sábado, abril 29, 2006

ARCANJO PRESTA DEPOIMENTO NESTE DOMINGO À PF E DEVE REVELAR FATOS NOVOS

Andrea Haddad, 29/04/2006 - 19:35h

O ex-“bicheiro” João Arcanjo Ribeiro presta depoimento amanhã, às 8h30, na penitenciária do Pascoal Ramos, onde está preso. Agendado para o dia 5 de maio, o interrogatório foi antecipado hoje pelo delegado federal Tony Jean Barbosa de Castro.

Em entrevista à reportagem do Olhar Direto, o delegado adiantou que o depoimento do ex-contador das factorings de Arcanjo, Nilson Teixeira, será mantido para o próximo dia 5. “Ele será ouvido como informante. Então concedemos um prazo maior para que ele estude o caso, já que está colaborando”, explicou.

O inquérito instaurado pela PF apura crimes eleitorais, principalmente as transações financeiras entre as factorings de Arcanjo e a Assembléia Legislativa, o PSDB, e, ainda, os tucanos Dante de Oliveira e Antero Paes de Barros – reforçou o delegado.

A PF resolveu instaurar o inquérito depois das revelações feitas por Nilson Teixeira ao juiz federal Julier Sebastião da Silva, no processo em que Arcanjo foi condenado por crimes contra o Sistema Financeiro Nacional.

Como o depoimento foi concedido há anos, tanto Nilson como Arcanjo pediram inicialmente a prorrogação dos interrogatórios no novo inquérito para que pudessem estudar detalhadamente o que foi dito ao juiz Julier.

Indagado sobre a possibilidade de Arcanjo apenas confirmar o depoimento do ex-contador, Tony de Castro refutou a hipótese. “Ele já sinalizou que está disposto a esclarecer tudo. Tenho certeza que acrescentará fatos novos às investigações”, enfatizou.

A expectativa é que Arcanjo divulgue uma lista com o nome dos políticos beneficiados por empréstimos nas factorings.

Revelações

Apesar de pedir um prazo para estudar as declarações de Nilson Teixeira, João Arcanjo Ribeiro revelou, no último dia 12, no primeiro depoimento ao delegado Tony de Castro, que a Vip Factoring efetuou transações financeiras com deputados da Assembléia Legislativa de Mato Grosso, na gestão em que José Riva e Humberto Bosaipo compunham a Mesa Diretora, e com o PSDB - nos anos de 1998 e 2002.

“Os negócios das empresas dele [Arcanjo] sempre foram geridos por Nilson Teixeira. Isso é público e notório. O réu também tinha conhecimento das transações porque os ativos financeiros eram de sua propriedade. Mas, sem os documentos da PF, Arcanjo não tem como afirmar ou negar em que e com qual objetivo foram empregados os recursos”, assinalou, na ocasião, o advogado do ex-bicheiro, Zaid Arbid.

Questionado sobre as transações financeiras entre os deputados Riva, Bosaipo e Arcanjo, o advogado reforçou que não há como negar o envolvimento dos parlamentares, já que “ambos alternaram a Presidência da AL por quase 10 anos".

PARA RELEMBRAR, LEIA OS TEXTOS ABAIXO:

ARCANJO CONFIRMA LIGAÇÃO COM AL E PSDB

Da Redação, 12/04/2006 - 13:13h

O ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro confessou, há pouco, ter efetuado transações financeiras com deputados da Assembléia Legislativa de Mato Grosso, na gestão em que José Riva e Humberto Bosaipo compunham a Mesa Diretora, e com o PSDB - nos anos de 1998 e 2002.

A confirmação foi feita em depoimento ao delegado federal Tony Jean Barbosa de Castro, na sala administrativa da penitenciária do Pascoal Ramos, em Cuiabá.

Presente à audiência, o advogado de Arcanjo, Zaid Arbid, informou que há dois procedimentos policiais em andamento. O primeiro apura o financiamento das campanhas políticas de 1998 e 2002, enquanto o outro investiga o movimento financeiro da Assembléia Legislativa.

Arbid disse que o réu apenas pôde ratificar o depoimento de Nilson Teixeira, em que aparecem como clientes da factoring deputados estaduais e membros do PSDB.

Ele ponderou que só poderá tecer declarações sobre o destino dos empréstimos quando estiver com a conclusão da perícia sobre a movimentação dos recursos. “A PF deve ter todos os dados, pois ficou um ano examinando isso”, apontou. O advogado reclamou ainda que solicitou a documentação na última semana, mas só deve receber os papeis amanhã.

“Os negócios das empresas dele [Arcanjo] sempre foram geridos por Nilson Teixeira. Isso é público e notório. O réu também tinha conhecimento das transações porque os ativos financeiros eram de sua propriedade. Mas sem os documentos da PF Arcanjo não tem como afirmar ou negar em que e com qual objetivo foram empregados os recursos”, assinalou.

Questionado sobre as transações financeiras entre os deputados Riva, Bosaipo e Arcanjo, o advogado reforçou que não há como negar o envolvimento dos parlamentares, já que “ambos alternaram a Presidência da AL por quase 10 anos".

Devido à falta de conhecimento do teor das denúncias contra os deputados, o advogado pediu o adiamento do término do interrogatório. O delegado Tony Castro acatou o pedido e marcou nova audiência para a próxima segunda-feira (24), às 10h.


DEPOIMENTO DE ARCANJO PODE MUDAR DESTINOS DE CANDIDATURAS E ATÉ O QUADRO POLÍTICO

Da Redação, 23/04/2006 - 12:55h

O depoimento do ex-bicheiro e ex-chefe do crime organizado em Mato Grosso, João Arcanjo Ribeiro, pode mudar o rumo de muitas candidaturas e até o quadro político sucessório caso ele decida, de fato, contar tudo o que sabe e como funcionava o caixa 2 da Real Factoring, no quinto andar do eifício Wall Street, localizado na avenida Isac Póvoas.

Era nessa espécie de "bunker" que funcionava as transações de grande porte, autorizadas para financiar campanhas e para pagar uma espécie de mensalão a parlamentares, à época chamada de "merenda". Para os ex-funcionários da factoring, o dia de pagar os políticos era chamado de "romaria", segundo informou um dos advogados de Luiz Dondo Gonçalves, ex-contador do grupo de João Arcanjo Ribeiro.

Mais do que ninguém, Arcanjo sabe como e quem "captava" dinheiro em suas factorings mediante um esquema que envolvia repasses extra-duodécimo e órgãos públicos. O outro que sabe muito é Nilson Roberto Teixeira, que decidiu ficar calado diante seu direito constitucional. Com Nilson mudo, restará a Arcanjo a missão de falar ou não falar o que sabe sobre os empréstimos feitos a políticos.

Já antecipou que de fato emprestava, mas nunca se preocupava com o destino da grana emprestada. Outra coisa era certa: ele recebia tudo de volta com o devido pagamento de juros. Calote de político era inaceitável no grupo criminoso comandado por Arcanjo, que mandava e desmandava em órgãos públicos, poderes e instituições desde o governo Júlio Campos e que ganhou mais fôlego na gestão de Dante de Oliveira.

Os repasses extra-duodécimo para a Assembléia Legislativa fizeram a festa de muitos políticos e era autorizados pelo então governador Dante de Oliveira e pelo secretário de Fazenda, Valter Albano, atualmente conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE).

Mas se Arcanjo quiser mesmo contar tudo o que sabe, muita gente graúda vai ficar pequena de tanta promiscuidade com a qual se relacionavam com o crime organizado. Para muitos, Arcanjo está blefando e ao anunciar que vai contar o que sabe sobre as transações com os políticos no depoimento marcado para o dia 24 é um sinal claro para quem ainda lhe deve muito dinheiro e hoje o apunhá-la pelas costas.

Ainda estariam na lista de devedores, oficiais PMs, delegados de polícia, donos de empresas de comunicação, parlamentares, magistrados, empresários e uma gama de malfeitores que se locupletavam do poderio de Arcanjo na época do período de ouro do crime organizado.

DEPOIMENTO DE JOÃO ARCANJO É ADIADO

Da Redação, 24/04/2006 - 07:10h

Para sorte de muitos políticos, o depoimento do ex-chefe do crime organizado em Mato Grosso, João Arcanjo Ribeiro, marcado para a manhã de hoje, foi transferido para o dia 5 de maio. A informação é de fontes da Secretaria de Segurança Pública, para o Olhar Direto.

O depoimento de Arcanjo pode mudar o rumo de muitas candidaturas e até o quadro político sucessório caso ele decida, de fato, contar tudo o que sabe e como funcionava o caixa 2 da Real Factoring, no quinto andar do eifício Wall Street, localizado na avenida Isac Póvoas.

Era nessa espécie de "bunker" que funcionava as transações de grande porte, autorizadas para financiar campanhas e para pagar uma espécie de mensalão a parlamentares, à época chamada de "merenda". Para os ex-funcionários da factoring, o dia de pagar os políticos era chamado de "romaria", segundo informou um dos advogados de Luiz Dondo Gonçalves, ex-contador do grupo de João Arcanjo Ribeiro.

Mais do que ninguém, Arcanjo sabe como e quem "captava" dinheiro em suas factorings mediante um esquema que envolvia repasses extra-duodécimo e órgãos públicos. O outro que sabe muito é Nilson Roberto Teixeira, que decidiu ficar calado diante seu direito constitucional. Com Nilson mudo, restará a Arcanjo a missão de falar ou não falar o que sabe sobre os empréstimos feitos a políticos.

Já antecipou que de fato emprestava dinheiro para políticos, mas, tergiversando, afirmou que nunca se preocupava com o destino da grana emprestada. Outra coisa era certa: ele recebia tudo de volta com o devido pagamento de juros. Calote de político era inaceitável no grupo criminoso comandado por Arcanjo, que mandava e desmandava em órgãos públicos, poderes e instituições desde o governo Júlio Campos e que ganhou mais fôlego na gestão de Dante de Oliveira.

Os repasses extra-duodécimo para a Assembléia Legislativa fizeram a festa de muitos políticos e era autorizados pelo então governador Dante de Oliveira e pelo secretário de Fazenda, Valter Albano, atualmente conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE).

Mas se Arcanjo quiser mesmo contar tudo o que sabe, muita gente graúda vai ficar pequena de tanta promiscuidade com a qual se relacionavam com o crime organizado. Para muitos, Arcanjo está blefando e ao anunciar que vai contar o que sabe sobre as transações com os políticos no depoimento marcado para o dia 24 é um sinal claro para quem ainda lhe deve muito dinheiro e hoje o apunhá-la pelas costas.

Jornal Olhar Direto – Mato Grosso - http://www.olhardireto.com.br/news.asp?news=311218&sec=8

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