sábado, outubro 28, 2006

28/10/2006 11:00h

Ivo viu a uva.

Paulo Henrique Amorim

Cada macaco no seu galho.

Quem come melado se lambuza.

O Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Marco Aurélio de Mello, deu ontem, sexta-feira, dia 27, a 49ª. entrevista do ciclo que precede a eleição do segundo turno

Disse o ministro: “... todos estão submetidos à lei pátria (sic) ...E se houver culpa, aí se terão conseqüências.”

Os repórteres e os editores que fazem manchetes captaram, perfeitamente, o que o Ministro queria dizer: se culpado, o presidente Lula será punido.

Ou seja, o Ministro só faltou dizer o que está na cabeça dele, dos repórteres e dos editores que fazem os títulos: a palavra que começa com “i”, impeachment.

Isso se passou na antevéspera da eleição e foi para os jornais e portais na internet na véspera da eleição, hoje.

E a declaração do Ministro tem o valor hermenêutico de “Ivo viu a uva”, “cada macaco no seu galho” e “quem come melado se lambuza”.

Se for culpado, tem que ser punido conforme a lei.

O presidente Lula, o ex-governador Geraldo Alckmin, o futuro Governador José Serra, que é citado no escândalo dos sanguessugas, sob investigação da Polícia Federal, e a Rosy Pantaleão, tucana de Pouso Alegre.

Ou seja, “escreveu não leu, pau comeu”.

Ninguém está acima da “lei pátria” (sic).

A declaração do Ministro segue um padrão.

Nas 48 entrevistas anteriores (deste ciclo) foi assim. Se, se, se, se o Presidente Lula for condenado sofrerá um impeachment.

E os repórteres e editores que fazem títulos correm: Mello diz que Lula pode perder o mandato. (A palavra que começa com “i” fica “i”mplícita.)

Na véspera do primeiro turno, no ciclo anterior de entrevistas, o Ministro Mello, em sintonia com a divulgação maciça da foto do dinheiro do Delegado Bruno (*), declarou: votem em quem cuida bem do seu dinheiro.

Da mesma maneira que, antes, tinha dito: isso que está aí é pior que Watergate.

(Analogia que demonstra que o Ministro precisa ir ao vídeo clube e pedir o filme “Todos os Homens do Presidente”).

Sobre o impeachment do Presidente Lula: o TSE não é a ultima instancia.

E sobre essa velada ameaça de impeachment, talvez fosse o caso de o Conselho Nacional de Justiça, recém criado – com a oposição do Ministro Mello – estudar o comportamento do Ministro na presidência do TSE.

A proposta não é minha, mas do professor Marcos Nobre, em artigo na Folha de S. Paulo (assinantes clique aqui).

Ainda sobre a entrevista de ontem, a 49ª. O ministro disse que “as mazelas (do financiamento de campanhas) não são mais escamoteadas”.

Pergunta-se: e o que fez o presidente do TSE sobre esse crime? Mandou chamar a Policia? Denunciou ao Procurador Geral da República?

Ou isso fica para a 1ª. entrevista do próximo ciclo ?

Nesse momento, sábado 10H:35M, recomenda-se que os assessores de Geraldo Alckmin e Luis Inácio Lula da Silva que trabalham no TSE fiquem bem atentos.

Para que não se corra o risco de o Ministro Mello se esquecer de proclamar os vencedores da eleição, como quase aconteceu no primeiro turno.

(*) O delegado Bruno vai cobrar das empresas jornalisticas pelo foto que fez ? Ou fica como doação de campanha ?

http://conversa-afiada.ig.com.br/materias/397001-397500/397416/397416_1.html

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