terça-feira, outubro 17, 2006

Veja abaixo as duas versões de títulos, do O Globo e Folha de São Paulo, para a mesma matéria.

Oposição passa por saia justa ao lado de delegado, que defende atuação da PF

Plantão Publicada em 17/10/2006 às 16h43m
Gerson Camarotti - O Globo

BRASÍLIA - Os tucanos passaram por uma saia justa no encontro com o delegado Sandro Torres Avelar, presidente da Associação dos Delegados da Polícia Federal. Pela manhã, o presidente do PSDB, Tasso Jereissati, disse que transferira para quarta-feira o encontro com o diretor da Polícia Federal, Paulo Lacerda, alegando que queria ouvir o delegado Avelar. Mas o delegado, que representa a entidade que tem um perfil mais corporativo e não é ligada a sindicatos, causou constrangimento a Tasso e ao presidente do PPS, Roberto Freire, ao dar entrevista ao lado dos dois.

Avelar defendeu a atuação da PF e contestou a tese de que estaria havendo uma "operação-abafa" na investigação da origem do R$ 1,7 milhão que seria usado para comprar o dossiê contra tucanos. O segmento da PF que tem defendido uma posição parecida com a da oposição é a Federação Nacional dos Delegados da Polícia Federal.

- Temos acompanhado com preocupação essa visão de que a PF não trabalha com isenção. Não existe operação-abafa, a PF é uma instituição séria e os prazos da investigação (do dossiê) são normais - disse Avelar, que aproveitou para defender a regulamentação da independência funcional da PF.

Avelar manifestou preocupação com o delegado Edmilson Bruno, suspeito de ter vazado as fotos do dinheiro apreendido, mas negou que ele esteja sendo perseguido:

- O delegado Bruno é um homem sério e correto, mas não podemos afirmar que existe perseguição, seria uma leviandade - afirmou.

http://oglobo.globo.com/pais/eleicoes2006/mat/2006/10/17/286130885.asp

17/10/2006 - 16h23

Associação demonstra preocupação com delegado afastado do caso dossiê

ANDREZA MATAIS
da Folha Online, em Brasília

O presidente da ADPF (Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal), Sandro Torres, manifestou nesta terça-feira preocupação com o tratamento que o delegado Edmilson Bruno tem recebido da instituição, por ter revelado as fotos do dinheiro apreendido com petistas que seria usado para a compra de um dossiê antitucano. Em reunião com os presidentes do PFL e do PSDB, Torres disse que a associação está acompanhando o caso.

Edmilson foi afastado da investigação logo no início. Foi ele quem prendeu num hotel de São Paulo Gedimar Passos, advogado e ex-policial federal, e Valdebran Padilha, filiado ao PT do Mato Grosso, que estavam com R$ 1,7 milhão, valor que seria usado para a compra do dossiê.

"Temos preocupação com ele. É um homem correto, sério. Mas não podemos afirmar que esteja havendo perseguição [política]", afirmou Torres.

O delegado negou que esteja havendo uma "operação abafa" para protelar as investigações do dossiê, como aponta a oposição, com o objetivo de favorecer a campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição. Segundo ele, o prazo de investigação --que já dura um mês sem conclusão-- está razoável.

Apesar disso, Torres pediu o apoio da oposição para que seja aprovada uma emenda constitucional que garanta autonomia para a Polícia Federal. Pela proposta, a PF não seria mais vinculada ao Ministério da Justiça e o diretor da instituição seria escolhido pelo presidente da República numa lista tríplice indicada pela PF, com mandato de dois anos.

Para o presidente nacional do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), a preocupação da associação com o delegado evidencia que ele está sendo coagido pela PF por ter revelado as fotos do dinheiro. "Havia uma ordem do ministro da Justiça [Márcio Thomaz Bastos] para que o dinheiro não fosse divulgado. Ele afrontou a ordem do ministro que era contra o interesse público e, por isso, está sendo ameaçado até de demissão", disse.

"Por que uma associação de classe está preocupada com o delegado? O que está acontecendo com ele? Qual o seu pecado?", complementou o presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire (PE).

Tasso voltou a repetir que a PF está agindo como "fascista" e a questionar o presidente Lula sobre a origem do dinheiro. "Para o presidente é muito fácil obter esta resposta. São os amigos dele que estão envolvidos", disse.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u85325.shtml

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