segunda-feira, outubro 02, 2006

Lula não foi pego de surpresa com segundo turno, diz prefeito de BH

02/10/2006 - 15h49

ANDREZA MATAIS
da Folha Online, em Brasília


O prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, um dos petistas mais próximos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, negou nesta segunda-feira que o resultado da eleição tenha surpreendido a campanha de Lula.

Segundo Pimentel, pesquisas internas já indicavam que a disputa seria decidida em dois turnos. Mesmo assim, por estratégia, se decidiu que o discurso de vitória no primeiro turno seria mantido na reta final da campanha.

"Não foi uma surpresa [o segundo turno]. Uma semana antes da eleição já tínhamos indicativo de segundo turno. Não quisemos falar isso porque seria dar munição para os adversários. Ninguém iria dizer que o outro estava chegando perto. Mantivemos o discurso [de vitória no primeiro turno]", disse.

O prefeito aponta dois fatores que prejudicaram a vitória de Lula no primeiro turno: o episódio do "dossiêgate" envolvendo petistas e pessoas próximas a Lula e a ausência do presidente no debate da TV Globo, na última quinta-feira. Lula não compareceu a nenhum dos debates no primeiro turno para evitar o confronto com os adversários.

"O dossiê com toda certeza alterou o quadro. A eleição estava ganha no primeiro turno. A não ida ao debate pode ter contribuído também. A avaliação de que o debate seria de muita agressividade foi correta, mas era a última oportunidade pública que tínhamos para explicar que Lula não tem relação com a compra do dossiê. Se tivesse ido ao debate Lula enfrentaria essa questão", analisou.

No segundo turno, Pimentel aposta na ida do presidente a todos os debates. "Não há tempo para uma campanha tradicional. Lula tem que se preservar para os debates. O contato com a massa ele já fez", afirmou.

O prefeito fez as contas e concluiu que Lula chega ao segundo turno com vantagem em relação a Alckmin. "Lula teve quase metade dos votos. Vai precisar para vencer 1,5% de votos a mais do que teve, enquanto que o Alckmin precisará de 8%, 9%. Quem votou no Lula não vai mudar de posição. O Alckmin é que terá mais dificuldades porque precisa de mais votos", disse.

Coordenação

Pimentel negou que tenha sido convidado, até o momento, para assumir a coordenação da campanha do presidente Lula no segundo turno.

Especula-se que Marco Aurélio Garcia, que assumiu o cargo com a queda de Ricardo Berzoini, será substituído por não ter trânsito no meio político.

O prefeito disse que prefere trabalhar por Lula em Minas Gerais, onde Alckmin terá o apoio do governador Aécio Neves (PSDB), reeleito neste domingo com amplo apoio popular. "Em Minas teremos uma batalha importante", justificou.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u84519.shtml

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