Alessandra Mello e Patrícia Rennó
Do Estado de Minas
28/10/2006
08h59 - É falso o depoimento dado na quinta-feira à Polícia Federal de Varginha (Sul de Minas) por um homem que se identificou como Agnaldo Henrique Delino e afirmou ter entregue R$ 250 mil em dinheiro a Hamilton Lacerda, ex-coordenador de comunicação da campanha de Aloísio Mercadante (PT) ao governo de São Paulo, acusado de ser portador do dinheiro que seria usado pelo PT para comprar um dossiê com denúncias contra os tucanos.
A Polícia Federal investiga a participação do PSDB no episódio já que o vídeo em que Luiz Armando se passa por Agnaldo foi distribuído para a imprensa e entregue à Polícia Federal pela secretaria-executiva do PSDB de Pouso Alegre, Rosely Souza Pantaleão, filiada ao partido desde a sua fundação, e uma das coordenadoras na cidade da campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) à Presidência da República. O nome verdadeiro de Agnaldo é Luiz Armando Silvestre Ramos, com passagens pela polícia por acusações de estelionato. No vídeo, ele afirma, com detalhes, que o proprietário da empresa SR Produções e Eventos, Luiz Armando Silvestre, na verdade ele mesmo, fez depósitos de valores altos em dinheiro em sua conta bancária para entregar para Hamilton Lacerda.
Rosely, conhecida como Rosy, enviou por e-mail para a Polícia Federal de Mato Grosso e para vários meios de comunicação do estado o vídeo com o depoimento de Luiz Armando, gravado há cerca de 20 dias pelo um repórter do Jornal do Estado, de Pouso Alegre, mas que não havia sido veiculado antes por causa de dúvidas a respeito de sua veracidade. O diretor do jornal, Sebastião Foch, alega que aguardava a apresentação por Luiz Armando do extrato da conta corrente, onde teria sido depositado parte do dinheiro para dar publicidade ao vídeo.
“Não publicamos o vídeo antes, porque ele sempre prometia entregar o extrato bancário. Começamos a desconfiar que tinha algo errado nesta história”. Apesar de ter dúvidas sobre o depoimento, ele disse que procurou a secretária-executiva do PSDB, “com quem o jornal sempre faz dobradinha” , e mostrou o vídeo a ela, que de imediato se encarregou de divulgá-lo. As informações de que havia dúvidas sobre a veracidade do depoimento não foram divulgadas pelo Jornal do Estado nem pelo site de Rosy Pantaleão.
Verdade
O verdadeiro Agnaldo Henrique Delino mora na cidade de Cachoeira de Minas, no Sul do Estado, e contou que trabalhou com Silvestre e que perdeu os documentos há cinco meses. “Tudo o que ocorreu foi muito grave pelo fato de tentar envolver algumas pessoas em um momento como esse, na véspera de uma eleição presidencial”, comentou o chefe da Polícia Federal do Sul de Minas Willian Nascimento Santos.
De acordo com o delegado da PF, o contrato de trabalho que teria sido apresentado por Agnaldo, com a empresa SR Produções pode ter sido feito por Rosy que se apresentou como jornalista. “A repórter foi a primeira pessoa a dar a notícia a respeito da história. As investigações ainda estão correndo, mas há possibilidades dela ter participado disso.” Rosy alega que não teve nenhum envolvimento, que ficou sabendo do vídeo em uma reunião política sabia do vídeo e somente emprestou o site para que o jornal colocasse o vídeo que mostrava a denúncia do Agnaldo. Segundo Rosy, quem fez a divulgação das imagens para a imprensa foi o repórter. “A minha ligação com o PSDB é somente local e não a nível federal”, desabafou. O repórter e o diretor do jornal negam que tenham divulgado o vídeo, afirmando que o jornal foi procurado por Rosy, que já sabia do vídeo.
http://www.correioweb.com.br/hotsites/eleicoes2006/noticias.htm?ultima=2688147&sub=Pol%c3%adtica
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