PFL SOB SUSPEITA - PF ESTOURA MÁFIA DAS PREFEITURAS EM MG
PFL SOB SUSPEITA - PF ESTOURA MÁFIA DAS PREFEITURAS EM MGPolícia Federal investiga participação de aproximadamente 80 administradores municipais mineiros em esquema de desvio de recursos públicos. Eles podem ser presos nos próximos dias
(Alessandra Mello/Estado de Minas)
(Luiz Ribeiro/Estado de Minas)
Cerca de 80 prefeitos e ex-prefeitos de Minas Gerais estão na mira da Polícia Federal e podem ser presos nos próximos dias por fraude em licitação e desvio de recursos públicos. A operação começou na terça-feira com a prisão em flagrante de Josemar Soares Lima (PFL), ex-prefeito de Varzelândia, município do Norte de Minas, com cerca de 20 mil habitantes. Ele é acusado de comandar uma organização criminosa, responsável pelo desvio de recursos públicos federais, por meio de licitações fraudulentas e uso de notas frias, fornecidas por empresas fantasmas. A operação, denominada “Vidas Secas”, foi comandada pelo delegado da PF em Montes Claros, Marcelo Eduardo Freitas.
Também foram presos o atual secretário municipal de Saúde do município, Hertz Ramon Gomes, que era secretário na gestão de Josemar, e os empresários Jalmir de Jesus Ferreira da Silva e Cláudio Soares Silva.
Josemar é suspeito de desviar cerca de R$ 6 milhões de reais de recursos federais destinados à prefeitura por meio de convênios celebrados com a União. As empresas que participavam das fraudes em Varzelândia também forneciam notas para outras cidades da região. Outros esquemas parecidos com o de Varzelândia, mas que atuam em outras regiões do estado, também deverão ser desmontados pela PF nos próximos dias. A estimativa é de que as fraudes em todo o estado podem chegar a R$ 10 milhões.
Para o delegado, a operação é um “fato histórico” no combate à corrupção, que impede a chegada de verbas públicas a lugares pobres como Varzelândia. “Pela primeira vez na história estão ocorrendo prisões de pessoas influentes no interior de Minas por causa do desvio ou apropriação de recursos públicos. Foram apenas os primeiros passos para coibir esse tipo de crime em Minas”, anunciou o delegado, que promete novas prisões para os próximos dias.
A operação da PF foi batizada “Vidas Secas” em homenagem ao livro de Graciliano Ramos, publicado em 1938, e que relata a realidade brasileira da época: injustiça social, miséria, fome, desigualdade e seca. “Agravada na atualidade, em especial, no Norte de Minas, pelos desvios e apropriações de recursos públicos”, afirma o delegado. Segundo Marcelo Freitas, “a Polícia Federal comprovou” que a organização montada em Varzelândia desviou cerca de R$ 500 mil de verbas da União em apenas quatro convênios.
Sigilo
Os nomes dos ex-prefeitos e de atuais prefeitos que deverão ser presos nos próximos dias estão sendo mantidos em sigilo pela PF para evitar fugas. Mas cópia dos procedimentos envolvendo prefeitos e ex-prefeitos já foram enviados pelo Ministério Público Estadual à PF. Muitos dos suspeitos na mira da PF já foram denunciados ou estão sendo investigados pela Procuradoria Especializada em Crimes de Prefeitos Municipais, por causa de fraude em licitação e desvio de recursos municipais e estaduais. Como a maioria das verbas desviadas é federal, a Procuradoria denuncia os suspeitos pelo crime de fraude em licitação e encaminha os procedimentos envolvendo verbas federais para o Ministério Público Federal e para a Polícia Federal.
A maioria das verbas federais desviadas advém de convênios firmados com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), ministérios da Educação, da Saúde e com o antigo Ministério de Assistência Social. A estimativa é de que as fraudes envolvam cerca de 100 empresas fantasmas que atuam nos diversos esquemas de fraude e desvio de recursos públicos espalhados pelo interior do estado. O procurador que investiga as fraudes do ex-prefeito de Varzelândia, Evandro Senra, disse que Josemar “montou um verdadeiro esquema de rapinagem de dinheiro público”. O acusado já foi denunciado sete vezes pelo Ministério Público Estadual, a primeira vez em 2001.
Jornal O Estado de Minas: http://www.uai.com.br/uai/noticias/agora/politica/231074.html
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