TARSO GENRO DENUNCIA ATENTADO POLÍTICO
30/09/2006"Delegado da PF vazou fotos em ação articulada com PSDB"
Falando em nome do governo, ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, disse que delegado Edmilson Bruno foi o responsável pelo vazamento das fotos do dinheiro à imprensa. Segundo Tarso, trata-se de um atentado político, de uma ação da oposição, chefiada pelo PSDB. O ministro afirmou que, na sexta, o delegado chamou jornalistas, passou para eles o disquete com as fotos do dinheiro e disse: "Estou fazendo isso para f...o governo e o Lula". Edmilson Bruno admitiu neste sábado ser o autor do vazamento.
Marco Aurélio Weissheimer - Carta Maior
PORTO ALEGRE - O ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, disse neste sábado, que o delegado da Polícia Federal, Edmilson Bruno, foi o responsável pelo vazamento das fotos do dinheiro à imprensa, em uma ação articulada com a oposição, notadamente o PSDB. Segundo Tarso, na sexta-feira, o delegado chamou seis jornalistas, passou para eles o disquete com as fotos do dinheiro e afirmou “Eu estou fazendo isso para f...o governo e o Lula”.
A informação foi confirmada pelo assessor especial do presidente lula e chefe de campanha, Marco Aurélio Garcia, ao site Terra Magazine. Segundo Garcia, após manifestar sua intenção de arrebentar Lula e o governo, o delegado teria dito: “agora eu vou subir para fazer o boletim de ocorrência sobre o furto das fotos porque eu preciso me cobrir”.
Em entrevista coletiva à imprensa, em Porto Alegre, Tarso Genro disse que o delegado responsável pela perícia da investigação sobre o caso do dossiê fez uma encenação como se as fotos lhe tivessem sido roubadas. “Ele cometeu um duplo delito. Fez um registro falso de Boletim de Ocorrência, de uma parte, e de outra, vazou documentos para fins políticos, documentos que pertencem a um processo que está sob segredo de justiça”.
“Isso é tão ou mais grave do que o envolvimento de qualquer pessoa na compra ou elaboração de qualquer dossiê”, acrescentou o ministro. Ele anunciou que já foi aberta uma sindicância administrativa pela Polícia Federal para apurar a responsabilidade do delegado no caso. Durante a entrevista, Tarso Genro destacou que estava falando em nome do governo.
“A manifestação institucional do governo neste momento é de que se trata de um atentado político, que repete um cenário conhecido no país, e que merece uma rejeição tão profunda e radical como a produção e compra de dossiês. Na opinião do governo, isso é uma ação política da oposição, chefiada pelo PSDB, que vinha reiteradamente requisitando essas fotos mesmo sabendo que elas estavam sob segredo de justiça. Portanto, estamos autorizados a concluir que se tratou de uma articulação política de baixo nível, de baixo calão, que visa perturbar o processo eleitoral e gerar impressionismos de última hora”, acrescentou.
Delegado admite ser autor do vazamento
O delegado Edmilson Bruno confessou, neste sábado, que foi o responsável pelo vazamento das fotos e anunciou que, em uma entrevista coletiva na segunda-feira, dirá “coisas surpreendentes”, informou a Agência Estado. Inicialmente ele havia negado ser o autor da distribuição das fotos com o dinheiro apreendido pela Polícia Federal. Segundo sua primeira versão, o CD com as fotos havia sumido de seu arquivo pessoal entre quinta à noite e sexta de manhã. Ao perceber o desaparecimento do CD, relatou então, admitiu ter feito ligações para alguns jornalistas para checar se alguém tinha o CD.
Foi ele quem comandou a operação na madrugada de 15 de setembro, no Hotel Íbis, em São Paulo, onde foram presos Valdebran Padilha e Gedimar Passos com o dinheiro. Há 10 anos trabalhando na Polícia Federal, ele declarou-se “apartidário” e que teria votado em Lula em 2002.
Para Tarso Genro, o eleitor brasileiro tem maturidade, inteligência e experiência para não cair em armadilhas deste tipo. “Assim como a população não aceita dossiês falsos ou verdadeiros comprados, também não aceita esse tipo de atitude que vem sendo sintetizada em várias manifestações, particularmente através do presidente do PSDB (Tasso Jereissati) e de seu candidato (Geraldo Alckmin). Essa é a manifestação institucional e oficial do governo e do presidente Lula a respeito do assunto”.
Este episódio, acrescentou, representa um fato perturbador do processo eleitoral e também da investigação. “O Estado brasileiro, através da Polícia Federal, vinha apurando o caso do dossiê sem interromper qualquer tipo de ação policial ou administrativa sobre o assunto. A visão política do governo é de que isso é uma ação da oposição, particularmente do PSDB, perturbado politicamente pela provável e, na nossa opinião, já efetiva, vitória do presidente Lula nas eleições deste domingo”.
Para Tarso, trata-se de um segundo episódio Abílio Diniz. “Naquela oportunidade, foi utilizada uma imagem para vincular o candidato Lula aos seqüestradores do Abílio. Agora, as fotos vazadas pelo delegado têm o evidente objetivo de vincular o episiódio de São Paulo à candidatura Lula. Trata-se de um jogo de imagens que conta com a claríssima colaboração de decisiva parte da chamada grande mídia”, declarou ao site Terra Magazine.
Estavam presentes na coletiva, em Porto Alegre, jornalistas de alguns dos principais meios de comunicação do país: O Globo, O Estado de São Paulo, RBS, Rede Globo, Rede Bandeirantes, SBT e Rede Record, entre outros. Vamos ver agora como a imprensa noticia a denúncia do ministro Tarso Genro: se vai dá-la com o destaque que merece ou se vai escondê-la, ou minimizá-la.
http://agenciacartamaior.uol.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=12403
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