quinta-feira, outubro 05, 2006

Vote no PSDB para entregar a Amazônia

05/10/2006 - 10h53

Da Tribuna da Imprensa

Por Argemiro Ferreira

Agora não se trata de mapa falso da Amazônia em livro escolar inexistente. Agora a ameaça é real. Ou o País vota contra o PSDB, contra os Alckmin, os Serra e os FHC, ou corre o risco de ficar sem a Amazônia. Apesar do desmentido capenga, está bem claro que o ministro britânico do Meio Ambiente David Miliband tem o apoio do premier Tony Blair para um plano oculto de privatizá-la e internacionalizá-la.

Antes de Blair, como é sabido, a premier Margaret Thatcher, que desencadeara a fúria da privataria na Grã-Bretanha, chegou a declarar sobre a dívida externa do Brasil e outros países em desenvolvimento: "Eles têm de pagar de qualquer jeito. Se não tiverem dinheiro, que vendam o que tiverem - terras, bens, tudo!" Thatcher saiu, mas Blair, que enfiou a "terceira via" na cabeça vazia de FHC, retoma a idéia.

O pior é que as prometidas privatização e internacionalização da Amazônia soam quase como desdobramento natural do programa do PSDB, com a política externa anunciada pelo candidato Geraldo Alckmin - a da submissão aos interesses dos países ricos, com o abandono da atual política externa independente. Até porque a retomada das privatizações, interrompidas pelo governo Lula, é promessa formal do tucanato.

Internacionalização mais privatização

Voltemos ao fato concreto do projeto dos países ricos, há muito suspeitado. Você pode ler tudo, no original (em inglês), clicando o endereço internet que se segue: AQUI

Ali verá a reportagem assinada domingo, no "Daily Telegraph", um dos maiores jornais britânicos, pelo próprio editor político Patrick Hennessy. Ele expõe o "esquema extraordinário pelo qual a floresta amazônica se tornará um `trust' internacional e suas árvores serão vendidas a indivíduos e grupos". Acrescenta: "Os planos para a `privatização' em larga escala foram levados à reunião do México pelo o ministro do Meio Ambiente, David Miliband".

Pelo jeito, não se esperava a dura reação do Brasil. Mas Hennessy enfatizou que "o esquema é apoiado por Blair e se destina a proteger as plantas e a vida selvagem contra o desmatamento, pois 13 milhões de hectares das florestas do mundo são perdidos anualmente com o desmatamento". Não é ação isolada de Londres: reunião dos países ricos (G8) em 2005 encarregara a Grã-Bretanha de "liderar os programas de mudança climática".

Conforme o texto do "Telegraph", os planos foram levados por Miliband a Monterrey, onde se reuniram ministros de 20 dos maiores países consumidores de energia. A idéia central, atribuída ao ex-ministro Frank Field, deputado do partido do primeiro-ministro, "entusiasmou Blair e Miliband porque `conquistaria a imaginação do mundo' e `uniria a comunidade internacional'".

"Acionistas" serão os novos donos

O editor político Hennessy ainda não sabe com que receita-mágica Blair e Miliband vão impor tal insanidade a países como "o Brasil, onde fica quase toda a floresta amazônica". Citando as autoridades do governo britânico, ele reconhece haver o que chama eufemisticamente "questões de soberania". Diz que serão "negociadas" com o Brasil. Com o governo Lula é pouco provável. E com o PSDB?

"O plano envolveria a criação de um organismo mundial para comprar a floresta antes de ser criado o `trust' que venderia as árvores (madeira). Os compradores seriam `acionistas' da floresta" - afirma o jornal, que ainda cita como figura-chave nos bastidores da trama o tal Johan Eliasch, multimilionário homem de negócios nascido na Suécia e tesoureiro-adjunto do Partido Conservador. No início do ano, diz, Eliasch comprou 400 mil acres da Amazônia por uns 8 milhões de libras.

No México o secretário-executivo do Meio Ambiente, Cláudio Langone, já avisou Miliband que o Brasil repele o plano. Tasso Azevedo, diretor do Serviço Florestal Brasileiro, considerou a idéia absurda, pois "75% da região pertencem ao Estado". O plano brasileiro contra o desmatamento, disse à "Folha de S. Paulo", pode ser ajudado de várias formas, mas nunca com privatização da floresta.

Retrocesso na política externa?

Como privataria é a marca do PSDB, o que virá se por um desatino encorajado pela atual fúria golpista na grande mídia esse partido voltar com sua obsessão privatista? O guru de Alckmin, Luiz Carlos Mendonça de Barros (presidente do BNDES no governo FHC), disse à revista "Exame" que "ainda há muita coisa a ser privatizada", inclusive Petrobras, setor elétrico, serviços portuários, estradas de rodagem, etc.

Terá o País esquecido a histeria dos abutres do "Utererê" na entrega do patrimônio (com dinheiro do BNDES) por bilhões aquém do valor e comissões para apaniguados? Esqueceu a Vale, Telebrás, controle da telefonia pelos ladrões da WorldCom, entrega de empresas de energia aos vigaristas da Enron? Segundo FHC, o dinheiro da privatização ia reduzir a dívida interna. Ela dobrou, foi a 57,7% do PIB. Sem privatizar nada Lula, pôde reduzi-la a 51% do PIB.

O retorno à privataria seria coerente com a política externa anunciada por Alckmin no jornal "Valor Econômico": "Maior prioridade aos países ricos", volta aos "valores tradicionais". Para ele a política externa atual parte de "visão equivocada do mundo". Ele quer o Brasil em marcha a ré para a insignificância na cena internacional. E com a Amazônia entregue a "acionistas" - internacionalizada e privatizada.

http://www.debrasilia.com/noticia_click.php?cod_noticia=5896

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