sou profissional, faço isso em meus relatórios. Quando tenho que indiciar uma pessoa, tenho de dizer porque estou indiciando. Não escrevo que simplesmente indiciei. Indiciei porque as provas tais, às folhas tais, isso e aquilo.

LM -- O senhor está falando sobre os laudos com base nas informações recentemente divulgadas?

Luna -- Sim, porque quando nos afastamos do caso, os laudos não estavam prontos.

LM -- Não seria providencial algum tipo de mudança no preenchimento dos laudos?

Luna -- Os quesitos dos laudos necropsiais têm de ser formulados pelas autoridades policiais. Dessa forma, em casos como esses, os quesitos têm de ser separados entre as autoridades policiais e as autoridades necropsiais. Houve tortura? Sim. De que modo? O que leva o perito a crer? Discorra. Porque é assim que fazemos na Polícia Federal. E reservamos espaço para o perito julgar. Os quesitos são da autoridade policial. Como se pode explicar que um perito com a capacidade do Carlos Delmonte vai dizer "sim" e esquece de digitar o resto? Isso não é plausível.

LM -- De qualquer forma, e voltando ao principal, do aspecto criminal, o senhor acredita que, mesmo tendo a Polícia Federal se afastado do caso, após a primeira fase de inquéritos, o trabalho paralelo e depois complementar do DEIC e do DHPP tem uma lógica da arquitetura do crime?

Luna -- Concordo plenamente. Eles não estão se baseando em ilações. Estão indo pelas coisas concretas, pelo que os envolvidos diretamente estão dizendo.

LM -- Se tivesse que assinar embaixo as investigações do DEIC e do DHPP, o senhor assinaria?

Luna -- Assinaria. Porque não tenho dúvida. E repito: até onde investigamos e onde eles investigaram, eu assino embaixo com todas as letras. Agora, se tiver fatos novos, não posso dizer sobre isso, porque não sei. Por exemplo: se o Ministério Público chegar a conclusão de que tem uma ligação do Bozinho com o Dionísio. Não vejo essa ligação, mas se o Ministério Público está aqui para ver, aí eu me calo.

LM -- Lá na origem, diante de todas as investigações que foram feitas, 30 dias de grampos, se não aparece determinado personagem é muito improvável que ele tenha participado?

Luna -- O resultado não foi baseado apenas nas interceptações telefônicas. É todo o conjunto probatório. São as pessoas de um lado não sabendo quem são as pessoas do outro lado. É o Itamar praticando um sequestro que não era o primeiro, mas muitos, antes e depois do caso. Ele sequestrou um alto executivo da Volkswagen um dia depois que o Washington Olivetto foi sequestrado por outro bando. Ele sequestrou o executivo em frente ao Palácio do Governo, no Morumbi. Eu estava envolvido na investigação do caso Olivetto. Quando vi a notícia do sequestro do executivo da Volks, não acreditei. Esses caras são loucos. Será a certeza da impunidade? Eles não estavam nem aí. Depois continuaram fazendo uma série de sequestros. Então, temos sequestradores fazendo sequestro. Não temos sequestradores com crime de mando. O perfil deles é esse.

LM -- Em nenhum momento houve qualquer intersecção telefônica entre o Paço Municipal de Santo André e esses bandidos?

Luna -- Nas nossas interceptações, de forma alguma.

LM -- Doutor, no fundo, no fundo, quando começaram as investigações, o senhor gostaria que houvesse de fato o cruzamento do crime em si com a política? O senhor torcia para que a calça do Celso Daniel, por exemplo, estivesse de fato trocada?

Luna -- Sim. Cada situação que levava para a definição de crime comum, provocava uma certa frustração. Quem é que não quer fazer um grande caso? Que policial não quer ter em seu histórico um grande caso? Quando fui chamado para fazer a investigação do crime do juiz Leopoldino Marques do Amaral, em Cuiabá, e todo mundo falava que os desembargadores teriam encomendado a morte dele, me via diante de um esquema gigantesco. Quando comecei a apurar não era bem aquilo. A vítima era uma pessoa inescrupulosa, que não tinha o mínimo pudor. Aí vem a irmã falando que tinha uma relação incestuosa com a vítima. Eu praticamente esculachei a irmã, mas ela, na simplicidade dela, disse "tudo bem doutor, fui eu que sofri os abusos, não foi o senhor". Na vara que ele presidia, tinha desfalque financeiro. Mas a sociedade não quer isso. A sociedade quer o espetáculo.

LM -- O senhor imaginou que o caso Celso Daniel seria seu grande momento?

Luna -- Sim. Era tudo o que queria. Já pensou se tivesse um enredo assim: o vice-prefeito mandou matar o prefeito?

LM -- O senhor também trabalhou com a possibilidade de que o Sérgio Gomes poderia ser o autor intelectual do crime?

Luna -- Sim. Ele estava na qualidade de investigado. Quando a mídia colocou aquela história da trava da Pajero, que abriu, que fechou, naturalmente nos interessamos.

LM -- Como se faz uma boa investigação policial?

Luna -- Torturar, bater, agir de qualquer maneira para obter a confissão de um crime que não é da pessoa, não dá certo. Isso está mais que provado nos casos do Bar Bodega, da Escola Base. O caso do Toninho do PT também já diz isso, quando dizem que foram os motoqueiros que teriam matado. Isso não presta. Isso é investigação que mais cedo ou mais tarde vai ser desmascarada.

LM -- Qual foi o momento em que o senhor achou que o Sérgio Gomes não tinha nada a ver com o crime?

Luna -- Foi ele que tomou a rajada de metralhadora quando o carro foi abalroado pelos sequestradores. Estava na esperança de prender o Itamar e ele dizer que tudo aquilo foi simulado, que ele, Sérgio, pagou para que fosse feito o sequestro. Era tudo o que queria. A partir do momento em que disse que o Sérgio não estava envolvido, que jogou o carro que ele dirigia em cima do carro deles, a expectativa de culpabilizá-lo foi-se desmanchando. Depois, quando a gente vê que foi o próprio Sérgio Gomes que ligou para a Polícia Militar e avisou que o Celso Daniel foi sequestrado, e, baseado nessa informação, foi possível rastrear o telefone que nos levou à Favela Pantanal, em Diadema. Se o cara estivesse envolvido, por que que ele faria isso? Isso causa frustração. Mas mesmo assim você quer provar o contrário. Mas sou profissional. "Ah! mas ele não é boa bisca". Mas isso é outra coisa. "Ah! mas ele está envolvido em corrupção". Isso tem de ser apurado de outra maneira. "Ah! mas tem um esquema de ônibus". Tem que prender mesmo se ele matou a vovozinha dele, se ele achacou o lixo, a Prefeitura, o que for, mas não aqui, porque essa é uma investigação que não pode ser contaminada pelas outras. Tudo isso foi trazendo uma certa frustração para a gente. Se tivesse que botar esse cara na cadeia por esse homicídio, estaria muito contente. Não estou falando isso da boca para fora não. Mas a investigação não leva a isso. "Ah!, mas esse Klinger, esse Ronan Maria Pinto". Eles que fiquem com os problemas deles lá, entendeu, porque não vou ficar perseguindo ninguém.

Prisões 40 dias após decisão de investigar

Os jornais de dois de março de 2002 anunciaram as prisões da Polícia Federal das quais o delegado José Pinto de Luna participou -- os sequestradores Itamar Messias dos Santos, o Olho de Gato, e Rodolfo Rodrigo dos Santos, o Bozinho. O Diário do Grande ABC abriu o título principal da página 5 do Caderno Grande ABC: "Presos mais dois no caso Celso". O Estadão abriu o Caderno Cidades com "PF prende Itamar, acusado de matar Daniel". A Folha de S. Paulo preferiu o título principal do Caderno Cotidiano com uma inflexão: Daniel foi pego por acaso, dizem suspeitos".

Quarenta dias separam aquelas manchetes de dois de março e a decisão do presidente Fernando Henrique Cardoso de colocar a Polícia Federal no caso Celso Daniel. Celso Daniel ainda estava sequestrado no sábado, 19 de fevereiro, quando FHC determinou que a PF fosse acionada para ajudar nas investigações. A orientação foi feita ao ministro da Justiça Aloysio Nunes Ferreira, que viajou a São Paulo para acompanhar de perto a ação da Polícia.

Já na tarde daquele sábado do sequestro o delegado Gilberto Tadeu, assessor de Imprensa da PF, afirmava que as primeiras investigações praticamente descartavam a hipótese de crime político. "As informações apontam para um crime de oportunidade"-- disse. Era de interesse do governo federal e também do governo estadual, tucanos, amenizar as primeiras críticas do PT ao quadro de debilidade da segurança pública na Grande São Paulo.

Então candidato potencial à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva manteve contatos com Fernando Henrique Cardoso, quando tomou conhecimento das medidas adotadas pelo governo federal para investigar o sequestro e manifestou preocupação com atentados sofridos por integrantes do PT. Lula citou dois episódios: o assassinato do prefeito de Campinas, Antonio Toninho da Costa Santos, e a explosão de uma bomba na casa do prefeito de Embu, Geraldo Cruz.

A politização do sequestro de Celso Daniel pelo PT saltou para as páginas de jornais e para o noticiário da mídia eletrônica no mesmo sábado em que não se sabia o destino do prefeito. A então prefeita petista de São Paulo, Marta Suplicy, estava indignada: "A Capital chegou ao limite de tolerar, de conviver com essa onda de violência e sequestro. Providências mais sérias têm de ser tomadas. O governador Geraldo Alckmin tem de agir. Ninguém aguenta mais" -- desabafou Marta no Paço Municipal de Santo André num começo de ano que programava eleições governamentais e presidenciais para outubro. Dois dias depois do crime, jornais abriram manchetes para o que chamavam de crise da segurança pública. Tanto que Fernando Henrique Cardoso e Lula da Silva mantiveram encontro em Brasília. Os jornais do dia seguinte estamparam fotos do aperto de mãos. O gesto definia a concordância de que o combate ao crime organizado só seria eficaz com ações coordenadas dos três níveis de governo: federal, estadual e municipal. "O combate à violência está acima de questões partidárias" -- disse o presidente FHC.

Na sexta-feira, 25 de janeiro de 2002, o governador Geraldo Alckmin ocupou os jornais para se defender da avalanche de críticas, principalmente petistas, à insolvência da segurança pública no Estado. "Precisamos agir na questão social, senão a Polícia vai ficar enxugando gelo", disse Alckmin. E recorreu a uma frase do papa Paulo VI, em 1967, para sugerir a saída: "Sem desenvolvimento econômico não há paz".

A dupla de sequestradores presa pela Polícia Federal no começo de março de 2002 voltava de Camaçari, na Bahia. Itamar Monstro e Bozinho viajavam em um ônibus na Via Dutra quando foram surpreendidos pela Polícia na parada do veículo em um restaurante de um posto de combustível em Aparecida (167 quilômetros de São Paulo).

Os primeiros tempos de investigações da Polícia Federal e da Polícia Civil foram marcados por hostilidade. Dirigentes petistas chegaram a denunciar arbitrariedades. Vazamento de informações à Imprensa acabaram por contaminar as relações entre Polícias e PT, principalmente porque associava-se Sérgio Gomes da Silva e suposto esquema de desvios de recursos da Prefeitura de Santo André ao assassinato do prefeito. Mais tarde se soube que eram os promotores públicos que informavam a mídia sobre a possibilidade de crime encomendado. Ironicamente, tanto a Polícia Federal quanto a Polícia Civil de São Paulo, ainda durante os governos federal e estadual do PSDB, acabaram por concluir pela ocasionalidade do crime. Menos o Ministério Público de Santo André que, por determinação do então Procurador-Geral da Justiça, Luiz Antônio Guimarães Marrey, mandou reabrir as investigações e retirou Sérgio Gomes da Silva da condição de vítima para mandante do crime. Marrey virou secretário de Negócios Jurídicos do prefeito José Serra, derrotado nas eleições presidenciais de 2002.

DANIEL LIMA é jornalista, escritor ("Complexo de Gata Borralheira", "Meias Verdades" e "República Republiqueta") , fundador e diretor-editorial da revista LivreMercado (com circulação há 16 anos no Grande ABC), criador e coordenador-geral do Prêmio Desempenho (há 13 anos realizado no Grande ABC com auditoria externa das planilhas dos concorrentes) e fundador do IEME (Instituto de Estudos Metropolitanos), laboratório virtual que contempla dados sociais, econômicos, financeiros e criminais dos principais municípios paulistas. Atuou em várias publicações antes de criar a revista LivreMercado.

Jornal Informante: http://www.informante.net/resources.php?catID=1&pergunta=1102#1102

Revista Livre Mercado: http://www.livremercado.com.br/

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