segunda-feira, outubro 09, 2006

09/10/2006

Tucanos exploram deficiência física do presidente Lula

Mão com quatro dedos vira material de propaganda do PSDB em Porto Alegre. Clima da campanha, no domingo, foi marcado por agressões e xingamentos. Justiça determinou a apreensão do material, considerando-o uma manifestação preconceituosa.

PORTO ALEGRE - Apoiadores e partidários da candidata ao governo gaúcho, Yeda Crusius (PSDB), esbanjaram manifestações de ódio e preconceito contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na manhã de domingo, no Brique da Redenção, tradicional ponto de encontro dos porto-alegrenses. Um adesivo com uma mão espalmada contendo quatro dedos, um sinal de proibido, e os dizeres “Mais quatro não. Fora Lula”, foi distribuído no parque.

A referência preconceituosa ao fato de Lula ter perdido um dedo em um acidente com um torno, quando trabalhava como metalúrgico, revoltou a militância petista. O deputado federal Henrique Fontana (PT-RS), líder da bancada do PT na Câmara Federal, que estava na Redenção, protestou contra a manifestação preconceituosa, observando que ela atinge todos os portadores de deficiências físicas do país.

A pedido da coordenação da campanha da Frente Popular, a juíza da 2ª zona eleitoral e propaganda de rua, Ângela Maria Silveira, determinou a busca a apreensão dos adesivos, considerando-o uma manifestação preconceituosa em relação ao presidente Lula. A juíza determinou, ainda na tarde de domingo, a busca e apreensão deste material no espaço destinado à coligação do PSDB no brique da Redenção e também no seu comitê de campanha.

Mas, antes de sua apreensão, centenas de adesivos já haviam sido distribuídos. Partidários de Alckmin e Yeda Crusius desfilavam pelo brique com o material nas mãos, provocando militantes e apoiadores das candidaturas Lula e Olívio Dutra. O clima ficou muito pesado, com agressões verbais que, por pouco, não se transformaram em agressões físicas. A Brigada Militar foi chamada para acompanhar as manifestações e evitar que isso ocorresse.

Na manhã de domingo, a Frente Popular convocou uma caminhada com a candidata a vice na chapa de Olívio Dutra, a deputada estadual Jussara Cony (PCdoB). Desde antes do início da manifestação, partidários da candidata tucana chamavam os participantes da caminhada de “mensaleiros” e ladrões. Um grupo de lutadores de jiu-jutsiu, sem identificação, fazia a segurança do grupo que fazia propaganda para Crusius. Quando a caminhada da Frente Popular passou perto do local onde estavam, os xingamentos aumentaram e o clima pesado virou troca de empurrões.

A deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) foi empurrada e sua filha quase foi pisoteada no tumulto. Isso tudo no dia em que o jornal Zero Hora publicou uma pesquisa do Ibope que deu 63% das intenções de voto para Yeda Crusius, contra apenas 29% para Olívio Dutra (praticamente a mesma votação que fez no primeiro turno). Na coordenação da campanha de Olívio, ninguém acredita nestes números. E, a julgar pela virulência dos apoiadores de Yeda, expressa nas ruas, parece que eles também não estão acreditando. Pelo que se viu no domingo, a campanha eleitoral no RS ocorrerá sob temperatura máxima.

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