A militância política decide
Agência Carta Maior (30/09/06)Flávio Aguiar para a Agência Carta Maior
Nem parece verdade, mas é: as últimas pesquisas, com algumas forçadas aqui e ali (falaremos disso), demonstram o papel fundamental da consciência política e da consciência militante no voto de 1° de outubro. Basta ler nossos comentaristas hispano-americanos para ver o tamanho da importância do que está em jogo nesta eleição. É algo de proporção continental. É o destino da esquerda na América Latina inteira, e de todas as correntes.
Os números das pesquisas são eloqüentes sobre o aperto a que se chegou, mas também sobre os arredondamentos necessários para se chegar ao resultado "empate". As manchetes nos sites apregoam: "Eleição indefinida", "Chance de segundo turno", "Empate absoluto". Vejamos primeiro os números.
De acordo com a divulgação no Jornal Nacional, da TV Globo, os números assim estão:
IBOPE: Lula 45, Alckmin 34, Heloisa Helena 8, Cristóvão Buarque, 2. Soma: Lula, 45; outros, 44. Entretanto, no ar foi feito o anúncio de que "pela primeira vez o número de votos nos outros candidatos passava um ponto em relação aos de Lula". Ou seja, atribui-se aos outros candidatos um percentual de dois pontos, 2 milhões e 400 mil votos aproximadamente. Quero ver.
Data Folha: Lula 46, Alckmin 35, Heloisa Helena 8, Cristóvão Buarque 2. Soma: Lula 46, outros 45. Arredondamento: 1, atribuído aos outros candidatos, 1 milhão e 200 mil votos mais ou menos. É de menor tamanho, é verdade. Chegaram até nós informes do "tracking" feito pelo Vox Populi neste sábado. Lula 46, Alckmin 34, Heloísa Helena 7, Cristóvão Buarque 2, outros, 1. Soma: Lula 46, outros, 44. Está mais favorável a Lula, mas mantém-se na margem de erro.
Ou seja, vai-se destacar, amanhã, a disposição de decidir pela esquerda de uma vez ou não, deixando mais uma oportunidade para a direita armar suas arapucas e as trapalhadas petistas, como essa última dos aqualoucos do dossiê, entrarem nelas.
Que armações? Vou citar duas.
As declarações reproduzidas pelo Ministro Tarso Genro em entrevista coletiva à imprensa em destaque nesta página (onde mais?), feitas pelo delegado Edmilson Bruno, que afinal reconheceu ter violado o segredo de justiça divulgando as fotos do dinheiro apreendido com os aqualoucos, mostram a disposição de "estrepar" o PT e o presidente Lula, para não citar o palavrão empregado. Em entrevista ao site do Globo, o coordenador da campanha de Lula, Marco Aurélio Garcia, afirma que as declarações do delegado estão gravadas.
Além disso ele afirma que "dois partidos teriam estimulado o vazamento com apoio material". A outra está referida em blog situado na página do Estadão, o de Cristiane Padiglione, que faz perguntas incômodas, sugerindo que a TV Globo está mais furiosa com a ausência de Lula do que com a ausência de debate.
"Por que a repercussão do encontro [o debate na Globo] nos noticiários enfatizou tão somente a ausência de Lula? Se era para auxiliar o eleitor, por que não abrir às propostas de governo de quem compareceu ao debate o mesmo espaço consumido por esses na indignação causada pela ausência do petista?"
Depois: "O cano dado por Lula virou "informação" mais importante do que as idéias de quem se deu ao trabalho de comparecer". Conclusão puramente minha das pertinentes perguntas de Cristiane: Ou as idéias eram irrelevantes, ou a TV Globo boicotou-as, ou o único interesse da repercussão era conjugar a malhação de Lula com as exibição das fotos, obtidas ilegalmente o que, no entanto, não parece constranger a nossa imprensa conservadora tão pudica, feroz e conclusiva quanto a outras ilegalidades ou meras suspeitas de.
A eleição deste domingo está, em suma nas mãos da consciência política das pessoas de esquerda. Que sairá daí? A conferir.
http://www.informante.net/resources.php?catID=16&pergunta=3478#Cena_1
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