quarta-feira, abril 26, 2006

LISTA DE FURNAS: POLÍCIA FEDERAL INVESTIGA ESQUEMA DE COBRANÇA DE PROPINAS EM FURNAS

25/04/2006

Áureo Germano
de Brasília


A Polícia Federal vai intensificar as investigações sobre outros três inquéritos instaurados a partir de denúncias surgidas com o escândalo do mensalão. Um deles diz respeito a irregularidades que teriam sido praticadas em Furnas Centrais Elétricas entre os anos de 2000 e 2003.

Segundo uma fonte ligada à investigação afirmou à Reuters sob a condição do anonimato, os investigadores já encontraram diversos indícios que ligam o ex-diretor da estatal Dimas Fabiano Toledo à cobrança de propinas de empresas privadas que mantinham relacionamento com a central.

"Ainda não conseguimos determinar o valor que teria sido movimentado mas já temos muitos indícios desses desvios", disse a fonte.

Parte dessas negociações teriam ocorrido durante o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso no período conhecido como "apagão", época em que o setor elétrico nacional teve dificuldades em suprir a demanda do país por energia elétrica.

Procurado pela Reuters, Dimas não foi localizado.

Nesse mesmo inquérito, segundo a fonte, é investigada ainda a chamada "lista de Furnas" na qual é apontado um suposto esquema de distribuição de recursos que teriam sido repassados a candidatos de partidos aliados ao governo FHC, durante as eleições de 2002.

A lista foi levada à PF pelo lobista mineiro Nilton Monteiro, que acusa Dimas de ser o responsável pela arrecadação de dinheiro para aqueles partidos. O suposto esquema ficou conhecido como o "dimasduto". O ex-diretor negou à PF e à recém-encerrada CPI dos Correios ter qualquer envolvimento no caso.

Monteiro, que afirma possuir um exemplar original da lista e recibos de pagamentos assinados por políticos que comprovariam a autenticidade do documento, foi intimado a prestar depoimento à PF no último dia 20 mas não compareceu.

Ele será intimado novamente nesta terça-feira e caso não se apresente à polícia poderá ser levado ao órgão de forma coercitiva. Além disso, segundo a mesma fonte, caso ele não mostre à PF os documentos que diz possuir será indiciado por denunciação caluniosa, falsificação de documentos e estelionato.

Outros dois inquéritos que continuam em apuração se referem a denúncias de irregularidades praticadas no Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) e nos Correios. Nenhum deles tramita no Supremo Tribunal Federal por não conter, até o momento, indícios de participação efetiva de pessoas com foro privilegiado

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