terça-feira, setembro 26, 2006

DOSSIÊ TAMBÉM AFETARIA ABEL PEREIRA, MOSTRAM ESCUTAS

26/09/2006 - 20h50

LEONARDO SOUZA
FÁBIO VICTOR
da Folha de S.Paulo, em Cuiabá
HUDSON CORRÊA
da Agência Folha, em Cuiabá


Escutas telefônicas apontam que a negociação de Luiz Antonio Vedoin com interlocutores do PT envolvia também a entrega à Justiça Federal de documentos contra o empresário Abel Pereira, ligado ao tucano Barjas Negri, ex-ministro da Saúde e ex-assessor de José Serra.

Com base nos documentos entregues por Vedoin, a Polícia Federal abriu nesta terça-feira inquérito para apurar o envolvimento de Abel com a máfia dos sanguessugas. A abertura do inquérito havia sido antecipada pela Folha no domingo.

Ao depor na PF na semana passada, Vedoin --apontado como chefe da máfia dos sanguessugas-- entregou ao delegado Diógenes Curado Filho o mesmo material contra Abel já entregue à Justiça Federal no dia 14 de setembro.

Neste dia, Vedoin negociava por telefone a venda de um dossiê contra José Serra, candidato do PSDB a governador de São Paulo.

Os documentos contra Abel são quatro extratos bancários envolvendo depósitos (que somam R$ 183,5 mil) para empresas supostamente indicadas por Abel no fim de 2002 e início de 2003.

Às 19h19 do dia 14, Vedoin fala com o empresário petista Valdebran Padilha da Silva, preso horas depois em São Paulo com a quantia de R$ 1,7 milhão que seria usada para comprar o dossiê. Na conversa, os dois falam sobre o dossiê contra tucanos e entram no assunto da entrega de documentos à Justiça.

Diz relatório da PF sobre a escuta: "HNI [homem não-identificado, possivelmente Valdebran ou advogado Gedimar Passos, emissário do PT] questiona se [Vedoin] entregou à Justiça também. Luiz [Vedoin] diz que entregou tudo".

Vedoin disse à PF que, no mesmo dia 14, Abel tentou, por telefone, falar com ele sobre as acusações. O chefe dos sanguessugas afirmou que não ligou de volta.

Em entrevista à revista "IstoÉ", duas semanas atrás, Luiz Antonio Vedoin disse que Abel era o responsável por liberar as emendas que favoreciam a quadrilha na gestão Negri, apesar de oficialmente não ter vínculo com a pasta. O ex-ministro nega envolvimento com os sanguessugas e afirma não conhecer os donos da Planam.

Abel é empresário do município de Piracicaba (SP), do qual Negri hoje é prefeito.

Na quinta-feira da semana passada, quando prestou novo depoimento à PF, em Cuiabá, Vedoin entregou uma planilha com nomes das prefeituras que teriam tido emendas individuais ao Orçamento da União "pagas através de acerto com Abel Pereira".

Ou seja, verbas para compra de ambulâncias teriam sido liberadas pelo Ministério da Saúde em 2002 graças a pagamento de propina a Abel. A planilha, segundo Vedoin, "incrimina Abel, ligado ao ex-ministro [Saúde] Barjas Negri".

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u83893.shtml

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